
Em 1988, seu pai foi diagnosticado com câncer de próstata. Foi quando a luz amarela acendeu para o engenheiro civil Roberto Gouveia, hoje com 64 anos.
Passou a encarar exames mais frequentes e a monitorar seu estado de saúde. Até que, em 2011, descobriu que também tinha a doença. "Jamais pensei que morreria de câncer de próstata”, diz ele, que está curado.
A seguir, leia trechos da entrevista:
Procuro me prevenir bastante. Sempre me preocupo com as coisas que possam dar errado.
Em 1988, meu pai foi diagnosticado com câncer de próstata e, na época, eu não tinha a menor informação disso. Por sorte, ele descobriu no estágio inicial e fez a cirurgia. Vai fazer 92 anos em fevereiro.
Em uma das visitas, o médico enfiou o dedo na minha cara e disse: "Se cuida porque você é grupo de risco”. Ele me explicou as situações que existem para quem tem antecedentes familiares.
Eu tinha 41 anos na época e aquilo me chamou a atenção. Por isso comecei a me cuidar.
Passei a fazer os exames preventivos. Não tinha 50 anos ainda, comecei a fazer exame completo, com PSA [Prova do Antígeno Prostático, feito pelo sangue] e toque.
Em meados de 2011, fiz biópsia e o resultado apontou carcinoma. O câncer foi detectado muito no começo e pude escolher o tipo de tratamento: cirurgia aberta, videolaoparoscopia ou radioterapia.
Liguei para o Hospital do Câncer, expliquei minha situação e quis marcar uma consulta. A atendente me perguntou: "Que médico você quer?”. Eu disse: "Vou colocar meu destino nas suas mãos. Me bota na mão de um cara bom”.
Fui no dia seguinte e saí de lá com a cirurgia marcada. Não poderia fazer naquela hora porque eu tinha feito a biópsia e a próstata estava machucada. Operei em 21 de junho de 2011.
A grande preocupação eram as sequelas pós-operatórias. O que pode acontecer? Incontinência? Impotência? Isso é complicado de lidar. Mas chega uma hora que tem que encarar.
Não tive problema de incontinência e impotência. Vi muitos casos de gente que teve que lidou com isso. Mas a doença está instalada. Tem que resolver.
Não me assustou saber que eu era grupo de risco. O medo vem da lembrança que tem alguma coisa que pode dar problema. É como fazer viagem com pneu careca. Tem que ficar atento. Mas eu sempre tive o cuidado de manter a situação sob controle e sem nenhuma angústia.
Tive uma conversa séria com meu filho [Leandro, 31 anos]. "Você também é grupo de risco. Fica esperto. Se o inimigo quiser te pegar, esteja preparado.” Quando ele tiver 35, vou lembrá-lo.
A gente trabalha com plano A, B e C na engenharia. E levo muito disso para a minha vida. O que representa perigo, eu sempre tenho precauções.
Não tenho a menor dúvida de que o cuidado constante me salvou. Tenho uma teoria que vale para qualquer coisa. É muito difícil encarar que você tenha um problema que pode te levar à morte. Tem gente que não vai ao médico. "Vai que ele descobre alguma coisa.” Sou contra o raciocínio, mas entendo. Se puder combater antes, procura combater quando é pequeno.
Para quem está com medo, eu digo: "Para de ser machão e faz o que tem que ser feito”. O exame de próstata é um estigma que o homem tem que perder. Para quem descobriu a doença, as chances de cura são altas. Jamais passou pela minha cabeça que eu morreria com câncer de próstata.
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