Confira aqui os depoimentos

  • Tathyana Simoes - Câncer de Pulmão
    Hoje é melhor sentir saudade do que ver o sofrimento do meu pai.
Em 18 de novembro de 2016 meu pai descobriu um tumor no pulmão. Perdeu 12kg e no dia 20 de dezembro de 2016 saiu o resultado do exame PetCT: metástase no sistema nervoso central, ossos e linfonodo.
 
O médico falou: não há nada que possa ser feito, somente tratamento paliativo. Nesse dia, já ficou internado no AC Camargo e pensei que eu ia morrer nesse dia, perdi a respiração e pensava "por que meu pai?"
 
Tinha acabado de se aposentar, era ativo, resolvia tudo, sempre preocupado com a família nunca deixou faltar nada, sempre amoroso, com apenas 66 anos.
 
Os dias de internação seguiram: tomografias, radiografias, exames de sangue... No dia 28 de dezembro fez a primeira quimio e no dia 31 teve alta. Quando chegou em casa já não tinha o movimento nos braços, passou o Ano Novo deitado e deprimido.
 
No dia 2 pela manhã, teve um AVC que o fez perder a fala e paralisou seu lado direito. Ficou na UTI por 4 dias e depois ficou internado.
 
Em 27 de janeiro fez uma radiocirurgia na cabeça porque tinha um tumor no cerebelo e dia 28 de janeiro teve alta. Tínhamos muita esperança, mas uma semana depois por conta do uso de um medicamento a base de corticóide, o dexatometasona, adquiriu uma hiperglicose e com isso, tomava insulina quatro vezes ao dia. Eu aplicava e meu coração doía...
 
Fez sua segunda quimio dia 26 de fevereiro e essa acabou com ele. No dia 4 de março estava com a boca ensanguentada pelas feridas provocadas pela quimio. Passou pelo PS e voltou para casa desde sua saída em 28 de janeiro.
 
Contamos com um home care, meu pai não andava, não falava, usava fraldas... No dia 5 de março tinha piorado e seu rim parou, estava sem pressão e chamei o médico do home care. Ele conversou a sós com a gente e disse: "se vocês levarem ele agora para o hospital, vai para UTI, é melhor deixar ele aqui na casa de vocês; ele vai partir, vamos deixá-lo em paz".
 
Foi duro naquele momento entender e aceitar que nada mais poderia ser feito.
 
No dia 6 de março, às 02h15, meu pai foi com Deus e meu coração ficou aliviado. Foi tão difícil acompanhar dia à dia essa doença, meu pai se definhando a cada dia. Era complicado levá-lo ao hospital somente de ambulância, porque ele ficou totalmente paralisado.
 
Ele ir embora sem eu poder ouvi-lo novamente me dói na alma... falava com ele, mas a depressão tomou conta. No começo fez fono, podia até falar algumas palavras se quisesse... esperei até o último momento e elas não vieram mais.
 
Depois de uma quimio veio o segundo AVC e o levou embora. A casa está vazia, tudo perdeu o sentido... Foram quatro meses de luta e ele lutou e muito... Difícil.