A quimioprevenção é a utilização de agentes químicos naturais ou sintéticos, ou seja, medicamentos, na reversão, bloqueio ou prevenção do surgimento do câncer. Embora pouco se fale sobre isso no Brasil, esse é um assunto já bastante debatido na comunidade médica e existem, inclusive, guidelines, diretrizes de utilização publicadas e atualizadas pela American Cancer Society.
Hoje há medicamentos indicados para a diminuição de risco de câncer de mama em mulheres de alto risco para a doença, do risco do câncer colorretal em pacientes com síndrome de Lynch e do risco de câncer de próstata em homens com parente em primeiro grau atingido pela doença. Sobre o último (próstata) ainda não há resultados conclusivos.

O oncologista clínico Ricardo Caponero explica que a bioquimioterapia é subutilizada no Brasil e, até mesmo, nos Estados Unidos. "Lá eles tem muito mais o que se chama de medicina terapêutica que a medicina preventiva".
Aqui no Brasil, ele dá como exemplo o tamoxifeno medicamento para o câncer de mama, que mesmo comprovadamente eficiente na prevenção, não é indicado ou pago pelos sistemas público e privado de saúde.
"O SUS e os planos de saúde fornecem o medicamento para doença metastática, como adjuvância, mas não para prevenção. Aquela paciente de alto risco, que teria indicação como prevenção, não tem a chance de usar o medicamento", aponta.
Dr. Caponero conta que mesmo os oncologistas pouco conversam com seus pacientes sobre a quimioprevenção. "Muito infelizmente os tabus são grandes, embora os estudos tenham mais de 10 anos. A quimioprevenção é absolutamente negligenciada", finaliza.