Radioterapia para tumores cerebrais em crianças

O tratamento radioterápico utiliza radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células anormais que formam um tumor.
 
A radioterapia pode ser utilizada em diferentes situações, por exemplo, após a cirurgia para destruir as células cancerígenas remanescentes, como tratamento principal ou para aliviar os sintomas da doença.
 
A radioterapia não é administrada em crianças com menos de três anos, devido aos potenciais efeitos colaterais a longo prazo  no desenvolvimento do cérebro. O tratamento dessas crianças depende principalmente de cirurgia e quimioterapia. A radioterapia também pode provocar alguns problemas em crianças mais velhas.
 
A radioterapia externa consiste na irradiação do órgão alvo com doses fracionadas. O tratamento é realizado cinco vezes por semana, durante um período de algumas semanas. As principais técnicas radioterápicas utilizadas no tratamento dos tumores cerebrais são:

  • Radioterapia conformacional tridimensional. Essa técnica está baseada no planejamento tridimensional, permitindo concentrar a radiação na área a ser tratada e reduzir a dose nos tecidos normais adjacentes. Dessa forma, o tratamento é mais eficaz, com poucos efeitos colaterais, diminuindo as complicações clínicas e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.
  • Radioterapia de intensidade modulada. É uma forma de radioterapia tridimensional, no qual o equipamento se move em torno do paciente, enquanto libera a radiação. Essa técnica é usada na maioria das vezes, para tumores localizados próximos a estruturas importantes, como a medula espinhal.
  • Radioterapia com feixe de prótons. Essa técnica utiliza uma abordagem semelhante a radioterapia conformacional tridimensional, só que em vez de raios X são utilizados feixes de prótons. Ao contrário dos raios X que liberam energia durante seu trajeto, os prótons causam pouco dano aos tecidos que atravessam, liberando sua energia no órgão alvo. Essa abordagem pode ser útil para tumores cerebrais com margens distintas, mas ainda não está claro se será útil com tumores infiltrantes.
  • Radiocirurgia estereotáxica. É um tipo de radioterapia estereotáxica que normalmente libera a dose de radiação total em apenas uma única sessão. A radiocirurgia estereotáxica ou Gamma Knife é outro meio de utilização da radioterapia para tratamento de tumores cerebrais, usa um tipo de capacete especial, para manter a cabeça na posição correta durante o tratamento. Não é uma cirurgia em si, mas uma aplicação precisa e muito bem focalizada da radiação. O tecido normal, que fica em volta do tumor, recebe pouca ou nenhuma radiação.
  • Braquiterapia (radioterapia interna). Nesta técnica o tumor é irradiado a curta distância, ou seja, o material radioativo é colocado muito próximo ao tumor, às vezes em contato ou mesmo dentro dele. É um tipo de radioterapia que pode ser usada como tratamento exclusivo ou complementar à radioterapia externa em vários tipos de câncer.
  • Radioterapia de todo o cérebro (radiação cranioespinhal). Se os exames de imagem diagnosticaram que o tumor se disseminou em meninges, medula espinhal ou a doença é encontrada  no líquido cefalorraquidiano, toda a calota craniana deve ser irradiada. Alguns tumores, como ependimomas e meduloblastomas são mais propensos a se disseminar dessa forma.

Possíveis efeitos colaterais
 
A radiação é mais prejudicial para as células tumorais do que para as células normais, mas mesmo assim, o tecido cerebral normal também é danificado pela radiação, especialmente em crianças com menos de três anos de idade.
 
Durante a radioterapia, algumas crianças podem ficar irritadas e cansadas. Náuseas, vômitos e dores de cabeça também são possíveis, mas são raras. Às vezes o uso de dexametasona, um anti-inflamatório não hormonal pode aliviar esses sintomas.
 
Algumas semanas após a radioterapia, as crianças podem ficar sonolentas ou apresentar outros sintomas centrais (síndrome de sonolência por radiação ou efeito de radiação retardada). Geralmente esse sintoma desaparece após algumas semanas.
 
Se grandes áreas do cérebro forem irradiadas, as crianças podem perder alguma função cerebral. Os problemas podem incluir perda de memória, mudanças de personalidade e problemas no aprendizado. Estes podem melhorar com o tempo, mas alguns efeitos podem ser duradouros. Outros sintomas podem incluir convulsões e crescimento lento. Podem existir outros sintomas dependendo da área do cérebro irradiada e da dose de radiação administrada.
 
Raramente, uma grande massa de tecido necrosado se forma no local do tumor meses ou anos após a radioterapia (necrose radioterápica). Muitas vezes essa necrose pode ser tratada com corticosteroides, mas, em alguns casos, pode ser necessária a realização de uma cirurgia para remover esse tecido.
 
A radiação pode danificar genes nas células normais. Como resultado, existe um pequeno risco de desenvolver um segundo câncer na área irradiada. Se isso ocorrer, é geralmente muitos anos após a administração da radioterapia. Este pequeno risco não deve impedir que crianças que precisem de radioterapia façam o tratamento. É importante continuar o acompanhamento com o médico do seu filho para que, caso ocorra qualquer problema possa ser diagnosticado e, se necessário, iniciado o tratamento.
 
O risco desses efeitos deve ser ponderado contra os riscos de não utilizar a radioterapia e de ter menos controle do tumor. Se os problemas aparecem após o tratamento, muitas vezes, é difícil determinar se eles foram provocados pelo próprio tumor, pela cirurgia ou devido a radioterapia, ou ainda da combinação destes. Os pesquisadores estão constantemente avaliando doses mais baixas ou diferentes maneiras de administrar a radioterapia para verificar se formas mais eficazes, que provoquem menos problemas.
 
As células cerebrais normais crescem rapidamente nos primeiros anos de vida, tornando-se muito sensíveis às radiações. Em função disso, a radioterapia, não é usada ou é adiada em crianças com menos de três anos de idade para evitar danos que possam afetar o desenvolvimento do cérebro. Isso precisa ser equilibrado com o risco do crescimento do tumor, como a radioterapia preventiva em alguns casos. É importante que você converse com o médico do seu filho sobre os riscos e benefícios do tratamento.
 
Para saber mais, consulte nosso conteúdo sobre Radioterapia.
 
Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenciá-los, consulte nosso conteúdo Efeitos Colaterais do Tratamento.
 
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 20/06/2018, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.

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