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  • Myrna Oliveira Maia - Câncer de Mama
    O CÂNCER ME FORTALECEU!
O CÂNCER ME FORTALECEU! 

Descobri o câncer de mama (Carcinoma ductal invasivo) aos 34 anos, em agosto de 2013. É estranho, mas em nenhum momento senti desespero ou raiva, pelo contrário, uma onda de muita calma e equilíbrio tomaram conta de mim. 

Na verdade, nunca me senti com essa doença! Costumo pensar que ela veio para me alertar, para que eu cuidasse mais de mim. 

Desde 2011 já sentia um desconforto nas mamas, mas fui empurrando com a barriga, ou seja, fui extremamente negligente comigo mesma, até que um belo dia, já em 2013 meu filho Matheus, me disse: "mãe, tô cansado de toda vez que te abraço você pede para eu tomar cuidado porque seus seios estão doendo. Se você me ama, vai ver o que é isso!” 

Naquela hora achei um exagero ele ter me dito isso, mas inconscientemente empurrei com a barriga mais uma vez. Talvez se eu tivesse mais atenção comigo, poderia ter amenizado a situação. 

Foi então que procurei a Drª Alba Dias, mastologista (pessoa muito especial para mim!). Prontamente a Drª me explicou que eu teria que fazer uma biópsia para termos certeza. Quando ela me disse isso, no meu coração e na minha cabeça, eu sabia que havia algo de errado, mas me mantive firme. 

Tamanha foi a eficiência dela que olhando para o meu semblante, me tranquilizou transformando-a naquele momento em psicóloga, mãe, amiga, irmã, mulher e principalmente uma profissional humana! 

Sou extremamente grata à ela por ter me preparado psicologicamente, e sabiamente ter me encaminhado nas mãos de belos profissionais em Salvador. 

Meu tratamento começou com a cirurgia, fiz a quadrantectomia para retirar os dois nódulos malígnos. Em seguida, foram 4 seções de quimioterapia com ciclos de 21 em 21 dias, tendo como complemento a realização de 2 meses de radioterapia. 

Tudo isso foi realizado em Salvador através do Hospital Português e do NOB (Núcleo de Oncologia da Bahia). É válido ressaltar que o meu tratamento foi e está sendo realizado pelo plano Planserv (sou dependente da minha mãe que é serventuária da Justiça da Bahia) e não pelo SUS. 

Não que eu esteja desfazendo do SUS, sei que em algumas capitais ele funciona, mas se fosse para eu depender dele, certamente estaria ainda na fila. O plano me possibilitou a agilidade do tratamento e as etapas a serem cumpridas. Sou privilegiada, graças à Deus! 

Penso que todos deveriam ter essa oportunidade. Nunca permiti que sentissem pena de mim, ao contrário. Costumo dizer que: ruim é quando você descobre uma doença e não tem tratamento. O que não foi o meu caso. 

Pela minha fé eu me considero curada, mas sei que não é assim e que eu ainda não estou liberada, tenho um longo caminho pela frente! Hoje em dia faço hormonioterapia com uma medicação diária (Tamoxifeno), provavelmente terei que tomar durante 5 anos, podendo prorrogar por mais 5 anos e sigo uma vida normal, trabalho, faço academia 5 dias por semana, me alimento mais saudavelmente, tomo de 6 a 7 litros de água por dia, namoro e etc. 

Algumas coisas como sol, peso, correr e ficar em pé mais de 20 minutos ou sentada durante muitas horas me prejudicam (a medicação é propícia a trombose), mas procuro tomar cuidado. 

Ainda aguardo a realização dos exames BRCA1 e BRCA2 (estudo da mutação dos genes) onde me possibilitará de fato se haverá a necessidade da retirada dos seios, ovários, trompas, útero e talvez a vesícula. Isso tudo porque já existem casos na família de ambos os lados e essa etapa é primordial para o meu tratamento! 

Sinto muita falta dos meus cabelos, eles eram cumpridos. Mas, não é uma falta dolorida, na verdade já sabia que o tratamento me faria perde-los. O mais engraçado é que muitas pessoas acham que é moda minha, pensam que radicalizei e resolvi cortá-los e andar com lenços! Aí, quando conto o motivo, elas se espantam, pois acham que estou muito bem, sempre disposta como se nada tivesse acontecido, dizem que não pareço estar fazendo tratamento de câncer.

Pior que é bem isso mesmo, encaro como uma gripe onde tem começo, meio e fim! Assim que recebi a confirmação do câncer de mama, lembro de ter saído do consultório com um só pensamento: " E agora, como vou contar para meu filho? E meu emprego? Será que termino com meu noivo? Estou me sentido ótima, não entendo como estou com esta doença!” 

Pedi um papel e uma caneta para a atendente e escrevi: "Meus planos: pós-graduação, casa própria, levar meu filho para Nova York, tirar carteira de motorista, voltar a fazer dança, casar e conhecer novos lugares”. E olha que isso fez uma diferença enorme! 

