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  • A. - Câncer de Boca e Orofaringe
    "Deus levou para o lado dele um dos meus bens mais preciosos"
Em setembro de 2019, em um procedimento odontológico foi retirado um cisto da bochecha do meu pai. Ao retorno para retirada dos pontos foi notado um novo nódulo... ai tudo começou!

Foi feita uma biopsia, e em outubro tivemos umas das piores noticia da minha vida: meu pai foi diagnosticado com câncer (um câncer que foi tirado e voltou mais agressivo, por conta de um procedimento errado).
 
Daí pra frente começou a luta do meu pai, de outubro até dezembro já se notava um volume maior no rosto. Ele não conseguia abrir a boca para se alimentar, sentia muita dor de cabeça, chorava, ele nunca foi de reclamar de dor e emagreceu muito. 

A pandemia acarretou uma demora absurda para começar um tratamento. Meu pai não poderia realizar cirurgia pelo tamanho do nódulo e por isso começou as quimioterapias e a radioterapia no meio de janeiro.

Todo dia ele fazia radioterapia e toda sexta-feira quimioterapia. Era uma tortura olhar para meu pai naquela situação, passando mal por conta dos efeitos colaterais, com vontade de comer as coisas, querendo conversar e com vergonha do mau hálito que a boca deixava!
 
O nódulo sangrava, inflamava, enchia de pus e aftas pela boca, aquilo me partia o coração. Se eu pudesse eu tomaria toda a dor dele! Infelizmente em março surgiu um novo nódulo no pescoço, meu pai já estava com o maxilar rígido provocado pela radioterapia.  Não conseguia abrir, e por conta disso, a alimentação dele era quase toda pastosa. Imagina um cozinheiro não conseguir sentir sabor, não conseguir se alimentar, tudo isso provocou uma depressão. Meu pai já não era mais o mesmo, a doença o consumiu, tirou seu brilho. Meu pai era tão alegre... um verdadeiro guerreiro!
 
Infelizmente em abril com sintomas de falta de ar, tosse e febre, em meio a covid, procuramos um médico. Em um raios X mais um nódulo, dessa vez no pulmão. Infelizmente no final de abril descobrimos uma pneumonia aguda.
 
Dia 27/04 meu pai deu entrada na internação do hospital para fazer o tratamento com antibióticos na veia, ele sentia muita dor na costela. Internando sem visitas, o caso do meu pai era difícil mas eu sempre mantive a fé que isso ia passar, era só uma fase ruim.  Minha mãe, irmã e eu acreditávamos que ele ia sair dessa, ele era extremamente forte.
 
Dia 05/05 meu aniversário, ligaram do hospital pedindo para algum familiar ir ao hospital. Chegamos lá e minha mãe passou a última noite com ele. Já não falava, não levantava, a morfina o consumiu. Infelizmente o sofrimento deu fim no dia 06/05 às14h50. Meu pai teve uma insuficiência respiratória e veio a óbito.
 
Ele que sempre lutou pela família e cuidou de todos, se foi: é uma dor inexplicável. O câncer é a pior doença que conheci na minha vida; uma doença que humilha a pessoa, a degrada, tira o brilho e a vontade de viver. Foram 7 meses, meu pai não merecia sofrer mais e ele agora descansa nos braços do Pai.
 
Ontem completaram 10 meses que o senhor se foi, e a sua luta sempre vai me marcar, me dar forças! Hoje a dor da saudade maltrata, dói... mas por saber que você parou de sofrer minha dor é amenizada!
Te amo eternamente, pai !