
Na quinta feira, dia 04/12/2014 foi realizada audiência pública no Senado sobre as políticas públicas destinadas ao câncer de intestino. A reunião foi proposta pela senadora Ana Amélia (PP-RS) com o objetivo de discutir e dar os argumentos para que se institua a lei do Dia Nacional de Prevenção do Câncer de Intestino.
Estiveram presentes grandes nomes da oncologia, coloproctologia e representante do Ministério da Saúde.
De acordo com os participantes seria fundamental a realização do rastreamento do câncer intestino e lesões precursoras, a criação de campanhas para mudar o comportamento e hábitos de risco da população, como sedentarismo, obesidade, carência na ingestão de fibras e a garantia do tratamento rápido e acessível a todos.
Para a Dra. Marlise Michaelsen, presidente da Associação Gaúcha de Coloproctologia, "os rastreamentos levam ao diagnóstico precoce com taxas de cura de até 90% ou ainda evitam a doença. Nas campanhas de rastreamento, devemos aplicar exames simples e de fácil execução, para que possam ser aplicados em grandes populações [...] o teste de sangue oculto nas fezes é o exame indicado para população em que não tem como oferecer colonoscopia para todas as pessoas de risco moderado”. Ainda na mesma linha, o Secretário-Geral da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, Eduardo Vieira enfatizou a diminuição dos custos dos tratamentos com o diagnóstico do câncer em um estágio precoce e a importância em estabelecer critérios a que os pacientes possam ser submetidos para a solicitação da colonoscopias.
O Diretor do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Paulo Hoff, chamou a atenção para o fato da existência no Brasil de diferenças regionais importantíssimas de incidência dessa doença além das restrições orçamentárias do país. Para a Dra. Angelita Habr-Gama, Presidente da Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino, "esse é um câncer importante para o Ministério agir, porque é um dos cânceres mais frequentes, é o terceiro câncer no Brasil geral, o segundo no sexo masculino e é uma grande causa de mortalidade. É o único câncer prevenível, porque nós conhecemos a lesão que precede, retiramos, através do exame que se chama colonoscopia, e o doente está curado, diferentemente do câncer de mama, do útero e da próstata, em que nós fazemos.”.

Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia destacou a necessidade de "conscientizar a população sobre a doença, seus fatores de risco, sinais e sintomas e combater a obesidade e o sedentarismo, e a questão de a gente promover junto, ao mesmo tempo.”. Além disso, enfatizou a imensa gravidade das filas que os pacientes precisam enfrentar para fechar o diagnóstico e iniciar o tratamento.
No entanto, a Dra. Patrícia Sampaio, representante do Ministério da Saúde, disse não ser possível no momento garantir, com a rapidez necessária, exames de colonoscopia de rastreamento com tanta intensidade sem que haja pacientes com fatores de risco ou sintomas da doença. Segundo ela "não poderia colocar o paciente numa fila e ele só ficar na cabeça que está com câncer. Então, antes disso, precisamos tomar uma série de medidas. Eticamente, só pode haver um programa de rastreamento organizado se forem garantidas outras questões dentro do SUS.” A representante também frisou a importância em ter Estados e Municípios trabalhando em parceria, diminuindo a judicialização da saúde e a concretização de um sistema nacionalmente regionalizado.
Como próximos passos estabelecidos na audiência estão a criação de grupo de trabalho dentro do Comitê de Mobilização Social composto por especialistas de oncologia para priorizar iniciativas e planejar futuras ações, iniciando talvez com a criação de um projeto-piloto regional de rastreamento de câncer de intestino para o levantamento de dados e conhecimento sobre o assunto.