- Data de cadastro: 15/09/2015 - Data de atualização: 15/09/2015
Dados recentes apresentados por um grupo holandês no Congresso de Radiologia Norte Americano, em dezembro/2009, lançam alguma dúvida sobre a segurança de se oferecer mamografia a mulheres jovens.
Mulheres com alto risco para desenvolver câncer de mama ao longo da vida (considerando alto risco um risco maior que 20%, geralmente devido a herança de uma predisposição genética) têm a recomendação formal de iniciar o rastreamento em idade mais precoce que a população geral (que inicia apenas aos 40 anos de idade). Esta recomendação se baseia em um grande benefício deste rastreamento, que promove um diagnóstico precoce e permite que a maioria destas mulheres seja curada. A Sociedade Americana de Câncer recomenda rastreamento com mamografia e com ressonância nuclear magnética das mamas para estas mulheres de risco elevado de câncer.
O trabalho holandês consiste na análise do risco da própria mamografia causar câncer de mama em populações de mulheres jovens com risco elevado (por predisposição genética). A análise avaliou mulheres submetidas à mamografia de rastreamento desde antes dos 40 anos (algumas até antes dos 20 anos). Os autores mostraram dados sugerindo que quando estas mulheres, abaixo dos 30 anos de idade, são submetidas a mamografia seriada (anual) de rastreamento, elas tem 1,5 vezes o risco de desenvolver câncer de mama quando comparadas com as mulheres de mesma idade, mas sem exposição à radiação da mamografia. Se a mamografia for feita (por pelo menos 5 anos) antes dos 20 anos de idade, o risco é de 2,5 vezes maior que o risco das mulheres que não fizeram a mamografia anual. No caso das mulheres que tiveram o câncer como consequência da radiação da mamografia (vale dizer que isto é difícil de provar), este câncer foi diagnosticado pelo menos uma década após o início das mamografias. Os próprios autores frisaram que estes dados de maneira nenhuma podem ser usados para qualquer recomendação contra o rastreamento em mulheres jovens, mas podem sim ajudar a tornar preferencial o uso de ressonância magnética e ultrassom como forma de rastreamento nas mulheres mais jovens.
Vale aqui muito cuidado na interpretação destes dados: o risco de mamografias seriadas causarem câncer é infinitamente menor que o benefício de um diagnóstico precoce em pacientes com alto risco de desenvolver câncer ao longo da vida (risco maior que 20%).
Vale também ressaltar que determinadas mutações genéticas proporcionam um risco de até 85% de câncer de mama ao longo da vida, de modo que rastreamento e diagnóstico precoces têm um impacto monumental na sobrevida destas populações de mulheres.
É certo que o rastreamento destas mulheres de alto risco antes dos 40 anos de idade talvez deva consistir na ressonância magnética associada à ultrassonografia ao invés da mamografia, até por que a mamografia em mulheres jovens (cujas mamas são densas devido ao tecido glandular) pode ter dificuldade para mostrar alterações suspeitas. Mas isso de maneira nenhuma deve permitir qualquer insinuação do tipo rastreamento aumenta o risco de câncer, que seria um desfavor inaceitável para mulheres que mais do que ninguém devem ser acompanhadas com máxima precaução.
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