Terapia-alvo para câncer de pulmão de não pequenas células

A terapia-alvo age de forma diferente dos quimioterápicos convencionais, e muitas vezes têm efeitos colaterais menos intensos. Atualmente, é mais usada no tratamento do câncer de pulmão avançado isoladamente ou junto com a quimioterapia.
 
Medicamentos que têm como alvo o fator de crescimento dos vasos sanguíneos (Angiogênese)
 
Para os tumores crescerem, eles devem formar novos vasos sanguíneos para mantê-los nutridos. Este processo é chamado de angiogênese. Algumas terapias-alvo bloqueiam o crescimento dos novos vasos sanguíneos.

  • Bevacizumabe. É um tipo de anticorpo monoclonal produzido a partir de uma proteína específica do sistema imunológico. O alvo é o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), uma proteína que ajuda a formar novos vasos sanguíneos. Esse medicamento é frequentemente utilizado com a quimioterapia por um tempo. Então, se o câncer responde, a quimioterapia pode ser interrompida e o bevacizumabe administrado de forma isolada até que a doença comece a avançar novamente.
  • Ramucirumabe. É um anticorpo monoclonal que atua num receptor de VEGF, o que ajuda a interromper a formação de novos vasos sanguíneos. Esse fármaco é mais frequentemente administrado após outro tratamento não ser mais eficiente. É frequentemente combinado com quimioterapia.

Os efeitos colaterais comuns desses medicamentos incluem aumento da pressão arterial,  cansaço, sangramento, diminuição dos glóbulos brancos, dores de cabeça, aftas, perda de apetite e diarreia. Outros efeitos colaterais raros, mas potencialmente graves, podem incluir formação de coágulos sanguíneos, hemorragias importantes, perfuração do intestino, problemas cardíacos e cicatrização lenta.
 
Devido aos riscos de sangramento, estes medicamentos normalmente não são utilizados em pacientes que apresentam expectoração com sangue ou que fazem uso de anticoagulantes. Devido ao risco de hemorragia pulmonar, esses medicamentos não são recomendados para pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células do tipo espinocelular.
 
Medicamentos que têm como alvo alterações no gene KRAS
 
Alguns tumores de pulmão de não pequenas células têm alterações no gene KRAS que os leva a produzir uma forma anormal da proteína KRAS. Essa proteína ajuda às células cancerígenas a crescerem e se disseminar.
 
Cerca de 13% dos pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células tem um tipo específico de alteração no gene KRAS denominada mutação KRAS G12C. Os tumores de pulmão de não pequena células com esta mutação são frequentemente resistentes a outras terapias-alvo, como os inibidores de EGFR.
 
O sotorasibe e o adagrasibe são inibidores de KRAS que se ligam a proteína KRAS G12C, impedindo que as células cancerígenas cresçam.
 
Esses medicamentos são administrados por via oral, geralmente uma ou duas vezes ao dia.
 
Os efeitos colaterais frequentes dos inibidores de KRAS podem incluir diarreia, dor articular e muscular, náuseas e vômitos, perda de apetite, cansaço, tosse, diminuição das taxas sanguíneas e alterações em outros resultados de exames de sangue. Efeitos colaterais menos frequentes, mas importantes, podem incluir problemas hepáticos, bem como inflamação ou cicatrizes nos pulmões, o que pode dificultar a respiração.
 
Medicamentos que têm como alvo o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR)
 
O receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) é uma proteína encontrada na superfície das células, que normalmente as ajuda a crescer e se dividir. Algumas células do câncer de pulmão de não pequenas células possuem EGFR em excesso, o que faz com que elas cresçam mais rapidamente. Os medicamentos denominados inibidores de EGFR bloqueiam o sinal do EGFR e interrompem o crescimento das células. Alguns desses medicamentos são usados no tratamento do câncer de pulmão de não pequenas células.
 
          Inibidores de EGFR usados no câncer de pulmão de não pequenas células com mutações no gene EGFR

  • Erlotinibe.
  • Afatinibe.
  • Gefitinibe.
  • Osimertinibe.
  • Dacomitinibe.

