Terapia-alvo para câncer de mama em homens

A medida que os pesquisadores aprendem mais sobre as mudanças nas células que causam o câncer, eles têm sido capazes de desenvolver novos tipos de drogas que visam atacar receptores cancerígenos específicos.
 
A terapia-alvo consiste justamente nesse tratamento, que ataca especificamente essas moléculas, que sabidamente estão envolvidas no crescimento e disseminação das células cancerígenas.
 
Terapia-alvo para câncer de mama HER2+
 
Em alguns homens com câncer de mama, as células cancerígenas têm uma proteína promotora do crescimento conhecida como HER2/neu (ou apenas HER2) em sua superfície. Esses cânceres, conhecidos como câncer de mama HER2+, tendem a crescer e se disseminar de forma mais agressiva.
 
Vários medicamentos foram desenvolvidos para atacar essa proteína:
 
          Anticorpos monoclonais
 
Trastuzumabe. Esse medicamento pode ser usado no tratamento do câncer de mama em estágio inicial e avançado. O trastuzumabe é frequentemente combinado com quimioterapia, mas também pode ser administrado isoladamente. Quando iniciado antes (terapia neoadjuvante) ou após (terapia adjuvante) a cirurgia no tratamento do câncer de mama em estágio inicial, é administrado por seis meses a um ano. Para o câncer de mama avançado, o tratamento, geralmente, é feito enquanto o medicamento for eficaz. É administrado por via intravenosa.
 
Pertuzumabe. É um anticorpo monoclonal usado no tratamento do câncer de mama em estágio inicial ou avançado, que pode ser administrado com trastuzumabe e quimioterapia, antes ou depois da cirurgia. Para pacientes que recebem esses dois anticorpos monoclonais como parte do tratamento, uma combinação de trastuzumabe, pertuzumabe e hialuronidase também está disponível em dose conjunta. Esse medicamento é administrado por via intravenosa.
 
Margetuximabe. Este anticorpo monoclonal pode ser usado junto com a quimioterapia no tratamento do câncer de mama avançado. É administrado por via intravenosa.
 
          Anticorpo-droga conjugado
 
Um conjugado anticorpo-droga (ADC) é um anticorpo monoclonal ligado a um medicamento quimioterápico. Nesse caso, o anticorpo anti-HER2 age como um sinal de orientação ao se ligar à proteína HER2 nas células cancerígenas, levando a quimioterapia diretamente as células.
 
Ado-trastuzumabe emtansina. Este medicamento é utilizado isoladamente no tratamento do câncer de mama em estágio inicial após a cirurgia ou no tratamento da doença avançada em homens que já foram tratados com trastuzumabe e quimioterapia. É administrado por via intravenosa.
 
Fam-trastuzumabe deruxtecan. Este medicamento pode ser usado isoladamente no tratamento do câncer de mama que não pode ser removido cirurgicamente ou que está disseminado, geralmente, após pelo menos duas outras terapias-alvo anti-HER2 terem sido tentadas. É administrado por via intravenosa. Também pode ser usado no tratamento de tumores de mama HER2- que não podem ser removidos cirurgicamente ou disseminados, geralmente, após a quimioterapia ter sido tentada ou se a doença recidivou após seis meses após o término da quimioterapia adjuvante.
 
          Inibidores de quinase
 
HER2 é um tipo de proteína conhecida como quinase. As quinases são proteínas nas células que normalmente transmitem sinais (como dizer à célula para se desenvolver e crescer). Drogas que bloqueiam quinases são chamadas de inibidores de quinase.
 
Lapatinibe. Este medicamento é usado no tratamento do câncer de mama avançado, geralmente, junto com capecitabina ou com determinadas hormonioterapias. Este medicamento é administrado por via oral, diariamente.
 
Neratinibe. Este inibidor da quinase é administrado por via oral, diariamente. É usado no tratamento do câncer de mama em estágio inicial, após um ano de trastuzumabe e é, geralmente, administrado por um ano. Também pode ser administrado junto com capecitabina no tratamento da doença avançada, geralmente, após pelo menos duas outras terapias-alvo anti-HER2 terem sido testadas.
 
Tucatinibe. Esse inibidor de quinase é administrado por via oral, duas vezes ao dia. É usado no tratamento do câncer de mama avançado, depois que pelo menos uma outra terapia-alvo anti-HER2 foi administrada. Geralmente é aplicada junto com trastuzumabe e capecitabina.
 
Possíveis efeitos colaterais
 
Os efeitos colaterais dos medicamentos que têm como alvo o HER2 geralmente são leves, mas alguns podem ser importantes. Converse com seu médico sobre o que esperar para os medicamentos que você está tomando e como gerenciá-los.
 
