[CÂNCER DE PRÓSTATA] Eduardo Fares

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Eduardo Fares - Eduardo Fares - farei 68 anos no próximo dia 30/11- Mateus Leme/MG - gosto de viver.
  
Instituto Oncoguia - Qual seu tipo de câncer?

Eduardo Fares - Adenocarcinoma de próstata.
 
Instituto Oncoguia - Como descobriu que estava com câncer?

Eduardo Fares - Já tinha diagnóstico de HBP, com aqueles sintomas específicos, feito quando ainda morava em Belo Horizonte. Ao mudar para o interior, fiquei mais ou menos 3 anos sem fazer o devido acompanhamento. Consultando um primo, clínico, relatei o desconforto da hiperplasia benigna e ele solicitou ultra-som e PSA, que apresentaram alguma anomalia. Pediu, então, biópsia, que constatou o câncer (gleason 3+5 e 3+4). 
  
Instituto Oncoguia - Como ficou quando recebeu o diagnóstico? 

Eduardo Fares - Tenho participado, nos últimos 2 anos, do novembro azul e ouvido palestras de psicólogas que relatam o ciclo natural nestes casos: negação, revolta, etc. Sinceramente, não passei por este périplo. Quando meu filho mais velho, pegou para mim o resultado em Belo Horizonte e me telefonou, pedi que abrisse o envelope e lesse a conclusão. Neste momento, meu único pensamento foi que deveria começar o mais rápido possível o tratamento.
  
Instituto Oncoguia - Qual foi sua maior preocupação neste momento?

Eduardo Fares - Iniciar logo o tratamento.
 
Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Eduardo Fares - Tive que passar por cintilografia óssea, para avaliar a possibilidade de metástase. Fui submetido à prostatectomia radical. Algum tempo após, vieram as 33 sessões de radioterapia. Em seguida, não muito proximamente, passei a fazer uso da hormonoterapia (Leuprolida 7,5 mg) e recentemente, em face da resistência do tumor, foi agregado o uso de flutamida 250 mg- 3 vezes ao dia.
 
 Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual o tratamento mais difícil? 

Eduardo Fares - Os 15 dias que sucederam a cirurgia foram muito dolorosos. Dela, a cirurgia, herdei impotência (agora agravada com a hormonoterapia) e incontinência urinária (que inibe um pouco o convívio social), mas o pior efeito que me acometeu, fruto da radioterapia, foi a retite actínica.
 
Instituto Oncoguia - Como foi a relação com seu médico?

Eduardo Fares - Com o médico que me operou não foi uma relação muito agradável. Não por causa de sua competência, a qual não ponho em dúvida, mas pela secura no trato e a forma extremamente impositiva de propor o tratamento. Nós, portadores de câncer, talvez sejamos, pela própria natureza da doença, um pouco mais melindrosos que o normal. Por este motivo, quando ele me comunicou, já me passando o pedido de risco cirúrgico, que iria praticar a orquiectomia, me senti no direito de questionar sobre as alternativas menos invasivas. De maneira muito enfática,ele me negou qualquer opção, explicação e diálogo. Não voltei mais lá. O médico atual, com o qual me trato desde 2012, é, além de oncologista competente, uma pessoa gentil, afável e de uma humildade franciscana, no que concerne à disposição para explanar aos pacientes, todo o andamento do tratamento. Posso sentir, a cada consulta, a estima que todos têm por ele. Isto pode ser considerado secundário, mas acredito ser muito benéfico para nós.
 
Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Eduardo Fares - Proctologista, com o qual iniciei recentemente, o tratamento experimental para a proctite (Sucrafilm - 2g/ 10ml - uso retal).
 
Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Eduardo Fares - Não.
 
Instituto Oncoguia - E com nutricionista?

Eduardo Fares - Não.
  
Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Eduardo Fares - Continuo em tratamento.
  
Instituto Oncoguia - Como está sua vida hoje?

