O que é um segundo câncer?

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  • Equipe Oncoguia
  • - Data de cadastro: 06/09/2015 - Data de atualização: 14/04/2020

Os avanços na detecção precoce e tratamento do câncer significam que mais e mais pessoas estão sobrevivendo à doença. Alguns pacientes podem ficar livres da doença pelo resto da vida após o término do tratamento, mas outros podem ser afetados por outros problemas de saúde não relacionados ao câncer e aos efeitos colaterais do tratamento.

Muitas vezes, a maior preocupação de um paciente com câncer é enfrentar a doença novamente. É importante que todos que tiveram a doença saibam que é possível ter um outro (novo) câncer, mesmo após ter se curado do primeiro, isso é denominado de segundo câncer.

Um segundo câncer é um novo tipo de câncer que não está relacionado com o primeiro diagnóstico. É um tipo completamente diferente de câncer.

  • Às vezes, o novo câncer pode se desenvolver no mesmo órgão ou na mesma área do corpo que o primeiro. Por exemplo, um paciente tratado para câncer colorretal pode ter outro tipo de câncer colorretal, como um segundo câncer.
  • Ou, um segundo câncer pode se desenvolver em outro órgão ou tecido. Um segundo câncer é diferente de uma recidiva da doença.

Como o câncer leva alguns anos para se desenvolver, segundos (novos) tipos de neoplasias foram estudados com mais precisão em pacientes que realizaram tratamentos mais longos. É por isso que hoje se tem mais informações sobre determinados tipos de segundos cânceres do que outros.

Nem sempre está claro o que causa um segundo (novo tipo) câncer ou quem tem um risco aumentado. Alguns tipos parecem ser provocados pelos mesmos fatores que causaram o primeiro câncer. Mas sabe-se que o risco é maior em pessoas com certos tipos de câncer que receberam determinados tipos de tratamento ou que têm uma síndrome de câncer familiar. Para outras pessoas, o risco de um segundo câncer pode ser menor ou simplesmente é desconhecido.

Os fatores de risco para um segundo câncer incluem alguns dos mesmos fatores causadores do primeiro tipo de câncer, como estilo de vida, consumo de produtos de tabaco, histórico e genética familiar, excesso de peso ou obesidade, consumo excessivo de álcool ou falta de acompanhamento ou reestadiamento da doença após o primeiro câncer.

A idade com que se teve o primeiro câncer também é importante. Por exemplo, os pacientes que tiveram câncer na infância podem desenvolver um segundo tipo de câncer devido a algum efeito colateral do tratamento ou devido a problemas hereditários ou genéticos. E, como esse risco geralmente aumenta com a idade, um novo tipo de câncer não relacionado com o primeiro pode se desenvolver na vida adulta.

Às vezes, são necessárias recomendações e monitoramento específicos quanto ao estilo de vida de um paciente caso ele apresente determinados problemas de saúde que não forem associados ao câncer e que podem afetá-lo após o tratamento. Também podem existir diretrizes específicas para o rastreamento do câncer baseadas no nível de risco de uma pessoa ou se ela tiver uma síndrome familiar que causa propensão ao câncer. Mas, em geral, as mesmas diretrizes de rastreamento do câncer devem ser seguidas para as pessoas que não tiveram câncer.

Risco de desenvolver um segundo câncer relacionado ao tratamento

Não é possível prever quem poderá desenvolver um segundo câncer, mas, às vezes, o tratamento oncológico pode aumentar o risco de um paciente ter um segundo câncer. Conforme novos tratamentos surgem e os tratamentos padrão continuam sendo utilizados, os estudos continuam avaliando como a genética e os diferentes tratamentos contra o câncer interagem, bem como as ligações entre as diferentes opções terapêuticas, hábitos de vida e os agentes causadores de câncer conhecidos.

          Radioterapia

Há muitos anos, a radioterapia foi reconhecida como uma causa potencial de câncer. Na verdade, muito do que se sabe sobre os possíveis efeitos colaterais da radioterapia é devido aos estudos realizados nos sobreviventes das explosões das bombas atômicas no Japão. Os pesquisadores também aprenderam muito com os trabalhadores ocupacionalmente expostos às radiações e com os pacientes tratados com radioterapia.

          Leucemia e síndrome mielodisplásica

A maioria dos tipos de leucemia, incluindo a leucemia mieloide aguda (LMA), a leucemia mieloide crônica (LMC) e a leucemia linfoide aguda (LLA), pode ser devido à exposição às radiações. A síndrome mielodisplásica, um tipo de câncer da medula óssea que pode se transformar em leucemia aguda, também está associada a essa exposição. O risco dessas doenças após o tratamento radioterápico depende de uma série de fatores, por exemplo:

  • Quanto da medula óssea foi exposta às radiações.
  • Dose de radiação que atingiu a medula óssea.
  • Taxa da dose de radiação (dose de radiação, tempo de irradiação e número de frações).