Para câncer de pulmão de não pequenas células avançado. Esses medicamentos podem ser usados isoladamente como primeira linha de tratamento para pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células avançado com determinadas mutações no gene EGFR. A maioria desses medicamentos é administrada isoladamente, embora o erlotinibe também possa ser usado junto com uma terapia-alvo que interfira no crescimento de novos vasos sanguíneos.
 
Para câncer de pulmão de não pequenas células em estágio inicial. O osimertinibe também pode ser usado como tratamento adjuvante após a cirurgia para alguns cânceres de pulmão em estágio inicial com mutações no gene EGFR.
 
Esses medicamentos são administrados por via oral.
 
          Inibidores de EGFR que têm como alvo as células com a mutação T790M
 
Os inibidores de EGFR podem, muitas vezes, reduzir o tamanho dos tumores durante vários meses. Mas eventualmente esses medicamentos param de responder na maioria dos pacientes, geralmente porque as células cancerígenas desenvolvem outra mutação no gene EGFR. Uma dessas mutações é conhecida como T790M. O osimertinibe é um inibidor de EGFR que atua contra células com a mutação T790M.
 
Os médicos geralmente fazem outra biópsia de tumor quando os inibidores de EGFR deixam de responder para saber se o paciente desenvolveu a mutação T790M.
 
          Inibidores de EGFR que têm como alvo a mutação do exon 20
 
Embora os inibidores de EGFR citados acima possam ajudar muitos pacientes cujas células cancerígenas têm mutações no gene EGFR, não são úteis a todos. Por exemplo, células cancerígenas com a alteração no gene EGFR conhecida como mutação de inserção do exon 20 são menos propensas a serem atingidas por esses medicamentos.
 
No entanto, outros medicamentos que têm como alvo as células cancerígenas com a mutação do exon 20 já estão disponíveis.
 
O amivantamabe é um anticorpo monoclonal que tem como alvo duas proteínas que ajudam as células cancerígenas a crescer: EGFR e MET. Por se ligar a duas proteínas, é denominado anticorpo bioespecífico. Esse medicamento é administrado por infusão venosa.
 
O mobocertinibe é um medicamento que tem como alvo a proteína EGFR de uma forma ligeiramente diferente. Esse medicamento é administrado por via oral, geralmente uma vez ao dia.
 
Esses medicamentos podem ser usados no tratamento do câncer de pulmão de não pequenas células avançado quando as células cancerígenas têm uma mutação do exon 20, geralmente após a tentativa de quimioterapia.
 
          Inibidores de EGFR usados para câncer de pulmão de não pequenas células tipo espinocelular
 
O necitumumabe é um anticorpo monoclonal que tem como alvo o EGFR. Ele pode ser usado junto com a quimioterapia como o primeiro tratamento em pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células tipo espinocelular. Este fármaco é administrado por via endovenosa.
 
Efeitos colaterais dos inibidores de EGFR
 
Os efeitos colaterais frequentes de todos os inibidores de EGFR incluem problemas de pele, diarreia, aftas e perda de apetite. Os problemas de pele podem incluir erupções cutâneas no rosto e no tórax, podendo levar a infecções na pele.
 
Esses medicamentos também podem provocar efeitos colaterais mais importantes, mas menos frequentes. Por exemplo:

  • Anticorpos monoclonais, como amivantamabe e necitumumabe, podem, às vezes, provocar reações durante ou após a sua administração.
  • O amivantamabe pode provocar problemas oculares ou doença pulmonar grave.
  • O necitumumabe pode diminuir os níveis de certos minerais no sangue, o que pode afetar o ritmo cardíaco e, em alguns casos, pode colocar em risco a vida.
  • O mobocertinibe pode provocar doença pulmonar e danificar o músculo cardíaco. Também pode afetar o ritmo cardíaco, que em alguns casos pode ser fatal.

Medicamentos que têm como alvo células com alterações no gene ALK
 
Cerca de 5% dos cânceres de pulmão de não pequenas células têm uma mutação no gene ALK. Essa alteração é mais frequentemente observada em não fumantes com adenocarcinoma. A alteração do gene ALK produz uma proteína anormal que faz com que as células cresçam e se disseminem. Os medicamentos que têm como alvo a proteína ALK anormal incluem:

  • Crizotinibe.
  • Ceritinibe.
  • Alectinibe.
  • Brigatinibe.
  •  Lorlatinibe.

