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  • Elisabeth Kirchner - Câncer de Mama Avançado
    Minha opção é viver, e bem, até quando Deus quiser e não o câncer.
No dia 04 de novembro de 2013, fui à Casa da Mama do Hospital São Paulo para receber o resultado de dois exames que havia feito: punção e biópsia. Fui recebida pela médica que com todo cuidado possível disse-me que tinha uma má notícia. Sorri para ela e respondi: "já deu a notícia doutora, agora vamos aos próximos passos". Lógico que se fui lá para saber resultado de biópsia e ela tinha má notícia, só poderia ser uma...
 
Imediatamente fui tomada por uma onda de gratidão, de felicidade, de consciência de que tudo estava correto e no seu devido lugar. De onde veio isso? Não sei, não sou maluca não, acredito eu, mas tenho uma filha jovem, linda e muito saudável, dois filhos casados e duas norinhas muito queridas com as crianças bem pequenas, meus adorados netos Lucas (4), Bruno (3), Leonardo (2) e Max (1). E foi exatamente essa cena maravilhosa dos meus filhos, noras e netos que se fez presente naquele momento.
 
Senti como era pouco o que acontecia comigo, comparando a felicidade de sabê-los bem. Daí para frente, tudo foi compatível com o que eu queria que fosse. Trato-me pelo SUS e sou muito bem tratada. Quando algo não está de acordo, resolvo sem barraco, mas com energia. Sou cliente fiel da Ouvidoria do Perola Byington. Não sou só reclamante como devem estar pensando, levo elogios, boas atitudes que presencio e até alguns nomes de profissionais especiais.
 
Nego-me a sentir ou deixar que sintam pena de mim. Decidi colocar em prática o que acredito, minha cabeça governa meu corpo e ele costuma ser bem obediente. Também faço valer a afirmação que energia gera energia, reforçada principalmente depois de haver conhecido a sra. Elfriede Galera, a Fri, que tornou mais forte essa constatação.
 
Bem, na época eu fazia tratamento dentário para implantar dentes, todos. Meu caso era urgente e as quimios deveriam começar. Pedi ao dentista que tirasse todos os dentes, pois era o mais rápido a ser feito, e fizesse próteses provisórias para que depois de passado tudo, eu pudesse fazer as definitivas. Ainda estou com as provisórias, rs...
 
Fiz as quimios brancas, vermelhas e o que assustou-me não foram as quimios, mas a tonelada de remédios que recebi contra alguns sintomas que poderia ter. Assustei-me à toa, não tive enjôo, nem aftas, nem alergias, nem nada.
 
Como disse anteriormente, coloquei em prática: minha cabeça comanda meu corpo. O oncologista orientou-me a não ingerir alimentos ácidos, pois a acidez poderia provocar alguns sintomas desagradáveis como feridas na boca, no estômago e assim por diante. Sou muito fiel ao tratamento e ao médico que me orientava, mas aprendi a conhecer meu organismo.
 
Durante a quimio, o meu paladar era totalmente para alimentos ácidos como abacaxi, tomar limonada, laranja, pêra e assim por diante. A água de coco é que me enjoava, carne nem pensar e chá de camomila, melhor eu nem falar... Foi aí que comecei minha pesquisa pessoal - pessoal sim, porque podemos ter o tumor do mesmo nome, com características iguais e isso não quer dizer que os sintomas sejam os mesmos; se não comesse o abacaxi, tomasse limonada, não saberia o que iria acontecer.
 
Então, resolvi fazer minha dieta pessoal, experimentando devagar o que eu acreditava ser adequado para mim. Deu certo!
 
Só uma coisa irritava-me bastante na quimio, era ver as pessoas só focando no cabelo que vai cair. Ele cai, mas nasce novamente. Pra que tanta neura? Com certeza não fiquei uma gracinha careca, mas não ter que fazer depilação, sentir tudo lisinho e limpinho, não ter que lavar os cabelos dia sim, dia não, foi "uau”. Não usei lenços, perucas ou qualquer outro artifício, pois adoro estar a vontade e o que gosto em mim, não tem nada a ver com o físico. Diga-se de passagem, que nunca fui vaidosa e não iria começar agora, né?
 
No dia 23 de outubro de 2014 fui operada no Pérola. Tirei a mama esquerda e fiz esvaziamento axilar. Que alívio! Eu não precisava trocar gaze toda hora e o local estava sempre limpinho. Meu tumor andou até o bico do seio e só fazia sujeira. Saí do Hospital no dia 24. Como disse não sou vaidosa, nem muito exigente, mas quando se trata de higiene, aí sim, sou neurótica, cuidei-me tão bem, que tudo ficou perfeito. Não tive nada que pudesse chamar de problema.
 
Em fevereiro de 2015, comecei as radios. Também não posso reclamar porque eu iria fazer na Santa Casa, mas a médica que atendeu-me encaminhou-me para o Cepro, na Rua Pamplona. Foi muito bom, porque fiz as radios à noite e não tive que desmarcar nada que já estava agendado.
 
Pensamentos positivos sempre atraem as melhores soluções. Acabadas as radios, começaram os exames de rotina. Minha competente e muito querida mastologista, depois de ver meus exames, disse que tinha uns pontinhos no pulmão, mas que eu não deveria me preocupar porque eram bem pequenos, ela já havia visto antes, mas não estava preocupada porque não havia crescido quase nada. Deu-me o encaminhamento para o oncologista e pediu-me que marcasse por via das dúvidas. Assim o fiz e estou com metástase no pulmão.
 
Acho que devem estar se perguntando: "essa mulherzinha não teve nada? Impossível!" Pois é, tive sim algumas coisinhas... Meu paladar, ainda vai voltar, mas no momento, quando como algo que gosto muito, fecho os olhos e apelo para a memória, recordando o sabor. É certo porque lembro de um sabor muito bom.
 
Também sinto muito mais sono do que antes, bem feito pra mim, que sempre censurei quem dormia de dia. Achava que era perder horas da vida, agora acho uma delícia, aquele soninho de uma hora depois do almoço, que os medicamentos me proporcionam. Na prática, aprendi que quando se cospe pra cima, cai na cara.
 
Agora faço quimio semanalmente. Em vez de ficar caída, fico elétrica e aproveito para gastar com cuidado essa energia, porque três dias depois fico excessivamente cansada. Acho que aprendi a dosar. Quando se fica atenta, com certeza vai se administrando muito bem tudo que precisa.
 
As vezes, precisa-se trocar idéias com alguém que saiba do que estamos falando.
 
Vou parar por aqui, embora ainda tenha muito a falar, mas vou deixar um pouco para outro dia. Só uma curiosidade para ilustrar porque minha fé é inquebrantável, há uns dois meses entraram ladrões na minha casa; sentiram-se tão a vontade, que acenderam as luzes da casa toda, conversaram normalmente, mas não entraram no meu quarto onde eu dormia, pois era mais ou menos 1h30;a porta estava semi-aberta.
 
Tenho certeza que foi algo do Divino, meu Anjo da Guarda é presente como poucos. Deitada, pensei: "Beth, que bom você ser como é, imagine se estivesse preocupada, aborrecida, infeliz por causa do câncer e os caras entrassem aqui e matassem você!" O câncer não teria nada a ver e quanto tempo você teria perdido pensando nele, não é verdade? Reflitam um pouquinho sobre isso...