Na maioria das vezes, esses tipos de câncer se desenvolvem vários anos após o tratamento radioterápico. Por isso, a chance de desenvolver um novo câncer declina lentamente ao longo do tempo.

          Tumores sólidos

Também existe o risco de outros tipos de câncer, que são principalmente tumores sólidos, após a radioterapia. A maioria desses cânceres se desenvolve 10 anos ou mais após a realização do tratamento. O efeito da radioterapia sobre o risco de desenvolver um câncer de tumor sólido depende de alguns fatores:

  • Idade do paciente. A idade na época da radioterapia também afeta o risco de tumores sólidos. Por exemplo, o risco de desenvolver câncer de mama após a radioterapia é maior nas pacientes que foram tratadas quando jovens em comparação com aquelas que fizeram o tratamento radioterápico mais velhas. A chance de desenvolver câncer de mama após a radioterapia parece ser maior naquelas mulheres expostas quando crianças. O risco diminui à medida que a idade aumenta, com menor risco de câncer de mama entre as mulheres que receberam radioterapia após os 40 anos. A idade no momento do tratamento radioterápico tem um efeito similar sobre o desenvolvimento de outros tumores sólidos, incluindo o câncer de pulmão, câncer de tireoide, sarcoma ósseo e cânceres gastrointestinais ou relacionados (estômago, fígado, colorretal e pâncreas).
  • Dose de radiação. Em geral, o risco do desenvolvimento de tumores sólidos após a radioterapia aumenta com a elevação da dose de radiação. Alguns tipos de câncer necessitam de uma dose de radiação maior.
  • Área tratada. Também é importante, uma vez que esses tumores tendem a se desenvolver próximos ou na área alvo da radioterapia. Certos órgãos, como a mama e a glândula tireoide, parecem ser mais propensas a desenvolverem cânceres após a radioterapia do que outros.

          Quimioterapia

Alguns medicamentos quimioterápicos têm sido associados com diferentes tipos de segundos cânceres. Os mais frequentemente associados são a síndrome mielodisplásica e a leucemia mieloide aguda. Às vezes, a síndrome mielodisplásica ocorre primeiro, em seguida, se transforma em leucemia mieloide aguda. A leucemia linfoide aguda também tem sido associada à quimioterapia. A químio é um fator de risco maior do que a radioterapia para a leucemia.

O risco aumenta com o uso de altas doses de quimioterápicos, maior tempo de tratamento e uma alta dose em curto período de tempo. Os agentes quimioterápicos que apresentam um risco aumentado para o segundo câncer incluem:

  • Agentes alquilantes (mecloretamina, clorambucil, ciclofosfamida, melfalano, lomustina, carmustina e busulfan).
  • Medicamentos à base de platina (cisplatina, carboplatina).
  • Inibidores da antraciclina topoisomerase II (etoposídeo ou VP-16, teniposideo, mitoxantrona).

          Medicamentos usados na terapia-alvo

Alguns medicamentos utilizados no tratamento do câncer são denominados terapia-alvo, porque são projetados para combater o câncer visando determinados genes ou proteínas. Como as terapias-alvo são mais recentes, ainda não se sabe muito sobre o risco de ter um segundo câncer. Entretanto, será conhecido conforme mais pacientes receberem esses tipos de medicamentos e forem monitorados ao longo de suas vidas quanto a futuros problemas de saúde e segundo câncer.

Vemurafenib e dabrafenib são medicamentos que têm como alvo a proteína BRAF. Eles são utilizados ​​para tratar o melanoma e estão em estudo para uso em outros tipos de câncer. Os pacientes que tomam esses medicamentos têm um risco aumentado de câncer de pele do tipo espinocelular.

Risco de desenvolver um segundo câncer relacionado ao estilo de vida e meio ambiente

Embora não seja possível prever quem poderá desenvolver um segundo câncer, certos comportamentos ou hábitos e estilos de vida podem aumentar o risco de uma pessoa ter um segundo câncer. Estudos continuam analisando possíveis associações entre genética, hábitos de vida e agentes causadores de câncer conhecidos.

