Projeto torna diagnóstico de câncer mais acessível às pessoas mais necessitadas

Lilian Moreira, de 40 anos, demonstra alívio ao receber das mãos de um técnico o envelope pardo, com um grafismo feminino e multicor, logomarca da ação "Mulheres Amigas Temporada Amazônia", e o laudo de exame gratuito de mamografia que ela acabara de realizar, pela primeira vez, sem nenhum achado. "Não deu nada", comemora timidamente a dona de casa, uma das 65 mulheres atendidas na segunda-feira pela equipe de atendimento na carreta da ação estacionada na quadra 21, na frente do CRAS Xerente, no setor Taquari, em Palmas.

O biomédico e técnico em radiologia Elvio Oliveira coordena a ação e explica o atendimento. "A Mulheres Amigas Temporada Amazônia faz exames gratuitos de detecção e diagnóstico do câncer de mama entre as que vivem em situação de vulnerabilidade social. A paciente faz o exame de mamografia, caso a médica veja alguma suspeita na imagem, pede um complemento feito na carreta e, caso seja preciso diagnosticar fora daqui, a gente encaminha para um hospital parceiro da região." Agora, a carreta percorrerá as cidades de São Luís (MA), de 24 de março a 2 de abril; Belém (PA), de 8 a 17 de abril; Santarém (PA), de 24 de abril a 3 de maio; Manaus (AM), de 11 a 20 de maio; e Cuiabá (MT) de 28 de maio a 6 de abril.

Ao sul da capital do Tocantins, o Taquari é um dos mais distritos mais populosos em pessoas com alguma vulnerabilidade. Por isso, abriu a parceria entre a ONG Mulheres Amigas e a farmacêutica Daiichi Sankyo. Para ser examinada, a mulher preenche um cadastro e é acionada pela equipe para o exame, caso atenda variáveis médicas e sociais. Entre os critérios médicos, de acordo com o coordenador Oliveira, terão prioridade as mulheres com algum sintoma, como dor ou caso de câncer de mama na família. Entre os critérios sociais, há o cadastro único da União ou receber algum auxílio do governo federal.

O diferencial da ação é a oferta do diagnóstico para mulheres acima de 40 anos. São dez anos abaixo da idade preconizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), um recorte importante para eventual detecção precoce da doença, como tem ocorrido na capital do Tocantins, que registra uma média de cinco casos suspeitos por dia.

O projeto iniciado no dia 8 tem a meta de atender 800 mulheres do setor. O Taquari abriga 1.758 mulheres acima de 40 anos, segundo dados da Prefeitura de Palmas. Até quarta-feira, foram 673 mamografias realizadas na carreta e 73 mulheres atendidas que precisaram de exames complementares à mamografia. O complemento, que inclui ultrassonografia, detectou 41 casos suspeitos.

As mulheres com suspeita de nódulos foram encaminhadas para consulta com um mastologista, que determinará quais farão biópsia, explica a presidente da ONG Américas Amigas, Andréa da Veiga Pereira, ao ressaltar a importância dos achados. "A gente está feliz porque essa é nossa maior ação nesta região do País, com estimativa de 4 mil mulheres a serem examinadas no total. E em Palmas o que tem se destacado é o número alto de notificações de mulheres que, pela primeira vez, fazem mamografia, e apresentam casos suspeitos".

De acordo com a ONG, a carreta realizará exames em 4 mil mulheres durante 95 dias de percurso e 60 dias de atendimento. Em Belém, que já está com a capacidade de agendamento esgotada, haverá uma sessão de treinamento e capacitação de agentes comunitários e enfermeiros.

A presidente aponta a necessidade da redução da idade para o exame como uma bandeira da ação. "Eu considero para nós um dever fazer o trabalho com essas mulheres e poder com os nossos parceiros propiciar exames para que a nossa meta de reduzir a mortalidade de câncer de mama se concretize. Por isso, esse projeto faz exames com mulheres acima de 40 anos.

O governo estipulou que a mulher fizesse após os 50 anos, mas médicos, aqui e fora do Brasil, defendem que comece logo após os 40. E a gente levou a carreta para Brasília para chamar a atenção que é necessário que se abaixe a idade. Quando mais cedo se detecta maior a chance de cura."

Pandemia ainda trouxe dificuldade de rastreio

Essas iniciativas são fundamentais, sobretudo quando se consideram as dificuldades trazidas pela pandemia. Dados do Datasus organizados pelo Instituto Oncoguia e pela Roche mostram que a biópsia, principal procedimento para identificar tumores, sofreu redução de 39,1% em 2020, em relação ao ano anterior. As mamografias de rastreamento, fundamentais para prevenção e diagnóstico do câncer de mama, caíram 49,8%.

Matéria publicada pelo portal Terra em 21/03/2022.

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