Os relatos de perda de memória e atenção durante e após o tratamento são comuns entre as mulheres com câncer (CA) de mama. Este evento é conhecido como Comprometimento Cognitivo Relacionado ao Câncer (CCRC) e acomete, principalmente, as pacientes durante a quimioterapia. Os possíveis mecanismos que levam a este prejuízo cognitivo estão relacionados à capacidade dos agentes quimioterápicos em atravessar a barreira hematoencefálica, danos ao DNA, reparo neural e alteração nos níveis de neurotransmissores, citosinas, estrógeno e testosterona.
Entre as funções cognitivas mais suscetíveis estão a executiva e a memória funcional - processos mentais que controlam e regulam ações direcionadas a capacidade de armazenar, traduzir e aplicar informações temporariamente. Por efeito, pacientes com CA de mama queixam-se de déficit de atenção, dificuldade de retornar ao trabalho e de cumprimento dos papéis sociais, angustia e perdas da autoconfiança e da qualidade de vida.
Comprovadamente, a realização regular e sistemática de exercícios físicos, preferencialmente os aeróbicos, promove redução no declínio cognitivo relacionado à idade em idosos. Novos estudos estão agora ampliando estes achados para o CA de mama: o mais recente durou oito anos e avaliou o nível de atividade física e o relacionou com a fadiga e desempenho cognitivo em 299 mulheres diagnosticadas com CA de mama (estágios de 0 a IV). Seu resultado evidenciou que as pacientes com os níveis mais altos de atividade física diária foram as que sofreram com menor fadiga e obtiveram melhores desempenhos nos testes de função executiva e memória.
Estes achados nos mostram que a fadiga parece ser um mecanismo potencializador do CCRC e que, ao reduzi-la, os sintomas de perda de memória e atenção também diminuem. Dado que o exercício físico é, legitimamente, a intervenção terapêutica mais relevante na redução da fadiga relacionada ao CA, fica clara a necessidade de expor as pacientes com CA de mama a uma rotina de exercícios diários para a melhora do CCRC.
Considerando a qualidade (tempo de duração, número de pacientes avaliadas e diversidade dos estágios da doença) deste estudo, seus resultados tornam-se extremamente relevantes e conclusivos: pacientes com CA de mama que treinam podem reduzir dois sintomas importantes (fadiga e comprometimento cognitivo).
Novamente, um estilo de vida mais saudável associa-se a melhoras significativas nos efeitos colaterais do tratamento, resultando em melhor qualidade de vida para a paciente com CA de mama.
Estamos no mês da conscientização sobre a prevenção e tratamento do CA de mama. Mulheres, vocês estão esperando o quê para começar a se exercitar?
Referência do estudo citado:
Até a próxima...
Rodrigo Ferraz
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