Para alguns tipos de câncer, não está claro se o estilo de vida desempenha um papel no seu desenvolvimento. Para outros, o câncer está relacionado a fatores de risco considerados modificáveis ou que podem ser potencialmente alterados para diminuir o risco de câncer. Mais de 40% dos casos de câncer são atribuídos a fatores de risco potencialmente modificáveis, que incluem:

  • Tabagismo.
  • Excesso de peso corporal e obesidade.
  • Alcoolismo.
  • Falta de atividade física.
  • Nutrição deficiente.
  • Exposição solar ou aos raios ultravioleta (UV) em excesso.
  • Infecção pelo HPV (papilomavírus humano).

A exposição a alguns agentes cancerígenos ocupacionais (radônio, amianto, fumo passivo) ou ambientais também podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver câncer.

Às vezes, o desenvolvimento de um segundo câncer está relacionado ao mesmo hábito e estilo de vida que o primeiro tipo de câncer. Por exemplo, o tabagismo está associado a um risco aumentado de câncer de bexiga. Pessoas que tiveram câncer de bexiga têm um risco aumentado para outros tipos de câncer relacionados ao tabagismo, como câncer de pulmão, câncer de boca e orofaringe, câncer de laringe e hipofaringe, câncer de esôfago, câncer de pâncreas, câncer de colo do útero, câncer de rim, câncer de bexiga, câncer de estômago, câncer de colorretal, câncer de fígado e leucemia mieloide.

Risco de desenvolver um segundo câncer relacionado à genética e ao histórico familiar

Não é possível prever quem pode desenvolver um segundo câncer, mas determinadas alterações genéticas ou síndromes hereditárias podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver um segundo câncer. No entanto, a maioria dos cânceres não está claramente associada aos genes herdados de um dos pais. Estudos continuam analisando as ligações entre genética, hábitos de vida e agentes causadores de câncer conhecidos.

As síndromes hereditárias são causadas por alterações genéticas anormais (variantes ou mutações) que geralmente são herdadas de um dos pais. Essas síndromes podem estar relacionadas a um risco aumentado de um ou mais tipos de câncer. Por exemplo, mulheres com síndrome hereditária do câncer de mama e ovário (HBOC), que são causadas com mais frequência por mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, têm um alto risco de câncer de mama, ovário entre outros. Outro exemplo é a síndrome do câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC), também conhecida como síndrome de Lynch, que está associada a um risco aumentado de câncer de colo do útero, câncer de endométrio, câncer de ovário, câncer de bexiga, câncer de estômago, câncer de pâncreas e outros.

O aconselhamento genético pode ser útil e indicado para pessoas que têm uma síndrome de câncer familiar ou um risco aumentado para um tipo de câncer devido ao histórico familiar.

Um tipo de teste genético é um estudo farmacogenético, que pode ser usado para determinados tipos de variações genéticas. Esse teste analisa como essas variações podem afetar a forma como elas reagem ao tratamento.

Converse com seu médico sobre se o teste genético é indicado para o seu caso específico, bem como os prós e contras de fazê-lo.

Diminuindo o risco de contrair um segundo câncer

Embora não seja possível prever quem possa ter um segundo câncer, é muito importante que os pacientes que já tiveram câncer entendam quais são seus riscos para o desenvolvimento de outro tumor. Se você já teve câncer, converse com seu médico e faça o acompanhamento clínico. Pergunte se existe algo que você possa fazer para diminuir seu risco, ou se existem exames de rastreamento que você possa realizar para diagnosticar a doença precocemente.

          Importância do acompanhamento

Se você tiver concluído o tratamento, mantenha suas consultas regulares de acompanhamento e reestadiamento. Comunique imediatamente ao seu médico qualquer sintoma ou problemas que surgirem, porque podem ser causados por uma recidiva ou por um novo tipo de câncer.

          Rastreamento

Para monitorar um segundo câncer, um paciente que já teve câncer pode ter diretrizes especiais de rastreamento com base no seu nível de risco ou se tiver uma síndrome familiar. Mas, em geral, esses pacientes devem seguir as recomendações para o diagnóstico precoce.

          Hábitos saudáveis

Para manter um bom estado geral de saúde, os pacientes que já tiveram câncer também devem:

  • Conhecer seu histórico familiar e riscos clínicos.
  • Fazer acompanhamento médico regular e rastreamento para o câncer.
  • Não fumar.
  • Manter um peso saudável.
  • Adotar um estilo de vida fisicamente ativo.
  • Ter uma dieta saudável, com ênfase em alimentos de origem vegetal.
  • Limitar o consumo de álcool.

Essas ações também podem ajudar a reduzir o risco de alguns tipos de câncer.

Para mais informações sobre o risco de um segundo câncer após o tratamento de um tipo específico de câncer, consulte nosso conteúdo sobre Tipos de Câncer.

Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 01/02/2020, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.




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