[MATÉRIA] Pesquisa Clínica brasileira sairá da UTI?

Nesta e em outras edições do Fórum Oncoguia, pesquisadores e médicos levaram ao público dados apontando que a Pesquisa Clínica no Brasil há anos mantêm-se em situação crítica.

Quando se colocam as 'cartas na mesa' e se comparam os números daqui e outros países, inclusive da América Latina, é possível perceber que estamos muito aquém, que estamos apáticos frente a um instrumento extremamente eficaz para o enfrentamento do câncer.

A Pesquisa Clínica é um mecanismo poderoso para melhorar resultados na área da oncologia. Como lembra o coordenador da Latin American Cooperative Oncology Group (LACOG), Dr. Carlos Barrios, todos os envolvidos saem ganhando.

"Ganha o paciente, o investigador, a companhia que desenvolve o medicamento. Ganha o país. Pesquisa clínica é uma forma simples de enfrentar o câncer de forma imediata. E temos mecanismos para isso e regras claras de proteção aos pacientes", afirma.

Porém, infelizmente, perdemos oportunidades.

O que se vê são centros de pesquisa reduzindo números de funcionários, pesquisadores desestimulados, estudos sendo cancelados em nosso território e milhares de pacientes que poderiam receber tratamentos de ponta anos e anos antes de estiverem disponíveis no Brasil, perdendo a chance valiosa.

A razão do "processo terminal" da Pesquisa Clínica no Brasil, como disseram os pesquisadores presentes, são os métodos extremamente burocráticos para aprovação dos protocolos, tanto pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), quando dos Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs).

A Presidente da Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa Clínica, Dra. Greyce Lousana, diz que além de demora da aprovação dos protocolos, o grande problema é que estamos nas "mãos da ANVISA".

"Os pesquisadores estão com seus projetos parados na ANVISA. A Agência é um caos. Arrancou o foco das pesquisas da ciência e colocou na importação e exportação. Isso é um absurdo", reclama.

O Brasil no mundo

Para ter uma ideia, segundo dados do Clinical Trials (registro de ensaios clínicos), o Brasil detém apenas 2% dos 160 mil novos estudos em andamento hoje em 180 países. Dentre os 41.757 relativos à oncologia, 1,7% (aproximadamente 700) estão em andamento no país.

"Isso sem contar que 90% das pesquisas que participamos vêm de fora. Não que haja grandes males nisso. Mas precisamos gerar pesquisas que foquem nossos próprios problemas", reclama Dr. Barrios.

O pesquisador explica que o Brasil tem um espaço inimaginável para crescer, mostrando que enquanto nos Estados Unidos existem 82 centros de pesquisa para cada milhão de habitantes, na América Latina há apenas dois para o mesmo número de pessoas.

"Porém infelizmente temos todos os desafios. Além da burocracia, que faz nosso tempo regulatório ser de 12 a 14 meses - enquanto o do Canadá é apenas três - não temos investimentos públicos e nossos investigadores não dedicam 100% de seu tempo à pesquisa", complementa.

Sobre os números do Brasil, o vice-presidente da Aliança Pesquisa Clínica Brasil (APCB), Vitor Harada, é ainda mais enfático.  

"Os números são ainda piores do que os mostrados no Clinical Trials, já que muitos estudos que aparecem lá são antigos e outros foram cancelados", explica.

Outro lado

Há 7 meses a CONEP conta com uma nova gestão. A Comissão é agora coordenada pelo Dr. Jorge Venâncio, que participou da mesa de debates e esclareceu as primeiras medidas tomadas por sua equipe para otimizar o tempo de aprovação de protocolos.

Dr. Venâncio contou que no mês de setembro de 2013 haviam 830 projetos "na fila” para análise e que em janeiro de 2014 o número caiu para 430.

"Tivemos uma redução de praticamente 50% dos projetos na fila. O ideal é que possamos avaliar em média 100 por mês", diz.

Ele explica que cada protocolo é avaliado atualmente em 2 meses, já que a checagem documental é muito grande. Mas, para reduzir o prazo, conta que foram contratados 10 novos profissionais.

O pesquisador espera que, com a nova equipe, não se levará mais de 15 a 20 minutos para analisar cada protocolo.

"Acreditamos que até março chegaremos até 280 protocolos em estoque, que é o máximo que devemos ter. No segundo semestre do ano passado a apreciação aumentou em 50% - acredito que estamos conseguindo enfrentar esse desafio", finaliza.

Confira a entrevista com o Dr. Jorge Venâncio sobre as principais mudanças na CONEP.
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