Oncodebate: tudo sobre câncer de rim

Para fechar o mês de junho, no dia 30, reunimos especialistas de diferentes áreas para o nosso “OncoDebate: tudo sobre câncer de rim”. Eles discutiram sobre as principais dúvidas, dificuldades e prioridades do paciente com câncer de rim, além do atual cenário da doença no país, tratamentos e novidades da medicina oncológica que visam sempre proporcionar uma melhor qualidade de vida, respeitando cada caso e suas individualidades. Confira abaixo um resumo de tudo que rolou no nosso primeiro OncoDebate deste ano:

Abertura
Luciana Holtz, fundadora e presidente do Oncoguia

Em alusão ao Junho Verde, mês de conscientização sobre o câncer do rim, a presidente e fundadora do Oncoguia citou algumas das ações já realizadas, como por exemplo, a ação da coalizão internação IKCC e as campanhas Unidos pelo Junho Verde e Pegar Leve, Pega bem. No entanto, nas mídias sociais do Oncoguia, a campanha de educação dos pacientes seguirá ativa, com conteúdos informativos sobre a doença.

Luciana destacou a abertura de duas consultas públicas sobre incorporação de medicamentos para o câncer de rim. As informações sobre as consultas públicas 59 e 60 estão disponíveis no site da Conitec. 

Na abertura do OncoDebate, Luciana destacou que o objetivo era sinalizar o passo a passo do paciente, desde a primeira consulta com um médico urologista. Utilizando informações claras e acolhedoras, toda essa jornada pode ser vivida de maneira mais tranquila e com mais qualidade de vida. 

Conhecendo a importância do rins e o papel do urologista
Roni Fernandes, Diretor de Comunicação da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU)

Roni Fernandes começou sua palestra propondo uma reflexão sobre uma pesquisa de 2014, cujo foco era entender o que o paciente espera de um bom médico. Entres as respostas: ter empatia, ouvir  seus pacientes, ter compaixão e humildade. Competência e eficácia aparecem depois de todas essas qualidades, o que segundo o urologista, demonstra o desejo do paciente em se sentir acolhido pelo profissional de saúde. 

Roni explicou o que é a urologia, uma especialidade da medicina  que trata as doenças dos órgãos genitais e aparelho reprodutor masculino e do sistema urinário de homens e mulheres em todas as idades. Sobre os rins, falou sobre a localização dos dois órgãos na altura das costas e na região posterior do abdômen, cuja função é a de filtrar, ou seja, os rins fazem uma limpeza do nosso sangue, retiram substâncias que precisam ser expelidas do nosso corpo. 

Roni esclareceu alguns mitos e verdades sobre os rins. Por exemplo, de que é verdade que a água faz bem para os rins, sendo indicado o consumo diário entre 1,5 e 2 litros. Uma dica importante é observar a cor da urina, que deve ser bem clara, e não amarela escura. Segundo ele, o consumo adequado de água evita a formação de cálculos renais, popularmente conhecidos como pedras nos rins. 

Entre os fatores de risco do câncer de rim, o médico citou obesidade, hipertensão, diabetes e tabagismo. Roni destacou que o câncer de rim é mais comum entre os homens e que as pessoas mais velhas, acima dos 60 anos, precisam fazer exames periódicos para o possível diagnóstico de um tumor renal. 

Roni concluiu com um alerta importante, de que não existe a dor do rim. “Nunca espere sentir dor nas costas, uma massa palpável na barriga ou a presença de sangue na urina. O câncer de rim é um tumor que não podemos esperar pelos sintomas, precisamos identificá-lo na fase precoce.  Exames de imagem, como ultrassom e tomografia, a partir dos 40 anos, são fundamentais para a detecção precoce”, finalizou Roni Fernandes.  

Cheguei no urologista e agora?
Arnaldo Fazoli, urologista do Instituto de Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) 

Arnaldo Iniciou explicando como o paciente pode ajudar o urologista, para que juntos cheguem ao diagnóstico e à melhor opção para o tratamento. Segundo ele, é fundamental que o paciente se sinta à vontade no atendimento, seja uma consulta de rotina ou um atendimento de urgência, em um hospital particular ou no SUS. O médico ressaltou que várias questões levam o paciente até o urologista, como por exemplo, dor, histórico familiar, presença de sangue na urina, emagrecimento ou algum achado em exame de imagem de rotina.. Outra orientação é que o paciente deve se atentar para o tempo dos sintomas, o que ajuda o médico a pensar na principal hipótese a ser diagnosticada. 

O urologista destacou que o câncer de rim corresponde entre 2 a 3% de todos os tipos de cânceres. Ele demonstrou que as taxas de mortalidade de câncer do rim estão em queda desde 1990 por causa dos incidentalomas, ou seja, exames que, inicialmente, não tinham como objetivo detectar um tumor no rim, como por exemplo, uma ultrassonografia de rotina, sem qualquer tipo de sintoma. 

