Câncer no cérebro geralmente começa no pulmão ou nas mamas

O câncer de cérebro voltou à pauta da opinião pública recentemente após o triste anúncio de morte da jornalista Glória Maria, que faleceu em decorrência de um câncer pulmonar que evoluiu com metástases no cérebro. Um tipo de complicação que, geralmente, está associado a tumores sólidos, como o próprio câncer de pulmão e também de mama.

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), o câncer de cérebro é considerado o décimo mais comum do país, quando excluídos os cânceres de pele. Os estudos também avaliam que cerca de 4% das mortes por câncer no Brasil são de pacientes com tumor no cérebro e que, de todos os casos de metástase no país, 25% são de tumores com origem em outras partes do corpo, que se espalham para a região cerebral.

O tumor cerebral pode ser classificado em primário, quando tem origem nas próprias células cerebrais; e secundário, quando surge de metástases de células tumorais originárias de outros órgãos. Dentre os tumores primários que mais evoluem com metástases para o sistema nervoso central em adultos, estão: carcinoma broncogênico (principalmente o carcinoma de pequenas células e o adenocarcinoma), o câncer de mama, o carcinoma renal, o melanoma e as neoplasias malignas do trato gastrointestinal.

A maioria das metástases cerebrais ocorre por disseminação hematogênica - quando as células tumorais são levadas pelo sangue para outros lugares do corpo, distantes do local primário do tumor. Elas atingem, preferencialmente, a região de transição córtico-subcortical, que é uma área bem vascularizada, denominada "zona de fronteira" ou de circulação terminal, o que permite que microêmbolos (aglomerados de células tumorais) se estabeleçam nos capilares distais das artérias superficiais.

Câncer de pulmão e metástases no cérebro

De acordo com o artigo "Lung Cancer Brain Metastases", publicado no The Cancer Journal, o câncer de pulmão é um dos que têm maior incidência de metástases cerebrais (em até 30% dos pacientes). No Brasil, é considerado o terceiro câncer mais comum em homens e o quarto em mulheres - sem contar o câncer de pele não melanoma. Além disso, é o primeiro em mortes por câncer tanto em homens quanto em mulheres (nas mulheres, empata com o de mama), com uma taxa de mortalidade de cerca de 11,7%.

Embora seja "comum" um tumor desse tipo criar uma via de implante no cérebro, não significa que seja fácil. Para se instalar no SNC, as células metastáticas precisam ultrapassar a região hematoencefálica (uma espécie de barreira que trabalha para impedir que substâncias estranhas cheguem ao cérebro). No entanto, quando alcançam essa área, torna-se um indicativo do agravamento do câncer, com um prognóstico que piora em mais de 50%.

Câncer de mama e metástases no cérebro

Depois do câncer pulmonar, o câncer de mama é o segundo maior responsável por metástase cerebral em mulheres. Dados da Pfizer evidenciam que cerca de 30% dos casos de câncer mamário, mesmo detectados no início, se tornam metastáticos.

Estima-se que, por ano, em média 2,3 milhões de casos novos de câncer de mamasão diagnosticados no planeta, o que representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas nas mulheres. Para o Brasil, foram estimados 66.280 casos novos de câncer de mama somente em 2021, com um risco estimado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres.

Tratamento e acompanhamento neurológico

O tratamento de metástases cerebrais depende de uma série de fatores. Tais como: número, localização e tamanho das lesões. Algumas opções terapêuticas são a microcirurgia, radiocirurgia (tratamento com radiação, que queima a lesão), radioterapia do cérebro inteiro (quando há muitas lesões) e associação de tratamentos sistêmicos.

Em pacientes com alta taxa de desenvolvimento de células metastáticas, principalmente no cérebro, a avaliação e acompanhamento neurológico se mostra imprescindível. É importante avaliar os primeiros sinais ou sintomas que um paciente com câncer pode estar desenvolvendo um tumor no cérebro. Problemas de memória, atenção ou perda frequente de raciocínio podem servir como um indicativo de alerta.

Mudanças de comportamento, dificuldades para falar, problemas na função motora, fraqueza no corpo e até mesmo convulsões são outros sintomas mais graves. Porém, o sintoma inicial mais frequente são as constantes dores de cabeça.

*Feres Chaddad é professor e chefe da disciplina de Neurocirurgia da Unifesp e chefe da Neurocirurgia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Fonte: Estadão

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