[ENTREVISTA] Maria Júlia Kovács fala sobre a Ortotanásia

O Instituto Oncoguia conversou com a psicóloga Maria Júlia Kováscs sobre Ortoranásia.

Instituto Oncoguia - Eutanásia, ortotanásia e distanásia: - Do que estamos falando?

Maria Kováscs - Eutanásia significa nos dias de hoje um apressamento da morte num procedimento ativo.

Distanásia significa prolongamento do processo do morrer, muitas vezes com sofrimento desnecessário. Neste caso, entra a idéia da ortotanásia, como morte no momento certo, o que poderia dizer um processo natural o que muitas vezes não ocorre nos dias de hoje em função da alta tecnologia.
 
Instituto Oncoguia - Qual foi a resolução tomada pelo Conselho Federal de Medicina e por que ela é importante?

Maria Kováscs - A resolução significa não é anti-ético desligar aparelhos ou realizar certas medidas extraordinárias ou invasivas em caso de doença em estágio terminal, irreversível e sem possibilidade de melhora.
 
A  importância é que ajuda os médicos a tomarem certas ações sem temor de processo ou mau julgamento. Estas medidas só poderão ser tomadas com autorização do paciente e família.
 
Instituto Oncoguia - Existe um conceito para paciente terminal?
 
Maria Kováscs - Hoje se tem evitado falar de paciente terminal por ser um conceito com contornos vagos. Pode se falar em paciente gravemente enfermo, ou paciente com doença grave, irreversível. Desloca-se o conceito para a doença e não para a pessoa.
 
Instituto Oncoguia - Essa resolução é definitiva? Já pode ser aplicada?

Maria Kováscs - A resolução foi aprovada pelo CFM. Tenho dúvida quanto tempo leva para que seja de fato validada pelos membros. De qualquer forma o desligamento de aparelhos em caso de irreversibilidade do quadro, e de sofrimento adicional já é realizada em consenso com os paciente e damiliares. Acho que ela vai atingir mais aqueles profissionais que tenham dúvida sobre se devem ou não interromper procedimentos fúteis e invasivos quando não promovem melhora ou qualidade de vida.
 
Instituto Oncoguia - Pela resolução, com a autorização da família e ou do paciente, o médico pode desligar aparelhos ou deixar de realizar procedimentos evasivos. A família está preparada para tomar essa decisão? E o paciente?

Maria Kováscs - Na verdade embora saibamos que a morte vai ocorrer ás vezes nos sentimos despreparados para ela. O que se propõe quando há o diagnóstico de uma doença grave e principalmente quando há o agravamento do quadro que os pacientes e familiares sejam esclarecidos e que possam participar das decisões referentes ao tratamento. Se esta comunicação existir desde o início da trajetória da doença será mais fácil no final. Se o contato for somente nas etapas finais a comunicação é também essencial, com esclarecimentos e decisões conjuntas há maiores possibilidades de se ter segurança e conforto nestes momentos difíceis.
 
Na verdade, tudo isso nos remete a uma etapa da vida da qual ninguém gosta muito de pensar, não é? É difícil pensar na própria morte, na morte de alguém querido. Como podemos nos preparar, se é que isso é possível? Afinal, podemos ter que opinar, decidir conjuntamente com o médico diante de uma situação de final de vida.
 
Na verdade é importante poder falar da morte nas várias etapas da vida não só na doença. O que ajuda é falar sobre o assunto, ter a possibilidade de esclarecimento, de compartilhamento de sentimentos. Poder falar como gostaria que fosse o processo da morte, e principalmente o que não gostaria que acontecesse. Claro que não é um assunto fácilL, mas é importante que possa ocorrer principalmente nas crises da vida e a aproximação da morte é uma delas.
 
Instituto Oncoguia - Existe algum filme que você pode nos indicar sobre ortotanásia?
 
Maria Kováscs - Invasões Bárbaras de Dennis Arcand.
 
Maria Julia Kovács, Psicóloga. Professora Livre-Docente do Instituto de Psicologia da USP. Coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte. Autora dos livros: Morte e Desenvolvimento Humano, Educação para a Morte: Temas e reflexões e Educação para a Morte: Desafio na Formação de Profissionais de Saúde e Educação. Coordenadora do Projeto Falando de Morte.
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