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  • R.J - Câncer de Testículo
    Apegue-se em Deus, na espiritualidade, seja lá no que você acreditar e também na medicina da terra, se você for ateu, acredite apenas na medicina da terra, mas tenha a certeza de que todos, absolutamente TODOS sempre irão estar a seu favor para sua cura quer você saiba ou não, quer você veja ou não. Seja feliz!
Em meados de 2016 meu testículo esquerdo começou a crescer de forma indolor. A partir daí, procurei no Google a respeito de anomalias testiculares. Procurei por hidrócele (acúmulo de água no testículo), varicocele (espécie de varizes nos testículos) e outras patologias, mas não tinha a coragem de procurar a palavra "câncer de testículo", pois isso nos passa (erroneamente) a impressão de que vamos morrer, que estamos acometidos por algo incurável, desconhecido etc. Depois de mais ou menos três meses que convivia com essa moléstia, finalmente criei coragem de procurar especificamente os sintomas de câncer no testículo, porquê eu não sentia os sintomas das outras enfermidades e o achado foi exatamente o que eu percebia em mim: sem sintomas e com aumento de massa testicular palpável (o tamanho estava muito grande e era totalmente diferente tocar no testículo esquerdo que estava comprometido com o direito). Fui no urologista no dia seguinte (minha primeira consulta na vida com um médico desse tipo) e é impressionante como temos vergonha de discutirmos algo que deveria ser visto por todos os homens pelo menos uma vez na vida (a saúde do testículo, pênis, escroto etc). No atendimento, ele conversou comigo e perguntou se eu havia lido algo a respeito na internet, eu disse que sim e que poderia ser algo que eu considerasse de prognóstico bom (torção, varizes, etc) ou de prognóstico mais complicado (câncer, tumor etc), em seguida disse: "Agora não tem jeito, deita ali e vamos verificar". Em apenas dois minutos durante o exame físico, ele disse que poderia ser o que fosse mas que teria que ser tratado cirurgicamente e o mais breve possível (ele já sabia do diagnóstico, mas não podia afirmar sem exames pois seria um achismo), assim sendo, solicitou hemograma completo, marcadores tumorais, desidrogenase láctica e Beta HCG, além de um ultrassom da bolsa escrotal (o testículo está dentro dessa bolsa que é conhecida vulgarmente como "saco"). Ainda pediu que durante a realização do ultrassom, o radiologista responsável entrasse em contato com ele pelo telefone (para acelerar o diagnóstico que ele já sabia e iniciar o tratamento). Assim fiz e recebi o diagnóstico de câncer testicular, logo após o ultrassom (até então não era possível saber seu estágio ou se era benigno ou maligno, isso só se faz durante a biópisia do órgão afetado pós remoção), marcamos a cirurgia para o dia seguinte e, em 04 de Julho de 2016, realizei o procedimento de orquiectomia inguinal radical esquerda (este tipo de cirurgia remove o testículo que contem o câncer. É feita uma incisão na virilha e o testículo é retirado do escroto através dessa abertura. Um corte é feito através do cordão espermático que liga o testículo ao abdome). Tudo é feito em até 2hs (dependendo da habilidade do médico e de sua equipe) com sedação moderada e anestesia raquidiana, portanto, o procedimento não doeu e só acordei no final, durante todo o percurso fui monitorado e assistido por uma equipe que estava preparada para qualquer intercorrência que pudesse acontecer fora da normalidade, embora isso é raro, a cirurgia para retirada do testículo foi bem tranquila. Quando acordei minutos depois do término do procedimento, fiquei em observação por algumas horas até que o efeito da anestesia raquidiana passasse parcialmente (eu sentia levemente quando tocavam minhas pernas, mas ainda não era capaz de mexê-las) e fui transferido para o quarto onde fiquei durante todo o resto do dia em observação. Durante esse tempo é normal que o médico já solicite exames complementares (para mim ele pediu que fizessem um hemoragrama completo e tomografia computadorizada com constaste do abdômen, tórax e pelve, os marcadores tumorais não foram pedidos porque eles demoram um tempo até voltarem aos valores normais após a cirurgia), pois qualquer alteração que necessite de nova cirurgia você já estará internado e o processo será bem