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  • Daniele Moraes Eberhardt - Câncer de Ovário
    "O "Não" de Deus para nós familiares foi o "SIM" de Deus para a Tati ir morar no céu com Jesus."

Palavras nunca serão suficientes para falar sobre a vida da minha irmã, que foi morar com Jesus. 


 Até o momento a dor e a tristeza ao pensar que ela não está mais aqui ao meu lado, todos os dias, me consome, mas estou tentando, como ela mesma me pediu às 4h da manhã, do dia 16 de março de 2022, quando segurou na minha mão e disse que iria para os braços do Pai, que iria ser feliz no Paraíso, que estava fraca e que iria descansar, que era para eu ficar bem, seguir minha vida, feliz, na certeza de que fizemos de tudo para dar amor e conforto a ela, sempre. 


Ela me consolou do início ao fim, disse "não chora Dani, vai ficar tudo bem''. Ela sempre, até nos momentos finais nos deu força, nos consolou, sorriu, orou, se despediu, apertou a mão de Jesus e foi em paz. A Tati sempre foi doce, ao mesmo tempo forte, era tão otimista, que até nos momentos mais difíceis ela acreditava que tudo iria melhorar


Viveu intensamente, aproveitava cada momento da melhor maneira, se entregava de verdade, com comprometimento, com dedicação em tudo que fazia. Antes da doença, ela viveu 27 anos de pura alegria e ternura com todos ao seu redor, trilhou caminhos difíceis, superou seus medos profissionais, buscou alcançar seus sonhos, seus objetivos de vida e conseguiu vários. 


Ela se animava com situações simples da vida pois sempre teve esse "poder” de olhar os problemas que passamos com um ar positivo, nos dar esperanças de que tudo iria ficar bem.


Nos divertimos tanto, aproveitamos bastante e quando em abril de 2019 foi acometida pela doença e nosso mundo foi transformado, tivemos que nos adaptar a outra realidade. Lá veio ela com sua positividade sempre nos consolando. Ela, que deveria ser consolada, é quem nos acolhia. 


Nunca desistiu, nunca perdeu a esperança. Dos 27 aos 30 anos ela viveu além do câncer, ultrapassou barreiras, saiu fora da curva, deixou médicos e profissionais da saúde perplexos com resultados que com toda a certeza, eram frutos de seu esforço em fazer o bem, em viver bem, em ser o bem para todos à sua volta. 


Se colocava no lugar do outro, ajudou muita gente que agora eu e minha família conseguimos visualizar o quanto ela apoiou e amparou tantas pessoas que sofriam, ela tentava com todo o amor e carinho aliviar as dores dos amigos e "oncofriends”. 


Foram inúmeros relatos lindos e impactantes que recebemos. Deixou um legado imenso, são folhas e mais folhas escritas com palavras de incentivo às pessoas, compartilhando suas experiências, dores e superações com quem precisava. De fato, a Tati não era deste mundo, não tinha mais como ela continuar aqui, ela combateu o bom combate e encerrou a corrida.Ainda tá difícil de compreender, de saber lidar com a falta de intensidade dela em nossas vidas. 


Como era bom conviver com ela, jantar juntas todos os dias, fazer exercícios, jogar beach tennis enquanto ela ainda podia, assistir às nossas séries e tomar o cafezinho da tarde no final de semana. Ajudá-la com seus cabelos, suas fotos, vídeos, com os planejamentos de futuro. Eram tantos planos juntas.


 E sobre sua morte, quero deixar uma reflexão sobre a qual minha irmã sempre falava: A Tati NÃO PERDEU a luta contra o câncer. Até porque tratar uma doença dessa não é como uma guerra, morrer não é perder batalha. Essa conclusão (sem maldade, claro, pois um tratamento oncológico às vezes pode parecer com uma luta), é injusta, já que a morte seria então uma batalha impossível de ganhar, afinal, ninguém jamais escapou dessa certeza na vida.


Assim, não existe posição de vitória ou derrota, foi uma doença grave como tantas outras. A Tati, em toda sua vida, assim como durante o tratamento e seu final, enfrentou todos os desafios da melhor forma que podia, de acordo com suas necessidades, seus medos e esperanças. 


Sempre foram respeitados todos os seus sentimentos e vontades, nos bons momentos e ruins. Ela deu o seu melhor, foi muito mais forte do que eu poderia imaginar que uma pessoa pudesse ser nesta vida, encontrou coragem onde nem imaginávamos que existia e, também, o que é normal, às vezes se entristeceu e pediu privacidade. 


 A Tati viveu muito, enquanto ela respirava e, assim, cumpriu sua missão e GANHOU a vida eterna com Jesus, herdou o Reino dos Céus e está sorrindo, correndo pelos jardins do paraíso. É como bem disse o Pastor na homenagem a ela: a nossa Tati era uma flor tão linda, mas que pertencia ao jardim de Jesus. Ele nos emprestou essa flor por 30 anos e, então, a tomou de volta, para florescer no Paraíso como ela merece viver.


Esse é meu consolo e o de todos que a amam e a amarão eternamente. A melhor pessoa que pude conviver, uma parte do meu coração que se foi, a minha maior saudade. 


Eu sei que Deus está me dando forças e vai continuar me dando para continuar a vida, da forma como a Tati me pediu quando se despediu: "Não fique triste Dani, vai ficar tudo bem, onde há vida, há esperança”. 


A minha irmã nunca morrerá nos nossos corações. Foi fiel a Deus, acreditava que Ele iria salvá-la e, realmente, ela foi salva, foi curada, está livre de todo sofrimento e maldade desse mundo. "Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé.” 2 Timóteo 4:7.  


Gratidão a todos que fizeram parte da vida da Tati e deram amor a ela de todas as formas.