Arnaldo falou que o diagnóstico do câncer de rim é feito com exames de imagens. Ele explicou que a tomografia computadorizada é o principal exame para este diagnóstico, no entanto, alertou que não deve ser feita por qualquer pessoa, pois é necessária uma aplicação de contraste na veia. “Nem todo mundo tem acesso à tomografia e também precisa ficar claro que nem todo mundo precisa. Só fazemos o exame quando há uma alta suspeita”, observa Arnaldo. O urologista complementou dizendo que o ultrassom abdominal é muito eficiente para que o médico realize uma triagem, buscando qualquer tipo de alteração nos órgãos do paciente. E por fim, a ressonância magnética que tem uma grande precisão no diagnóstico. 

Entre os possíveis achados em um exame de imagem, o médico fez um esclarecimento. “Cisto simples no rim, até que se prove o contrário, é 100% benigno. E um nódulo sólido no rim, também até que se prove o contrário, é maligno”. Por isso, é importante o retorno ao consultório médico, pois é o urologista que vai entender o caso e passar o diagnostico correto.

Para finalizar, Arnaldo orientou que o paciente deve levar para consulta com o urologista todos os encaminhamentos, exames, histórico de saúde, lista de cirurgias, medicamentos e data do início dos sintomas. 

Sim, é câncer de rim!  
Ana Paula Cardoso, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein 

Ana Paula reforçou que mudanças no hábito de vida, como por exemplo, não fumar, manter um peso saudável e uma alimentação adequada, entre outros, diminuem em 50% as chances de câncer. “Nem todo mundo tem câncer hereditário. A maior parte das pessoas está exposta aos riscos ambientais. Por isso, as campanhas são tão importantes porque trazem a reflexão de que precisamos mudar os nossos hábitos”, complementa. 

Ana Paula comentou que o câncer de rim não está entre os dez tipos de cânceres mais frequentes na população, no entanto, precisa ser sempre debatido, já que mais de 400 mil pessoas são diagnosticadas, por ano, com a doença no mundo. Sobre o diagnóstico do câncer de rim, a oncologista informou que 45% são localizados e 30% metastáticos (quando o câncer se dissemina além do local onde começou). Sobre os tipos, 75% das pessoas com câncer de rim têm o câncer de células claras. 

A médica ressaltou que cada pessoa tem uma determinada resposta ao tratamento, e nenhum paciente pode ser comparado com outro. De acordo com a estratificação de risco (riscos favorável, intermediário ou ruim), que levam em consideração as condições clínicas do paciente, o médico irá determinar o melhor tratamento. Sobre as medicações, Ana Paula informou que elas inibem a capacidade de multiplicação da célula tumoral. A oncologista falou sobre as terapias-alvo e imunoterapia, que são os principais tratamentos sistêmicos, lembrando que a quimioterapia, na maioria das vezes, não trata o câncer de rim.

Suporte e apoio da equipe multidisciplinar
Tamara Teixeira,  enfermeira oncologista, membro fundadora da Associação Brasileira de Enfermagem em Oncologia e Onco-Hematologia (ABRENFOH) 

Tamara explicou que na oncologia a equipe multidisciplinar é composta por profissionais de diversas áreas, como médicos, enfermeiros, psicólogos, farmacêuticos, dentistas, fisioterapeutas e nutricionistas. Toda equipe é envolvida no tratamento do câncer, com o objetivo geral de melhorar a eficiência do tratamento e o atendimento ao paciente.  Segundo ela, a comunicação entre os membros da equipe, pacientes e familiares é fundamental nas tomadas de decisões compartilhadas.

A enfermeira esclareceu que cabe à equipe multidisciplinar definir o plano de tratamento do paciente. “Nossa missão é sempre buscar o que for melhor para o paciente, para isso facilitamos a integração entre os diferentes profissionais, reduzindo o tempo para o diagnóstico”, sinalizou. 

É muito importante que pacientes, familiares e cuidadores compreendam todas as informações que estão sendo passadas pela equipe multidisciplinar, e em caso de qualquer dúvida, Tamara ressalta que não deve existir medo ou vergonha de perguntar novamente. “Todos devem ter a mesma compreensão do que foi passado, e tudo isso corrobora para o bom estado de saúde do paciente”, observa. No entanto, os profissionais da equipe também utilizam algumas técnicas para garantir que tudo foi entendido, como por exemplo, que o familiar repita tudo o que foi falado. 

O papel das sociedades médicas na melhoria do tratamento do paciente com câncer de rim
Antonio Pompeu, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU)

Pompeo palestrou no Congresso Internacional do Câncer e, logo em seguida, estava presente para sua palestra no OncoDebate: tudo sobre rim. Ele contou que a Sociedade Brasileira de Urologia completou, em junho, 95 anos e conta com mais de 5 mil associados, com forte atuação na medicina continuada, defesa profissional, orientando e defendendo o médico, e também no incentivo à pesquisa, “A medicina é dinâmica e a urologia acompanha esse dinamismo. Precisamos estar constantemente atualizados para oferecer o que for de melhor, adequado às condições locais”, observou.  