mais rápido e seguro. A tomografia foi feita com injeção na veia de uma pequena dose de um líquido chamado contraste iodado que é um líquido derivado do sal e geralmente não oferece nenhum risco a saúde embora muitas pessoas dizem o contrário), para mim foi bem tranquilo, apesar do medo e dos efeitos colaterais que são comuns da aplicação que podem assustar um pouco as pessoas de primeira viagem como foi meu caso. Em casa, posso dizer que a pior parte de todo o processo foi o pós-operatório, a dica é que tudo que for falado deve ser seguido a risca, nos primeiros dias, fiz repouso absoluto e total, levantava apenas para ir ao banheiro, sem restrições alimentares, durante esse tempo usei um suspensório escrotal (é uma "saqueira", como se fosse uma cueca que segura literalmente o escroto e é bem desconfortável, mas depois se acostuma). Depois de uns dias o corpo vai se acostumando a ausência do testículo e o edema (o testículo retirado é ocupado por uma coleção grande de sangue então a sensação é de que há algo lá as vezes até maior do que o que havia antes) vai diminuindo até que o escroto volta ao tamanho normal e o espaço que era ocupado pelo testículo tumoroso fica vazio. Os próximos passos foram aguardar o resultado da biópsia (que demora entre 6 e 25 dias para ficar pronta dependendo do laboratório em que se faz) e descobrir uma boa oncologista (médica que estuda os canceres e a forma de como essas doenças se desenvolvem no organismo, procurando seu tratamento), no caso de testículo, a indicação de um bom profissional para isso é essencial porque a doença ainda é pouco estudada por algumas equipes médicas pois sua incidência é de três a cinco casos para cada grupo de 100 mil indivíduos, a negligência de uma boa equipe oncológica dificulta ou torna inseguro os procedimentos do pós operatório. Alguns dias depois recebi o diagnóstico da biópsia: Seminoma (câncer) malígno do testículo esquerdo, felizmente ele não havia se espalhado para nenhuma outra parte do meu corpo e não comprometeu os linfonodos retroperitoniais (são como "quartéis" biológicos que contém "inúmeros soldados" (células de defesa) do organismo). A linha de conduta que a oncologista ofereceu foi o acompanhamento por exames de sangue e tomografia de três em três meses para o primeiro ano (em casos como esse, a chance de cura apenas com isso é de até 95%). Hoje (depois de dois anos e um mês) aproximadamente, tive alguns sustos (resultados anormais nos exames de rotina, biópsias preventivas que tiveram de ser feitas no pulmão, estômago, etc) mas graças a Deus até hoje, nada de grave ou que requeressem outros procedimentos que não o acompanhamento. Finalmente... O que tenho a dizer é: mantenham a calma, se você que está lendo esse texto vai passar por uma consulta com urologista, se vai ter que operar, passar com um oncologista, fazer quimioterapia/radioterapia ou o que quer que seja, lembrem-se que a ciência atualmente evoluiu muito e que o câncer especialmente o do testículo é um dos mais curáveis atualmente (mesmo em estágios avançados com chances de cura geralmente acima dos 75%). Não há com o que se preocupar embora eu saiba que isso é difícil, os familiares (principalmente nossa mãe e/ou pai), o nosso próprio psicológico, o medo da morte, do desconhecido, tudo isso é incerto e toma grande parte dos nossos dias por muito tempo, desde a primeira consulta ou sintoma, até o pós-operatório e é totalmente aceitável se preocupar com isso, mas use tudo a seu favor: mude seus hábitos, crie novas amizades, desfaça de pessoas tóxicas, faça voluntariado (o aprendizado com isso é incrível), esqueça as coisas do passado, daquilo que te incomoda, deixe que mágoas, tristezas, pensamentos ruins e tudo mais desapareça junto com seu câncer e permita dar-se uma nova chance para a vida, se o aprendizado for válido ele irá passar, assim como tenho a certeza de que como eu, você já superou outros traumas (menores ou maiores) mas sim, essa é mais uma situação que irá passar. Apegue-se em Deus, na espiritualidade, seja lá no que você acreditar e também na medicina da terra, se você for ateu, acredite apenas na medicina da terra, mas tenha a certeza de que todos, absolutamente TODOS sempre irão estar a seu favor para sua cura quer você saiba ou não, quer você veja ou não. Seja feliz!!!!