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  • Thamara Monteiro - Câncer de Estômago
    "Meu pai lutou até o último suspiro."
Oi gente! Me chamo Thamara, tenho 21 anos e venho por meio deste desabafar e passar um pouco de força aos familiares de pacientes com câncer.
 
Tudo começou em fevereiro deste ano, quando descobrimos que meu pai estava com câncer gástrico já em estágio avançado. Quando recebi a notícia entrei em desespero, não sabia o que pensar, precisava ser forte para ajudar meu pai a vencer essa luta. Mas, a parte complicada ainda estava por vir porque meu pai achava que estava com hepatite por conta do alcoolismo. Pois bem, deram o diagnóstico e ele ficou super tranquilo, nunca foi de demonstrar o que estava sentido.
 
De imediato já começaram com o tratamento. Até a primeira sessão de quimio meu pai estava aparentemente bem, apesar de ter perdido 30kg antes de descobrirmos o câncer.
 
Da primeira para segunda internação meu pai piorou muito e perdeu em menos de duas semanas mais 10 kg. As coisas dali pra frente começaram a piorar, por que até então ele se alimentava normalmente. Por conta do agravamento do quadro (já com metástase) já não conseguia se alimentar pela boca, tudo voltava, até um simples copo d'água.
 
Então, o médico achou melhor colocar uma sonda nasogástrica (que funcionaria como meio de receber a tal "dieta" para a complementação da alimentação e cessar o vômito que era frequente) e liberou que fosse para casa a fim de sair um pouco daquele ambiente hospitalar.
 
Meu pai foi para casa e não quis de jeito nenhum tomar a dieta, dizia que era ruim e que não precisava; o que ele queria, era comer como antes, na panelinha dele (risos).
 
Os vômitos não paravam nem com oração e ali começou a emagrecer mais e mais. Ficou fraquinho demais, já não conseguia nem levantar da cama e eu sempre do lado, com aquele aperto no coração sem saber como ajudar, me sentindo inútil. Muitas vezes perdi a paciência e tentava de qualquer maneira fazer com que ele comesse um pouquinho, mas nada adiantava.
 
Então veio a terceira e última internação, durou mais ou menos um mês e meio. Dessa vez, meu pai já não levantava da cama, começou a usar fralda, dependia da família pra tudo. E a dor maior era que queria comer, sentia fome, sede, mas a gente não podia dar nada porque o vômito não parava.
 
Todos os remédios para enjôo meu pai tomava (todos mesmo) e nada adiantava, me agarrei a Deus e pedi forças para passar por cima daquela barra. Foram noites e noites sem dormir, prestando atenção em cada movimento. Coisas que eu nunca imaginei fazer, fiz: troquei fralda, limpei vômito, dei banho, tudo para vê-lo um pouquinho melhor. E assim, os meses se passaram e no dia 07/06/16 meu pai faleceu.
 
Naquele instante perdi o chão, gritei, chorei, coloquei todo mundo do hospital maluco, mas depois de alguns instantes entendi que ali o sofrimento dele tinha acabado e que não podia ser egoísta ao ponto de pedir a Deus que o deixasse entre nós só por medo de perder (não, não podia pedir isso).
 
Hoje tento conviver com a saudade que é muita, não está sendo fácil, mas creio que vai amenizar. Agradeço a Deus todos os dias por ter me dado a chance de ajudar meu pai em cada detalhe, meu medo era sofrer de remorso, mas isso não sinto graças a bondade de Deus.
 
Agradeço também aos profissionais do Hospital Ascomcer que foram verdadeiros anjos na minha vida e na vida do meu pai, fizeram de tudo até o último instante.
 
Aos familiares que se encontram nessa situação hoje, desejo força, muita força. Não é fácil ver uma pessoa que amamos sofrer, mas o que nos mantém de pé e nos dá força para continuar a caminhada é Deus mesmo.
 
Não percam a fé por favor, o câncer descoberto a tempo tem cura sim. Deus abençoe a todos!