Os anticorpos monoclonais e os conjugados anticorpo-droga podem, às vezes, provocar problemas cardíacos durante ou após o tratamento, o que pode levar à insuficiência cardíaca congestiva. Para a maioria dos pacientes, esse efeito é temporário e melhora quando o tratamento é suspenso. O risco de problemas cardíacos aumenta quando esses medicamentos são administrados com certos medicamentos quimioterápicos, como doxorrubicina e epirrubicina. Por esta razão, a função cardíaca é acompanhada regularmente durante o tratamento com o medicamento. Informe o médico se desenvolver sintomas, como inchaço nas pernas, falta de ar e fadiga severa.
 
O lapatinibe, neratinibe, tucatinibe e a combinação de pertuzumabe com trastuzumabe podem provocar diarreia severa, por isso é importante informar, imediatamente, ao médico sobre eventuais alterações no hábito intestinal. O lapatinibe e o tucatinibe também podem causar a síndrome mão-pé, podendo provocar a formação de bolhas e descamação nas mãos e pés
 
O lapatinibe, neratinibe e tucatinibe podem provocar problemas hepáticos. Por essa razão o médico acompanhará a função hepática com exames de sangue regulares durante o tratamento. Informe, imediatamente, o médico se tiver sinais ou sintomas de problemas hepáticos, como coceira na pele, amarelecimento da pele ou das partes brancas dos olhos, urina escura ou dor abdominal.
 
O fam-trastuzumabe deruxtecan pode provocar doença pulmonar importante em alguns pacientes. É importante informar, imediatamente, o médico se apresentar sintomas como tosse, dificuldade respiratória ou febre.
 
Terapia-alvo para câncer de mama receptor de hormônio positivo
 
Em cerca de 90% dos homens com câncer de mama os tumores são positivos para receptores hormonais (HR+). Às vezes, eles são denominados câncer de mama positivo para receptor de estrogênio (ER+) ou positivo para receptor de progesterona (PR+). Esses tumores são comumente tratados com hormonioterapia. Entretanto, determinadas terapias-alvo podem tornar a hormonioterapia ainda mais eficaz, embora, também, possam aumentar os efeitos colaterais.
 
          Inibidores de CDK4/6
 
Esses medicamentos bloqueiam proteínas na célula denominadas quinases dependentes de ciclina (CDKs), particularmente CDK4 e CDK6. O bloqueio dessas proteínas nas células do câncer de mama receptor de hormônio positivo impede que eles se dividam, o que pode retardar o crescimento do tumor.
 
Esses medicamentos podem ser usados no tratamento do câncer de mama de homens receptor de hormônio positivo e HER2-. Eles são administrados por via oral, geralmente, uma ou duas vezes por dia. Existem diferentes formas de prescrever esses medicamentos:

  • Para homens com câncer de mama em estágio inicial disseminado para os linfonodos e com chance de recidiva após a cirurgia, o abemaciclibe pode ser administrado como tratamento adjuvante junto com tamoxifeno ou um inibidor de aromatase. Geralmente é administrado por dois anos.
  • Qualquer um desses medicamentos pode ser administrado junto com um inibidor de aromatase ou fulvestranto no tratamento do câncer de mama avançado.
  • O abemaciclibe também pode ser usado isoladamente em homens com câncer de mama avançado previamente tratados com hormonioterapia e quimioterapia.

Os efeitos colaterais frequentes desses medicamentos são diminuição das taxas sanguíneas e fadiga. Efeitos menos frequentes que podem ocorrer incluem náuseas e vômitos, aftas, perda de cabelo, diarreia e dor de cabeça. Um efeito colateral raro, mas possivelmente fatal, é a inflamação dos pulmões (doença pulmonar intersticial ou pneumonite).
 
          Inibidor de PI3K
 
O alpelisib é uma terapia-alvo conhecida como inibidor da PI3K. Ele bloqueia uma forma da proteína PI3K nas células cancerígenas, que as impede de crescer.
 
Esse medicamento pode ser utilizado junto com o fulvestranto no tratamento de pacientes com câncer de mama HER2-, receptor de hormônio positivo avançado com uma mutação PIK3CA que cresceu durante ou após o tratamento com um inibidor da aromatase. Cerca de 30 a 40% dos cânceres de mama têm um gene PIK3CA mutante.
 
Esse medicamento é administrado por via oral, uma vez por dia.
 
Os efeitos colaterais podem incluir níveis elevados de glicose, problemas renais, hepáticos ou pancreáticos, diarreia, erupções cutâneas, diminuição das taxas sanguíneas, náuseas e vômitos, fadiga, diminuição do apetite, aftas, perda de peso, problemas de coagulação e perda de cabelo. Pacientes com histórico de reações cutâneas importantes devem informar o médico antes de iniciar o tratamento com esses medicamento.
 
