[5º FÓRUM] Tecnologia, humanização e acesso

"Todo mundo quer receber do Estado ou do convênio o melhor tratamento do ponto de vista da tecnologia mais inovadora, mas a gente não pode esquecer que para um paciente com câncer, a questão da humanização é tão ou mais importante que a tecnologia inovadora”, diz Rafael Kaliks (foto), diretor médico do Oncoguia.
Que lugar dedicamos à tecnologia e à humanização do atendimento no debate do acesso aos melhores cuidados ao paciente de câncer?

Em um universo repleto de inovação, é constante a pressão da oncologia pelo acesso às últimas tecnologias sanitárias, em busca de tratamentos mais modernos e mais efetivos. E o olhar sobre a humanização, nem sempre parece merecer esse mesmo destaque."Pensar acesso não é apenas perseguir a droga mais moderna ou a cirurgia mais inovadora. "Temos que pensar acesso como assistência humanizada”, sublinha Kaliks.

O Diretor Científico do Oncoguia lembra também da imunoterapia, que começa a desenhar outra grande revolução no panorama da oncologia. "Começamos finalmente a compreender como o sistema imunológico pode ser estimulado a eliminar as células malignas e combater o câncer, representando uma inovação surpreendente na nossa área”, diz.

Nesse ambiente de mudanças, humanizar o tratamento significa reconhecer que não se trata mais de olhar uma só terapia para o câncer de mama, mas de compreender o câncer de mama como entidade heterogênea, que requer tratamentos distintos, assim como o tratamento para câncer de pulmão não se dirige a um só tipo de tumor, mas a diferentes tipos moleculares de câncer de pulmão.

Quando a perspectiva é a humanização, impossível deixar de lado a multidisciplinaridade no diagnóstico, tratamento e seguimento do câncer. Humanizar o percurso terapêutico também significa prover diferentes interfaces de cuidados, o que convida a um olhar crítico em relação à supremacia do modelo biomédico para reconhecer que a presença e participação ativa de outros profissionais da saúde é igualmente nutritiva e necessária para o paciente, assim como é urgente reconhecer e abrigar a importância da presença da família. Sem a presença da família, também não há humanização da assistência ao paciente de câncer.

Mas o saldo de toda essa equação continua desafiador. Mesmo com o amparo de familiares e profissionais da saúde, impossível prescindir das tecnologias.

Na perspectiva médico-científica, o uso de antineoplásicos de uso oral é mesmo um divisor de águas, ainda que os mecanismos de resistência continuem a desafiar futuros desenvolvimentos.

Na ótica da gestão, a pergunta que não quer calar é como tornar sustentável a chegada de tanta novidade, numa análise em que os critérios de eficácia e segurança somam-se cada vez mais às lógicas de custo-efetividade.

Na visão do paciente, a tecnologia inovadora assume a promessa do melhor tratamento, o que não se confirmou para alguns tipos de câncer e em outros promoveu de fato uma verdadeira revolução terapêutica. Nesses casos, não dá para deixar de reconhecer que a tecnologia representa sim um ganho na humanização do cuidado.

A seleção molecular e os estudos genômicos abriram caminho para a chegada das drogas-alvo, concebidas para inibir vias de sinalização específicas, que têm transformado o panorama da oncologia.

Muitos pacientes têm vivido mais – e melhor. "Há uma revolução em curso no conhecimento da oncologia, baseada no uso de tecnologias sofisticadas, que permitem o sequenciamento dos genes das células tumorais e a partir disso a identificação de determinadas mutações potencialmente alvejadas por alvos dirigidos”, resume Kaliks.

Para o paciente, a possibilidade da terapia personalizada faz toda a diferença e a droga oral é também expressão de qualidade de vida, agora sem a rotina dos ambulatórios dos centros de assistência. "Quando você permite que um paciente trate o câncer em casa, com um comprimido, isso é tecnologia, isso é acesso, isso é humanização”.

Por Valéria Hartt/OncoNews
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