Esses medicamentos podem reduzir o tamanho dos tumores em pacientes com câncer de pulmão avançado com alteração no gene ALK. Embora eles possam ajudar quando a quimioterapia para de responder, eles são frequentemente administrados em vez da quimioterapia em pacientes com alteração no gene ALK.
 
Esses medicamentos são administrados por via oral.
 
Os efeitos colaterais mais frequentes dos inibidores de ALK incluem náuseas e vômitos, diarreia, constipação, fadiga e problemas oculares. Alguns efeitos colaterais podem ser importantes, como inflamação do tecido pulmonar, lesões hepáticas, neuropatia e problemas cardíacos.
 
Medicamentos que têm como alvo as células com alterações no gene ROS1
 
De 1% a 2% dos cânceres de pulmão de não pequenas células têm um rearranjo em um gene denominado ROS1. Essa alteração é mais frequentemente observada em pacientes com adenocarcinoma e cujos tumores também são negativos para as mutações ALK, KRAS e EGFR. O rearranjo do gene ROS1 é similar ao rearranjo do gene ALK, e alguns medicamentos podem responder em células com alterações nos genes ALK ou ROS1. Os medicamentos que têm como alvo a proteína ROS1 anormal incluem:

  • Crizotinibe.
  • Ceritinibe.
  • Lorlatinibe.
  • Entrectinibe.

Esses medicamentos reduzem o tamanho dos tumores em pacientes com cânceres de pulmão avançados que têm uma alteração no gene ROS1. O crizotinibe ou o ceritinibe podem ser usados como primeiro tratamento, em vez da quimioterapia, e o lorlatinibe pode ser usado quando o crizotinibe ou o ceritinibe deixam de responder. O entrectinibe pode ser usado em pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células metastático com alteração no gene ROS1.
 
Esses medicamentos são administrados por via oral.
 
Os efeitos colaterais frequentes dos inibidores de ROS1 incluem tonturas, diarreia, constipação, fadiga e problemas oculares. Alguns efeitos colaterais podem ser graves, como inflamação do tecido pulmonar ou em outras partes do corpo, problemas hepáticos, neuropatia periférica e problemas cardíacos.
 
Medicamentos que têm como alvo as células com alterações no gene BRAF
 
Em alguns tumores, as células apresentam alterações no gene BRAF. As células com essas alterações produzem a proteína BRAF alterada que as ajuda a crescer. Os medicamentos que têm como alvo esse gene e as proteínas relacionadas são:

  • Dabrafenibe. É um tipo de medicamento conhecido como inibidor de BRAF, que ataca diretamente a proteína BRAF.
  • Trametinibe. É conhecido como um inibidor da MEK, porque ataca as proteínas MEK relacionadas.

Esses medicamentos podem ser usados juntos no tratamento do câncer de pulmão de não pequenas células metastático se houver algum tipo de alteração no gene BRAF.
 
Esses medicamentos são administrados por via oral, diariamente.
 
Os efeitos colaterais mais frequentes podem incluir alterações da pele, erupção cutânea, coceira, sensibilidade ao sol, dor de cabeça, febre, dor nas articulações, fadiga, perda de cabelo, náusea e diarreia. Os efeitos colaterais raros, mas importantes, podem incluir hemorragias, problemas cardíacos, problemas hepáticos ou renais, problemas pulmonares, reações alérgicas, problemas cutâneos ou oculares e aumento dos níveis de açúcar no sangue.
 
Alguns pacientes tratados com esses medicamentos desenvolvem câncer de pele, principalmente o câncer de pele espinocelular. Por essa razão você deve fazer acompanhamento regular durante e após seu tratamento, para que seu médico possa examinar sua pele frequentemente. Você também deve comunicar seu médico, imediatamente, se notar quaisquer novos crescimentos ou áreas anormais em sua pele.
 
Medicamentos que têm como alvo alterações no gene RET
 
Em uma pequena porcentagem de tumores de pulmão de não pequenas células, as células apresentam determinadas alterações no gene RET que produz uma forma anormal da proteína RET. Essa proteína ajuda às células a crescer.
 
O selpercatinibe e o pralsetinibe são inibidores do RET, que agem atacando a proteína RET. Esses medicamentos podem ser usados no tratamento do câncer de pulmão de não pequenas células avançado se as células cancerígenas tiverem alterações no gene RET.
 