Eduardo Fares - Excetuando a retite, que espero irá ceder e a incontinência episódica, levo uma vida absolutamente normal, alegre, familiar e socialmente feliz.
 
Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Eduardo Fares - Sou aposentado e não trabalho atualmente.
 
Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Eduardo Fares - Esta é uma resposta que sempre carregará algum grau de presunção, porque ela parte da minha ótica, da minha visão pessoal e tem a pretensão de abranger outros seres humanos, cada um dotado de sensibilidade própria. De qualquer maneira, eu gostaria de desejar que não perdessem nunca a alegria de viver, porque a tristeza e a desesperança destroem nossa capacidade de reagir. Para aqueles que têm algum tipo de fé, agarrem-se a ela, porque é um lenitivo importante. Para aqueles que sempre tiveram algum tipo de lazer preferencial, não parem por causa da doença (continuem a pescar-jogar baralho-dançar-ler e até praticar um futebolzinho, se derem conta). Por fim, assumam com todas as letras a sua doença, porque varrê-la para baixo do tapete só servirá impedi-los de encará-la de frente e lutar para vencê-la.
  
Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Eduardo Fares - Não só no tratamento do câncer, mas em qualquer circunstância, o conhecimento só agrega capacidades.
  
Instituto Oncoguia - Você buscou se informar? De que maneira?

Eduardo Fares - Primeiro com os profissionais da área (se eles se dispuserem a colaborar). Em segundo lugar, hoje em dia qualquer pessoa pode acessar a internet e, tomando os devidos cuidados com a fonte - porque anda cheio de picaretas inconsequentes - terá muitas informações de entidades e pessoas sérias, revistas especializadas ou semanais,etc.
 
Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?

Eduardo Fares - Alguém do meu círculo de relacionamento, compartilhou uma matéria no Facebook.
 
Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?

Eduardo Fares - Somente parabenizá-los pelo trabalho profícuo e desejar que possam difundi-lo cada vez mais, para que muitas pessoas possam usufruir deste benefício.
 
Instituto Oncoguia - Você sabia que possuímos um trabalho focado na melhoria da situação do Câncer no Brasil? Estamos sempre em contato com políticos e gestores que podem ajudar a melhorar as políticas públicas brasileiras relacionadas  ao câncer. Se você fosse mandar um recado para um político, o que você gostaria que mudasse ou melhorasse considerando tudo o que você passou?

Eduardo Fares - Quase todo meu tratamento tem sido feito pelo SUS, portanto tenho andado por hospitais diversos e testemunhado a penúria em que se encontra nosso sistema de saúde, em geral, não só na área oncológica. Tenho certeza que todos os entrevistados por vocês têm ressaltado várias facetas de sofrimento dos pacientes. Para tentar fugir do óbvio e, talvez abordar uma reivindicação menos cogitada, mas não menos importante, gostaria que considerassem o seguinte quadro: em todos os hospitais por onde passei, os corredores e salas de espera são abarrotadas de pacientes e acompanhantes. Normalmente um grande percentual destas pessoas são oriundas de cidades do interior, adjacentes ou longínquas. 

Algumas saíram durante a madrugada de suas localidades e chegam aos locais de atendimento no início da manhã, e por lá ficam, na maioria dos casos até após o horário de almoço. Eu consigo me considero um privilegiado, comparado com a grande maioria, cujo estado geral é deprimente e se torna, pelas circunstâncias que  agora exponho, degradante.

Imaginem dezenas de pessoas com ânsia de vomito constante, diarreia incontrolável, incontinência, colostomizados, portadores de sondas diversas, traqueostomizados, ficarem reféns de UM BANHEIRO MASCULINO E OUTRO FEMININO, que nem sempre são higienizados com a frequência necessária. É desumano! A doença em si já propicia uma queda brutal da auto-estima, uma sensação de impotência dolorida, NÃO É PRECISO QUE SEJAM, ALÉM DISTO, ESTOCADOS NO QUE LHES RESTA DE DIGNIDADE.
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