 É claro que tem dias que eu me desanimo, parece que os dias não passam, mas graças à Deus eu posso continuar trabalhando (sou secretária administrativa) e sempre foi a melhor saída para mim, ocupa a mente. 

Tudo que eu preciso para ter um bom tratamento, me foi permitido: família, amor, tratamento, fé, amigos, emprego, confiança que é igual a auto estima e cura! Infelizmente essa não é a realidade de muitas pessoas que passam por isso, mas de alguma forma precisamos adquirir forças e uma dose especial de paciência para enfrentar essa doença. 

É muito importante ressaltar que desde a descoberta até hoje, Deus colocou em meu caminho verdadeiros "anjos” para me fortalecer, apoiar e orientar. Sou muito grata primeiramente a Deus, sempre! A minha família (irmãos, pai, cunhados, sobrinhas) em especial a minha mãe Francisca Aparecida Campos de O. Maia pelo apoio incondicional e fé, meu filho Matheus por me amar tanto, por ser meu melhor amigo e por cuidar tão bem de mim, meu noivo Adailton por ter ficado do meu lado em todos os momentos, por ter um coração enorme e me amparar com seu amor. 

Eles são o meu porto seguro! Aos familiares (tios e primos) com carinho das tias tão queridas Fátima, Geane e Rejane, a minha querida Sirlei Jung e família por ter me acolhido com tanto amor e respeito, aos meus amigos de todo o Brasil e exterior (Pe. Fernando Pedrosa, Fernanda Guedes, Daiane Dario, Idean Barbosa,Cirila, Rita, Maria das Graças, Pablo Rodrigo, Elida, Yanna, Netha, Valéria, Tatiana Almeida, Rita Gomes, Ana Maria Índia, Michele Brasil, Jeiza, Kathien , Bartira Rocha, Ivone, Cintia Nobre, Tâmara Andrade, Pâmella Sakumoto, Ivina e família, Ivania, Carlos Alexandro G. Pimentel, Maiara, Naiane, Débora, Ana Cristina, Ádna, Thayllany, Júnior Alves, Carolina Torres, Cristiane Gomes, Raquel Victer,Crisane Gomes, Josué Magno, Douglas, Helder, Paulo Cézar, Cláudio Duran, Iraci, Fernanda Kreutzer,Vanessa, Ravilane, João Moreira, Geiza Tardim, Délice, Alaine, Fabiane, Sandra, Mirna Lustosa, Michele Fanzlau Hoppe, Simone, Bruna Magalhães, Serginho Toyoshima, e família, Rodrigo, Andreia Machado, Nara, Nádia, Graziela Agostine, Karina Aguiar, Coronel Carlos Moura), que me dão força a cada dia, a cada instante, sempre! Aos meus vizinhos queridos Valdires Gomes e família e Geiza, à competente equipe da Drogaria Rocha (representada por Ney Rocha), a equipe médica (Dr. Ednaldo Sandes/mastologista, Drª Renata Cangussú/oncologista, Drª Christine A. Pinto/radioterapêuta, Drª Ivana Lucia de O. Nascimento/geneticista, Dr. Heron Cangussú/cirurgião, Ana Lísia C. N. da Costa/ dermatologista) que não tenho palavras por tanto cuidado, carinho e comprometimento comigo, aos meus chefes queridos, minha segunda família, Alex Alves da Silva, Delbo Augusto Corado, Daniel Nogueira e Fabiana Gomes Reis por serem tão humanos e prestativos com a minha situação, a escola do meu filho(Enigma), nas pessoas de Ellén Sodré, Luiza, Aydee e Denise por também terem dado todo o apoio necessário para eu conseguir me tranquilizar. 

Enfim, a tantos outros amigos e até aquelas pessoas que eu não conheço, mas que com simples gestos me deram ânimo para continuar! 

O câncer é tão sorrateiro que muitas vezes nos pegam de surpresa. Não deixe o preconceito, o medo e a ignorância lhe influenciar. A aparência muda, os cabelos podem cair, o humor pode alterar, mas tudo é passageiro e depois tudo volta ao normal, com mais força e vigor. 

Até a nossa postura diante das dificuldades da vida muda e para melhor! Aproveitar mais o tempo com sabedoria, permitir que sua mente só absorva pensamentos positivos, permanecer em agradáveis companhias, ocupar a mente com um trabalho, ler bons livros, escrever, ouvir músicas que gosta, agradecer, ter fé (independente da religião), tudo isso são alternativas de paz espiritual que devemos ter para encontrarmos um equilíbrio interior. 

Eu pequei muito em não ter percebido os sinais a tempo, por isso faço um apelo para as mulheres (tanto jovens como senhoras) que não deixem de frequentar um profissional na área e nem desista de si própria. Superar o câncer de mama é possível!