[ARTIGO] Qualquer forma de amor vale a pena

A palavra de ordem é AMOR.

Os namorados procuram agrados para trocar.

Outras pessoas rezam, fazem promessas, vivem uma relação interativa com o Santo para conseguir um namorado (a) para poder trocar agrados com alguém.

Outras ainda procuram trocar de namorado (a), porque os agrados que trocam não são mais agrados reais.

O importante é amar e sentir-se amado (a).

Excluindo a idealização que fazemos em relação a nossa experiência, a Vida Real nos oferece uma diversidade enorme de possibilidades.

Enfim, mesmo existindo um dia específico em homenagem aos enamorados, a vida continua com encantos e desencantos.

O amor pelo outro é visto como um bem de primeiríssima necessidade. Com ele nos sentimos flutuando, vivendo num castelo encantado, exatamente como no mito de Eros, o deus do Amor.

Depois de muitos anos de caminhada, depois de ser protagonista de histórias de amores e desamores que me fizeram viver flores e dores, aprendi, a duras penas, que amar faz muito bem a saúde geral.

Experimentar o amor em toda a sua amplitude.

Amar a si mesmo; aos nossos pais, filhos, irmãos, sobrinhos, cunhados, sogros, família; sentir amor por pessoas desconhecidas através da nossa compaixão; amar os nossos animais e plantas de estimação; amar a Terra e cada um de seus pedacinhos com pessoas tão diferentes de nós, unidas pelos laços comuns da nossa humanidade.

Conversando com uma amiga muito, muito querida, um dos meus muitos amores, refletimos juntas sobre os meandros e as armadilhas da necessidade de amar, e o esforço que precisamos empreender para mantermos nossos pés no dia a dia.

Parece que o Amor deve vir acompanhado de estrelinhas brilhantes; que o nosso poderoso príncipe encantado aparecerá montado num cavalo ágil e esperto que cavalga alguns bons centímetros acima da terra como se voasse; que nossa delicada princesa será nossa grande especialista em cuidados diversos; que nossa felicidade depende exclusivamente do outro e coitado (a) dele (a) se não se ocupar dessa tarefa com afinco; e que como nos contos de fadas nosso encontro dourado será eterno.

Todos nós sabemos que a vida não acontece dessa maneira.

Que amar exige de cada um de nós muitas renúncias, adaptações e acomodações que nos fazem desenvolver uma experiência humana mais ampla; que traz a necessidade premente de abrir mão de questões focadas em cada um de nós para incluir desejos e necessidades do outro. Abrir o coração e a alma para incluir, humanizar.

Nem sempre temos oportunidade de vivenciar o Amor com um (a) companheiro (a), e nos faz falta dividir, compartilhar, pertencer a alguém, ser protegida (o) e proteger, ser tocado (a) e tocar, ser querido (a).

Olhando ao meu redor, percebi que os nossos amores podem ser diversos, e que a música estava certa.

Qualquer forma de amor vale à pena.

Ampliar a nossa experiência amorosa começa quando desenvolvemos nosso amor próprio.

Amar a si mesmo nada tem a ver com egoísmo, e sim com a capacidade de nos ocuparmos das nossas vidas e do compromisso relacional que estabelecemos com pessoas, coisas e situações com grande envolvimento em busca da qualidade de nossa existência.

Nosso processo educacional começa em casa e é assim também em relação ao Amor. Nossas relações afetivas serão as bases para um campo fértil que permita desabrochar as melhores descobertas sobre nossos recursos criativos, muito úteis quando enfrentamos as crises que a vida nos apresenta.

Perceber e compreender que somos semelhantes; que a nossa experiência amorosa nos fornece, através da compaixão, muitos modelos da nossa vivência humana; faz-nos reconhecer que somos um Grande Universo lotado de pessoas que precisam das mesmas coisas de maneiras diferentes.

Procuramos o "Grande Amor”, que muitas vezes tem mais ressonância com dependência afetiva do que realmente com Amor,e que assim muitas vezes nos embaça os olhos, fazendo com que passemos a vida correndo atrás de algo ou alguém especial demais, que quando se transforma em comum, perde toda a graça e então começamos a procurar de novo e de novo e de novo, fazendo com que acumulemos dificuldades e problemas.

Amar nos permite a experiência de pertencer a alguém ou a algum grupo. Se deixarmos as coisas simples da vida nos atingir, aproveitaremos a experiência cotidiana de sermos amados por nossos irmãos, nossos amigos-irmãos, nossos amigos de dores, nossos companheiros de projetos, nossos amáveis-desconhecidos, para construir e experimentar uma relação afetiva, onde uma pessoa toque e movimente a outra para o desenvolvimento da vida.

Crescer.

Alguém que nos anima enquanto enfrentamos o primeiro ciclo de quimioterapia; alguém que sorri para nós ao comprarmos um lenço bonito ou uma peruca interessante enquanto nossos cabelos caem e precisamos encontrar estratégias que nos protejam; alguém que nos acaricie e conforte enquanto enxergamos de frente nosso medo de enfrentar o desconhecido ao adoecer.

Eu espero que o dia dos Namorados se transforme num dia, num mês, num ano e numa vida cheia de amorosidade para todos nós. Que tenhamos muitas fontes de afeto.

Aos meus amores, todos os meus amigos, mais antigos e mais novos, meus parceiros de vida que me aquecem todos os dias, continuo oferecendo meu coração e minha alma.

Para todos nós meu desejo é que possamos descobrir muitos amores nos nossos companheiros, nos nossos amigos, nos nossos desafetos, nos nossos vizinhos, na nossa equipe de cuidados, nos encontros que sempre teremos. Nos encontros velhos que se renovam e nos novos encontros que surgem, e que essa experiência nos transforme constantemente em direção a nossa integralidade, despertando nossas diversas potencialidades curativas.

Regina Liberato
Psico-Oncologista
Coordenadora de Projetos Multiprofissionais do Instituto Oncoguia
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