Esses medicamentos são administrados por via oral, geralmente uma ou duas vezes ao dia.
 
Os efeitos colaterais frequentes dos inibidores RET podem incluir boca seca, diarreia ou constipação, aumento da pressão arterial, cansaço, inchaço nas mãos ou pés, erupção cutânea, aumento do nível de açúcar no sangue, dor muscular e articular, diminuição das taxas sanguíneas e alterações em alguns outros resultados de exames de sangue. Os efeitos colaterais menos frequentes, mas importantes, podem incluir problemas hepáticos, problemas pulmonares, reações alérgicas, alterações no ritmo cardíaco, sangramento e problema de cicatrização.
 
Medicamentos que têm como alvo alterações no gene MET
 
Em alguns tumores de pulmão de não pequenas células, as células apresentam alterações no gene MET, o que leva a produção de uma forma anormal da proteína MET. Essa proteína ajuda às células a crescer e se disseminar.
 
O capmatinibe e o tepotinibe são inibidores de MET, que agem atacando a proteína MET. Esses medicamentos são usados no tratamento do câncer de pulmão de não pequenas células metastático se as células cancerígenas tiverem alterações no gene MET.
 
O capmatinibe é administrado por via oral, normalmente duas vezes por dia. O tepotinibe também é administrado por via oral, mas geralmente uma vez ao dia.
 
Os efeitos colaterais frequentes dos inibidores MET podem incluir inchaço nas mãos ou pés, náuseas ou vômitos, cansaço, perda de apetite, constipação ou diarreia, alterações nos resultados de exames sanguíneos e dor articular e muscular. Efeitos colaterais menos frequentes, mas importantes, podem incluir inflamação ou formação de cicatrizes nos pulmões, o que pode dificultar a respiração, bem como problemas hepáticos.
 
Medicamentos que têm como alvo alterações no gene HER2
 
Em uma pequena porcentagem de tumores de pulmão de não pequenas células, as células cancerígenas apresentam certas alterações no gene HER2 que as ajudam a crescer.
 
Trastuzumabe deruxtecan é um tipo de medicamento conhecido como anticorpo-droga conjugado. É composto por um anticorpo produzido em laboratório que tem como alvo a proteína HER2, ligada a um medicamento quimioterápico. O anticorpo age como um sinal de orientação ao se ligar à proteína HER2 nas células cancerígenas, levando a quimioterapia diretamente a elas.
 
Esse medicamento pode ser usado no tratamento no câncer de pulmão de não pequenas células que não pode ser removido cirurgicamente ou que se disseminou, se as células cancerígenas tiverem alterações no gene HER2 e se pelo menos uma outra linha de tratamento medicamentoso já tiver sido tentado.
 
Esse medicamento é administrado por via intravenosa, geralmente uma vez a cada três semanas. Pode provocar diminuição das células sanguíneas, o que pode aumentar o risco de infecções e sangramento. Outros efeitos colaterais frequentes podem incluir náuseas e vômitos, diarreia ou constipação, perda de apetite, febre, sensação de cansaço e queda de cabelo.
 
Medicamentos que têm como alvo as células com alterações no gene NTRK
 
Uma pequena porcentagem dos e cânceres de pulmão de não pequenas células tem alterações em um dos genes NTRK. As células com essas alterações podem levar ao crescimento celular anormal e ao câncer. O larotrectinibe e o entrectinibe visam e desativam as proteínas produzidas pelos genes NTRK. Esses medicamentos podem ser usados em pacientes com câncer de pulmão avançado que ainda está em crescimento, apesar de outros tratamentos e cujo tumor tenha a alteração no gene NTRK.
 
Esses medicamentos são administrados por via oral, uma ou duas vezes ao dia.
 
Os efeitos colaterais frequentes incluem tontura, fadiga, náuseas, vômitos, constipação, ganho de peso e diarreia. Os efeitos colaterais raros, porém importantes, podem incluir alterações hepáticas, problemas cardíacos e problemas neurológicos como confusão.
 
Para saber se o medicamento que você está usando está aprovado pela ANVISA acesse nosso conteúdo sobre Medicamentos ANVISA.
 
Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenciá-los, consulte nosso conteúdo Efeitos Colaterais do Tratamento.
 
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 13/12/2022, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.

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