Confira aqui os depoimentos

  • Amanda - Câncer de Pele Melanoma
    ...farei tudo o que estiver ao meu alcance por alguém que sempre fez tudo por todos.
Desde o início do mês de maio, minha vida mudou completamente e também, minha forma de enxergar a vida.
 
Meu pai sempre foi uma pessoa muito ativa, sempre ajudou a todos que recorriam a ele, afetuoso e participativo na vida de toda a família. É meu pai, pai de meu irmão e pai de seus próprios irmãos... O alicerce da família.
 
Teve uma mancha, uma "bolinha", no couro cabeludo no início do ano, retirada por um cirurgião plástico e não enviada para biópsia. Algum tempo depois, começou a sentir que o equilíbrio estava prejudicado, sentia dificuldade para andar. Foi ao médico e a suspeita era de labirintite. Foi medicado, mas não houve melhora.
 
Em maio, o levamos ao neurologista, que suspeitou de metástases de melanoma no cérebro. Meu pai foi então internado para realizar mais exames e a suspeita foi confirmada, era melanoma metastático, já tendo atingido o cérebro e os pulmões.
 
Foram dois meses de internação, com 10 sessões de radioterapia no crânio e posterior início de tratamento para o melanoma. Em muitos momentos durante a internação, temi perder meu pai. Depois das primeiras sessões de rádio, ele parou de falar, se movimentar e se alimentar, tendo que ser sondado. Foram os piores dias da minha vida.
 
Hoje estamos com ele em casa, mas eu não saberia elencar aqui todas as minhas preocupações e todos os meus medos. Infelizmente, não conseguimos ter uma boa relação com o oncologista, já que para ele o caso do meu pai é somente mais um caso. Sabemos que o prognóstico é negativo, mas, enquanto o paciente está vivendo, penso que ele e os familiares deveriam ser tratados com mais empatia e afeto.
 
Tenho muitas dúvidas sobre a doença e sobre o que vamos enfrentar daqui pra frente, e a sensação de não ter a quem recorrer é a pior de todas, o desamparo desespera às vezes. Talvez seja esse o principal motivo de eu estar escrevendo tudo isso aqui, um desabafo mesmo.
 
Decidi dedicar minha vida neste momento a cuidar do meu pai, como ele fez comigo a vida toda, mesmo que os médicos digam que a doença não tem cura e nos induzam a esperar o pior.
 
Caso algum oncologista leia esse depoimento, deixo meu apelo: sejam humanos, coloquem-se no lugar do outro, orientem, guiem. A sensação de estar no escuro lidando com a vida de alguém tão amado é desesperadora.
 
Estou fazendo e farei tudo o que estiver ao meu alcance por alguém que sempre fez tudo por todos.