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  • Joyce de Souza Rodrigues - Câncer de Pâncreas
    Estamos seguindo dia após dia, tentando aproveitar os bons momentos...
Meu pai sempre foi saudável, nunca precisou ir ao médico até que começou a sentir dores no abdômen, perda de peso, olhos amarelados. A partir daí, fomos em médicos para tentar descobrir o que estava acontecendo. Passaram-se dois anos até chegar a nossa terrível notícia: meu pai diagnosticado com câncer de pâncreas com metástase no figado.
 
Recebi a notícia por telefone, meu mundo desabou. No primeiro momento, a única coisa que passa em nossa cabeça é o sentimento de perda, uma dor terrível, o coração parece que vai parar de bater e a cabeça explodir.
 
Depois de muito chorar, a única coisa que queria era abraçar meu pai; algo muda dentro de nós com a notícia do câncer, queremos dar tudo de nós, aproveitar cada momento, pelo menos foi assim comigo e ainda é.
 
Devorei todas as informações sobre câncer. Tentei me informar o máximo possível e até na primeira consulta com o oncologista tirei várias dúvidas. O médico disse que o câncer do meu pai não tem cura, é um tumor que não reage bem ao tratamento, porém se espalha lentamente. Assim, o jeito é ver o lado bom das coisas, meu pai poderá viver alguns anos ainda, quem sabe muitos anos...
 
Começamos com o tratamento paliativo de quimioterapia. Várias sessões, todas as reações, meu pai estava cada dia mais fraco - a quimioterapia deixa o paciente muito abatido - e quando começa a melhorar, lá vem mais uma sessão.
 
No início de maio, meu pai teve um descanso de três meses da quimioterapia e pensamos que esse seria o momento de ganhar um ânimo, dele se sentir disposto novamente, mas não foi assim, começaram as complicações decorrentes do câncer, o fígado já não consegue fazer suas funções e aparecem outros problemas. Temos que ir ao pronto socorro com freqüência para amenizar os desconfortos causados pela doença.
 
Em uma dessas consultas no pronto socorro, ouvi pela primeira vez de uma médica, que meu pai tem pouco tempo de vida. Não contei pra ninguém, fiquei com isso entalado na garganta, não consigo descrever o tamanho de minha dor...
 
Diante do meu pai sou forte, tento ser positiva mesmo quando as coisas estão difíceis. Aproveito cada momento para ficar junto dele, ter a oportunidade de ter mais um dia ao seu lado é meu único consolo, não consigo me imaginar sem ele, mas também não quero seu sofrimento.
 
Estamos seguindo dia após dia, tentando aproveitar os bons momentos...