[REPORTAGEM] Municípios brasileiros vacinam meninas contra o HPV

A vacina contra o HPV (Papiloma-vírus humano) pode estar próxima de ser incorporada no Sistema Único de Saúde, disse a diretora da CONITEC, Clarisse Petramale, na última edição do Fórum de Discussão de Políticas de Saúde em Oncologia, realizado em São Paulo, no dia 25 de junho. 

A inclusão da vacina no calendário nacional de vacinação é uma urgência em oncologia. Alguns dos subtipos do vírus (existem mais de 100) são responsáveis por cerca de 90% dos casos de câncer de colo de útero e, segundo estimativas do INCA, a cada ano 18 mil mulheres são atingidas pela doença e metade delas morrem em decorrência do tumor. 

Além da estreita relação entre o vírus transmitido por relações sexuais e a neoplasia de colo de útero, o HPV também está associado ao câncer de ânus, pênis, garganta e boca.

Apesar de não haver pesquisa publicada sobre o número de casos de HPV no Brasil, estima-se que a doença já afetou (ou afetará) 75% da população sexualmente ativa do país. Somente no Estado de São Paulo, dos 56.803 casos de DSTs notificados entre janeiro de 2007 e junho de 2009, um em cada três registros estava relacionado ao HPV (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo). 

Iniciativas locais

A grande incidência de casos de Papiloma-vírus humano e, consequentemente, de câncer de colo de útero levou algumas cidades brasileiras a criarem programas municipais de vacinação contra o HPV, a fim de imunizar meninas anteriormente ao início da prática sexual. Araraquara (SP), Barretos (SP), Itu (SP), Catalão (GO), Campos de Goytacazes (RJ) e São Francisco do Conde (BA), são alguns dos exemplos. 

Com iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde, em parceria com os departamentos de DST/AIDS e Vigilância Epidemiológica do município, Araraquara incluiu a vacina bivalente (HPV-16 e HPV- 18) em 2011, para imunizar meninas nascidas em 2001 e 2002. 

No ano passado foram vacinadas as meninas nascidas em 2001 e neste ano, o alvo são aquelas nascidas em 2002. A enfermeira do setor de imunização da Vigilância Epidemiológica do município, Mariana Câmara, conta que das 1700 meninas nascidas em 2001, 1100 foram vacinadas. "O restante das vacinas foi aplicada em meninas com até 26 anos, por ordem de chegada às unidades de saúde”. Neste ano já foram investidos R$252 mil no programa, relativos às duas primeiras doses da vacina. "E ainda falta aplicarmos a terceira dose”. 

Em Itu, cidade localizada a 100 km de São Paulo, a Campanha de Vacinação Pública contra o HPV oncogênico foi instituída a partir de uma Lei Municipal (n° 1244), há dois anos. De autoria do executivo, a lei preconiza a vacinação de meninas que, presumidamente, não iniciaram a vida sexual. Já foram vacinadas as nascidas em 1999 e 2000 e, a cada ano, um novo grupo é imunizado. Segundo o prefeito de Itu, Herculano Passos, ações de prevenção a doenças marcam a atual administração do município. "A preocupação do governo é com prevenção. Garantia de que, no futuro, outras meninas serão imunizadas contra o HPV. É luta ituana contra o câncer de cólo de útero”, diz. Em 2010, 77% do público alvo da campanha foi imunizado e em 2011 a porcentagem de adesão saltou para 87,5%. 

Mobilização

Com 85 mil habitantes, a cidade de Catalão (GO) é a única no centro oeste brasileiro a oferecer vacina contra o HPV. Em andamento desde o ano passado, o programa de vacinação foi criado por iniciativa do ginecologista Roberto Marot, diretor do Hospital Materno Infantil de Catalão: "Foi por pura teimosia minha!”. 

Diretor de um programa em andamento desde 1999, que consiste em coleta de citologia com a finalidade de detectar o vírus do HPV e o câncer de colo de útero em mulheres das zonas urbana e rural do município, Marot constatou a estagnação no número de adesões, ano após ano. "Hoje não chega a 20% o número de mulheres em idade de rastreamento que faz os exames de Papanicolaou”. 

Na outra ponta, como diretor do hospital, percebeu um número crescente de casos de adolescentes grávidas e atingidas pelo vírus do HPV. "Com tais dados, iniciei um trabalho de convencimento ao Poder Público e conseguimos implantar o programa. Não é uma lei municipal, mas a mobilização pública em torno da ação foi tão grande, que não creio que algum prefeito poderá encerrá-la”. 

A proposta é vacinar todas as meninas nascidas entre 1998 e 2002. No ano passado foram imunizadas aquelas de 11 e 12 anos e neste ano o foco são as meninas de 10, 13 e 14. "Assim criaremos um cinturão contra o HPV e protegeremos, também, meninos. O custo disso é muito baixo, principalmente se compararmos com aquele aportado no tratamento de uma paciente com câncer de colo de útero”. 
 
Desafio - No primeiro ano do programa em Catalão, a vacina foi aplicada no Hospital, mas a adesão entre a primeira e terceira doses foi decrescente. Assim, neste ano, a Secretaria Municipal de Saúde programou a vacinação nas escolas da cidade. "Agora estamos indo até o nosso público alvo. Enviamos carta aos pais, que autorizam a vacinação feita diretamente nas escolas”. O médico afirma que, neste ano, somente duas famílias não autorizaram. 

Iniciativa estadual 

Rio de Janeiro pode ser tornar o primeiro estado brasileiro a oferecer a vacina contra o HPV. A Lei foi publicada em Diário Oficial no dia 10 de outubro de 2011. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, a Lei está em fase de regulamentação.  

Saiba mais sobre o câncer de colo de útero
Este conteúdo ajudou você?

Avaliação do Portal

1. O conteúdo que acaba de ler esclareceu suas dúvidas?
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
2. De 1 a 5, qual a sua nota para o portal?
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
3. Com a relação a nossa linguagem:
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
4. Como você encontrou o nosso portal?
5. Ter o conteúdo da página com áudio ajudou você?
Esse site é protegido pelo reCAPTCHA e a política de privacidade e os termos de serviço do Google podem ser aplicados.
Multimídia

Acesse a galeria do TV Oncoguia e Biblioteca

Folhetos

Diferentes materiais educativos para download

Doações

Faça você também parte desta batalha

Cadastro

Mantenha-se conectado ao nosso trabalho