          Inibidor mTOR
 
Everolimus. Esse medicamento bloqueia a mTOR, uma proteína nas células que, normalmente, as ajuda a crescer e se dividir. Também impede que os tumores desenvolvam novos vasos sanguíneos, o que limita o crescimento do tumor. No tratamento do câncer de mama, esse medicamento potencializa a hormonioterapia. O everolimus é administrado por via oral, uma vez ao dia. Esse medicamento está aprovado para tratamento do câncer de mama avançado em mulheres que já passaram pela menopausa, receptor de hormônio positivo, HER2-negativo. Pode ser usado com o exemestano nessas mulheres se seus tumores crescerem quando foram tratadas com letrozol ou anastrazol. O everolimus também está em estudo para uso em câncer de mama em estágio inicial combinado com outras terapias. Embora a maioria dos estudos avalia mulheres, alguns deles incluíram homens. Os efeitos colaterais frequentes desse medicamento incluem feridas na boca, diarreia, náuseas, fadiga, sensação de fraqueza ou cansaço, diminuição das taxas sanguíneas, falta de ar e tosse. O everolimus também pode aumentar os lipídios (colesterol e triglicérides) e o açúcar no sangue. Também pode aumentar o risco de infecções.
 
          Conjugado anticorpo-droga
 
Um conjugado anticorpo-droga (ADC) é um anticorpo monoclonal ligado a um medicamento quimioterápico. O anticorpo age como um sinal de orientação ao se ligar a uma proteína específica nas células cancerígenas, levando a quimioterapia diretamente a elas.
 
Sacituzumabe govitecan. No caso desse medicamento, a parte do anticorpo monoclonal se liga à proteína Trop-2 nas células do câncer de mama levando a quimioterapia diretamente a elas. Esse medicamento pode ser usado no tratamento do câncer de mama HER2-, receptor hormonal positivo avançado, em pacientes já tratados com hormonioterapia e com pelo menos dois esquemas de quimioterapia. É administrado por via intravenosa, semanalmente por duas semanas, seguido por uma semana de descanso e, em seguida, reiniciado. Alguns efeitos colaterais frequentes desse medicamento incluem náuseas, vômitos, diarreia, constipação, fadiga, erupção cutânea, perda de apetite, perda de cabelo, diminuição dos glóbulos vermelhos e dor abdominal. Os efeitos colaterais importantes podem incluir risco de infecção, diarreia severa, e reações à infusão.
 
Terapia-alvo para homens com mutações no BRCA
 
O olaparibe e o talazoparibe são medicamentos conhecidos como inibidores da PARP, que são proteínas que normalmente reparam o DNA danificado dentro das células. Os genes BRCA (BRCA1 e BRCA2) também reparam o DNA, (embora de uma forma ligeiramente diferente), mas mutações em um desses genes podem impedir que isso ocorra. Os inibidores de PARP bloqueiam as proteínas PARP. Como as células tumorais com um gene BRCA mutado já apresentam problemas para reparar o DNA danificado, o bloqueio das proteínas PARP geralmente destrói essas células.
 
O olaparibe pode ser utilizado no tratamento do câncer de mama avançado, HER2-, em pacientes com mutação BRCA já tratados com quimioterapia (e hormonioterapia, se o tumor for receptor hormonal positivo).
 
Esse medicamento é administrado por via oral, uma ou duas vezes por dia.
 
Os efeitos colaterais podem incluir náuseas, vômitos, diarreia, fadiga, perda de apetite, alterações no paladar, anemia, diminuição das taxas sanguíneas, dor abdominal e dores musculares e articulares. Efeitos colaterais raros que podem ocorrem com pacientes tratados com inibidores de PARP são doença no sangue, como síndrome mielodisplásica ou leucemia mieloide aguda.
 
Terapia-alvo para câncer de mama triplo negativo
 
No câncer de mama triplo negativo, as células cancerígenas não têm receptores de estrogênio ou progesterona e produzem pouca ou nenhuma proteína HER2.
 
          Conjugado anticorpo-droga
 
Um conjugado anticorpo-droga é um anticorpo monoclonal ligado a um medicamento quimioterápico. O anticorpo age como um sinal de orientação ao se ligar a uma proteína específica nas células cancerígenas, levando a quimioterapia diretamente a elas.
 
Sacituzumabe govitecan. No caso desse medicamento, a parte do anticorpo monoclonal se liga à proteína Trop-2 nas células do câncer de mama e leva a quimioterapia diretamente para elas. Esse conjugado anticorpo-droga pode ser usado isoladamente para tratar o câncer de mama triplo negativo avançado, após pelo menos dois outros esquemas de quimioterapia terem sido tentados. É administrado por via intravenosa, semanalmente por duas semanas, seguido por uma semana de descanso e depois reiniciado. Alguns efeitos colaterais frequentes incluem náuseas, vômitos, diarreia, constipação, sensação de cansaço, erupção cutânea, perda de apetite, perda de cabelo, diminuição dos glóbulos vermelhos e dor abdominal. Os efeitos colaterais importantes podem incluir risco de infecção, diarreia severa e reações à infusão.
 
Para saber se o medicamento que você está usando está aprovado pela ANVISA acesse nosso conteúdo sobre Medicamentos ANVISA.
 
Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenciá-los, consulte nosso conteúdo Efeitos Colaterais do Tratamento.
 
Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 03/03/2023, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.

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