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  • Debora da Silva Sanches - Câncer de Mama
    Sei que tudo na vida tem um propósito, embora não entendemos de imediato, com o passar do tempo passei tentar enxergar o lado bom das coisas , pois sabia que o câncer não era para mim e que nenhuma doença iria decretar minha morte, passei a enxergar a vida de uma forma diferente com mais amor, paciência. Pode até parecer clichê todo esse positivismo, porém foi desse jeito que passei a enxergar e enfrentar o câncer. Além do mais as alternativas também não eram muitas e então o que me resta é sim ter gratidão, fé e acreditar que tudo vai passar.
Há cerca de 7 meses fui diagnostica com câncer de mama. Um diagnóstico estarrecedor para quem tinha apenas 28 anos de idade e hoje com 29, no entanto não questionei a Deus o porque daquela doença justo comigo, minha reação na hora foi chorar, xingar. Quando se recebe um diagnostico de câncer inúmeras coisas passam pela sua cabeça de imediato pensei que iria morrer, pois quando estamos de fora ouvimos tantas coisas ruins sobre essa doença. Naquele momento dúvidas, incertezas e medo assolaram minha mente. Será que vou morrer¿ Será que vou ficar sem meus seios¿ Será que vou aguentar o tratamento¿ Eram tantos pontos de interrogação... Antes de me vê com essa doença, sempre quando por algum motivo rolava o assunto sobre tal, sempre dizia que achava essa doença extramente ingrata, porque você trata, mas as reações são muitos ruins e as vezes até morre. Diferente de uma gripe que você fica mal estar, mas toma um remédio e pronto passou. Mas com o câncer não, o remédio que toma parece mais que irá matar do que salvar. Sempre me vi uma pessoa forte, mas com o câncer percebi que não tão forte assim, ao ponto de querer desistir do tratamento na segunda sessão de quimioterapia, mas com ajuda da minha mãe e amigos não desisti. Acabei enxergando quimioterapia como uma parceira. Os medos e incertezas que tive ao descobrir a doença, foram se cessando ao longo do tratamento. A cirurgia de mama foi a primeira etapa e graças a Deus não foi necessário realizar a mastectomia, sendo retirado apenas o tumor e o quadrante. Segunda etapa quimioterapia também concluída com sucesso. Embora que nela foi mais difícil, pois com ela veio uma avalanche de reações, enjoos, náuseas,vômitos, dores,prisão de ventre, gosto metálico na boca, cansaço... e o que realmente me fez cair a ficha sobre a doença a queda de cabelo. Quando meus cabelos começaram a cair, minha ficha caiu junto. Já havia sido alertada pelos médicos sobre a queda do cabelo, cheguei a cortar tipo Chanel pra não sentir tanto, mas não adiantou. Quando começou a cair eram, tufos para o meu desespero. E daí precisei raspar. Embora ouvisse de muitas pessoas que era "só cabelo” e que crescia rápido. Pra mim aquilo era horrível, porque já estava frágil fisicamente e com a queda do cabelo me senti mais frágil ainda. E fora que não era "só cabelo”. Era o meu cabelo!!! eu não queria raspar e não cresce rápido. Visto que ainda estou careca, apenas com uns fiapinhos crescendo. Sei que as pessoas não falam por maldade e sim para incentivar, mas ouvir que era só uma cabelo e que ia crescer rápido e ma fazia sentir mais mal ainda. Inicialmente olhar no espelho era devastador, mas depois fui me acostumando e hoje a cada fiapinho que cresce é uma comemoração e já até consigo passar shampoo e fazer um pouco de espuminha rs. Além do cabelo, sobrancelhas, cílios e todos demais pelos do meu corpo caíram, uma coisa era boa não precisava gastar dinheiro com depilação rs. Com o tempo do tratamento passei a tentar vê o lado bom das coisas. No entanto o intuito desse texto gigante é sim gratidão por tudo que passei, embora pareça estranho. Gratidão porque sempre tive Deus na minha vida, embora em alguns momentos eu tenha esmorecido ele nunca me abandonou. Gratidão por ter minha mãe sempre por perto cuidando em zelando por mim. Gratidão porque tenho amigos extremamente maravilhosos que estiveram comigo o tempo todo, me incentivando e me apoiando. Gratidão por ter um namorado compreensivo, paciente e companheiro. Gratidão por ter perdido o cabelo e não a cabeça. Sei que tudo na vida tem um propósito, embora não entendemos de imediato, com o passar do tempo passei tentar enxergar o lado bom das coisas , pois sabia que o câncer não era para mim e que nenhuma doença iria decretar minha morte, passei a enxergar a vida de uma forma diferente com mais amor, paciência. Pode até parecer clichê todo esse positivismo, porém foi desse jeito que passei a enxergar e enfrentar o câncer. Além do mais as alternativas também não eram muitas e então o que me resta é sim ter gratidão, fé e acreditar que tudo vai passar.