Por conta  da pandemia, Pompeo contou que todo o planejamento da SBU precisou ser reformulado. O programa SBU na Estrada passou a ser SBU em Casa, com o mesmo objetivo: educar, agora com reuniões on-line divididas entre acadêmicos e residentes. Segundo ele, existem 77 programas de residência sob a supervisão da SBU. Os residentes participam ativamente das reuniões, em contato com os professores, nas discussões de temas e casos. Pompeu destacou que dentro desses temas, mais de 50% são voltados para a oncologia. 

Para os urologistas, Pompeu citou as reuniões que são realizadas duas vezes por semana. Em 500 dias de pandemia, a SBU promoveu 80 encontros on-line, com uma média de 350 médicos conectados, comprovando a confiança no trabalho da Sociedade. Para acompanhar toda a evolução da urologia, a SBU criou também um programa específico para o urologista sênior, com aulas e treinamentos. Pompeu concluiu dizendo que outro importante foco da SBU é com a comunidade, e para isso, a Sociedade também promove campanhas de conscientização, com orientações à população, principalmente sobre prevenção de doenças. 

O papel das sociedades médicas na melhoria do tratamento do paciente com câncer de rim
Renan Clara, diretor executivo da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC)

Renan falou sobre o trabalho da SBOC, tanto junto à ANS quanto ao SUS, para a incorporação de medicamentos que possam melhorar a qualidade de vida do paciente. Ele ressaltou o papel do Oncoguia, no engajamento de sociedades, instituições, médicos, pacientes e familiares para que todos participem das Consultas Públicas da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). E concluiu citando as duas CPs sobre a incorporação de medicamentos para o câncer de rim, que estão abertas neste momento. “E como sempre digo, incorporar não é o final, o final é o paciente tendo acesso ao medicamento que necessita”, finalizou.

Carta de Prioridades
Roger Rodrigues da Silva, atleta de futebol

Roger, de 36 anos, conhecido como o centroavante da camisa 9, teve passagens por muitos dos grandes clubes do futebol nacional, como Corinthians, Botafogo, São Paulo, Palmeiras,  Internacional e Ponte Preta, onde surgiu para o futebol e se tornou também ídolo. Recém aposentado dos campos, mas não do futebol, agora ele segue carreira como gerente de futebol na Inter de Limeira. Roger participou do OncoDebate e contou sua história. 

Tudo começou com uma dor nas costas em 2017, quando Roger jogava pelo Botafogo.  A dor persistiu, e como o pai dele já teve cálculo renal, o irmão Matheus o convenceu a ir ao médico.. No hospital, o ex-jogador recebeu medicação venosa, a dor foi embora e ele até pensou que pudesse ter sido apenas um mal estar causado pelo cansaço. No entanto, o médico solicitou uma tomografia, e assim, Roger descobriu que tinha um tumor renal benigno.

Como atleta, Roger era submetido a exames com frequência, por isso, recebeu o diagnóstico com surpresa. Ele realizou uma laparoscopia, procedimento cirúrgico minimamente invasivo sob efeito de anestesia. Hoje, curado, Roger faz uma tomografia a cada seis meses, e sente que tem uma missão: através da sua própria vivência alertar sobre a importância de cuidar da saúde, sem ignorar nenhuma sintoma, 
 
Leidiene Alves, criadora de conteúdo digital e paciente oncológica voluntária do Oncoguia

Leidiene, que tanto escuta os pacientes, também fez questão de contar sua história. Há 3 anos e meio, a  jovem descobriu o câncer de rim em estágio avançado. Ela começou a sentir dores nas costas, e cerca de um mês depois, tontura e náuseas. O incômodo não passava, e Leidiene foi até a Emergência. Ela já teve um episódio de cálculo renal, e por isso, o médico solicitou que ela fizesse uma tomografia computadorizada. 

Leidiene estava com um tumor de 8 centímetros no rim e com metástase no fígado.  Ela foi internada, fez mais exames e uma biópsia (retirada de uma amostra de tecidos ou células para análise em laboratório). Como o câncer estava em estágio avançado, a voluntária do Oncoguia não teve indicação cirúrgica, e fez tratamento sistêmico, com terapia-alvo. Mas um ano depois, ela descobriu uma metástase óssea porque a medicação não conseguiu manter a doença estável. Foi nesse momento, que Leidiene começou a fazer imunoterapia, controlando assim, o câncer. “A imunoterapia me deu uma qualidade de vida surpreendente, porque hoje, mesmo tendo a doença, vivo bem. Eu consigo fazer minhas coisas e ter minha rotina diária, mesmo em tratamento”, ressaltou.

Após os depoimentos, a presidente do Oncoguia, Luciana Holtz, anunciou o lançamento da Carta de Prioridades sobre o Câncer de Rim, que destaca ações e atividades que merecem especial atenção das sociedades médicas, profissionais de saúde,  ONG’s, pacientes com câncer de rim e seus cuidadores.

No encerramento, todos os convidados participaram juntos do OncoDebate, responderam perguntas do público e usando como exemplo os relatos do Roger e da Leidiene, afirmaram o quanto a voz do paciente é importante, pois ao contar sua própria experiência, ele mostra que a esperança existe em todas as fases da doença.

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