Um dos sintomas mais importantes no câncer é a dor. Estimativas mostram que 80% dos pacientes convivem com esse desconforto que pode beirar o insuportável e que traz grande impacto na qualidade de vida. "O tratamento é um direito e deve começar junto do diagnóstico”, defende a oncologista Maria del Pilar Estevez Diz, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP).
As sensações dolorosas costumam ser desencadeadas de diferentes maneiras. O próprio tumor pode pressionar nervos e outras estruturas, comprometendo a funcionalidade de órgãos. Procedimentos terapêuticos, caso da quimioterapia e da radioterapia, estão por trás de lesões em tecidos e também respondem pelo incômodo. Há ainda a dor crônica que acomete de 10 a 20% dos pacientes com câncer controlado, ou seja, nos pós-tratamento.
Para sanar o mal, os opióides estão na linha de frente. "A prescrição deve ser feita de maneira segura e responsável para chegar às mãos de quem realmente precisa”, defende Maria del Pilar. Mas alguns mitos rondam essas medicações. Há desde o medo de que cause dependência até a associação com o estágio final de vida, ou seja, com a morte. "Por falta de informação, a adesão fica abaixo do esperado”, lamenta a médica.
Outras estratégias em prol do alívio também são bem-vindas. "Acupuntura, massagem, fisioterapia e atividade física são recomendadas”, enumera a médica. "Sabemos que há um temor em relação à prática de exercícios, mas eles ajudam a evitar a perda de massa muscular e óssea, além de trazer bem-estar”, afirma. O recado da médica é recorrer a profissionais capacitados para que haja orientação adequada.
Educadores físicos e fisioterapeutas devem compor o quadro de especialistas que acompanham o paciente desde o diagnóstico. A presença do nutricionista também é essencial. Um cardápio personalizado contribui para aplacar sintomas como a constipação intestinal, que também pode causar dores.
Cuidados paliativos
É preciso que todo profissional de saúde aprenda a lidar com o sofrimento alheio, saiba acolher o paciente e sua família, respeitando e cuidando do que é sagrado para cada um. Trata-se de um momento de grande vulnerabilidade. O cuidado paliativo não deve ser restrito aos momentos finais, mas sim ter início ainda na fase do diagnóstico.
"Existem evidências científicas consistentes de que promova qualidade de vida, contribua para o controle de sintomas e aumente o tempo de sobrevida”, enumera Daniel Neves Forte, presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos. A formação médica nesse sentido é bastante precária, não há políticas de saúde.
Estimativas revelam que apenas 3% dos grandes hospitais do Brasil contam com uma equipe especializada para esse fim.
Fonte: Estadão
As opiniões contidas nas matérias divulgadas refletem unicamente a opinião do veículo, não caracterizando endosso, recomendação ou favorecimento por parte do Instituto Oncoguia.