[LINFOMA] Marcelo Duarte

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?
 
Marcelo Duarte - Sou Marcelo Duarte, ilustrador, artista plástico e ex-cenógrafo. Graduado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Paciente do Cepon (Florianópolis). Com um vizinho indesejado chamado Linfoma não Hodking mediastinal de grandes células B, que era do tamanho de uma mini-bola de basquete.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Marcelo Duarte - Foi em Fevereiro de 2004. Estava trabalhando no cenário da formatura de uma turma de Direito pra uma firma de eventos. Tinha uma tosse seca horrível, forte e constante, uma sensação de água nos pulmões, não comia e desmaiava eventualmente. Assim que acabei o cenário, fui levado por parentes pra fazer exames (Sangue e Raios-X) e acabei sendo internado no final do dia seguinte no Hospital de Caridade, com suspeita de Pneumonia ou Tuberculose. Novos exames foram realizados,foram afastadas estas duas possibilidades, incluindo HIV. A suspeita então recaiu pro Câncer. Só restava saber qual. A confirmação veio 35 dias depois.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico?

Marcelo Duarte - Pensativo, introspectivo, quieto.

Instituto Oncoguia - O que sentiu?
 
Marcelo Duarte - Uma tristeza profunda.

Instituto Oncoguia - Qual era a sua maior preocupação neste momento?

Marcelo Duarte - Além da minha mãe. As coisas que não fiz, o que não vivi.

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?
 
Marcelo Duarte - Fui numa espécie de passarela do Hospital de Caridade que fica próxima ao teto pra observar o mar. Fiz isso até escurecer.

Instituto Oncoguia - Você já fez tratamento?

Marcelo Duarte - Já terminei tanto a quimioterapia quanto a radioterapia. Durou de Março de 2004 a Fevereiro de 2005. Agora estou em observação semestral.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?

Marcelo Duarte - A quimioterapia foi difícil, mas aguentei bem. Pra mim a pior foi a radioterapia a partir da 10º radiação (foram 26 no total). Não houve queimadura da pele como havia sido avisado pela médica na época, mas vomitava o que tinha e o que não tinha o tempo todo. Neste mesmo período houve um inchaço no corpo todo, muito superior ao do período da quimioterapia onde se centrou no rosto. A causa disso foi atribuída aos corticóides que tomava.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? Qual o pior?

Marcelo Duarte - Eu os dividi em dois, os do tratamento e pós tratamento.

Os do tratamento foram: queda do cabelo, apodrecimento e queda das unhas, visões estranhas, formação de uma placa grossa e dura de pele nas mãos (impossibilitando o movimento), dores nas articulações especialmente os joelhos, inchaço do rosto, cicatrizes nos pulmões e perda de 25% da capacidade pulmonar.

Os efeitos colaterais pós tratamento (após quatro anos), são eles: diabetes, perda da corda vocal esquerda (deformidade da prega vocal em caráter definitivo por causa da radiação) e problemas circulatórios.

Não dá pra lhe dizer qual é o pior. Só sei que olhando pra mim ninguém diz que estou tão arrebentado.

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Marcelo Duarte - Atualmente estou sendo tratado pela Dra. Danielle Venturine Castro. É uma relação médico-paciente tranquila e equilibrada, de muita confiança. Ela é uma profissional competente, observadora e paciente. Ouve seus pacientes olhando pros olhos. É considerada por eles um dos anjos do Cepon.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Marcelo Duarte - Com a Terapeuta Ocupacional Lilian Vaz Martinho. Ela também é muito admirada e respeitada pelo trabalho que desenvolve no Cepon.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Marcelo Duarte - Não.

Instituto Oncoguia - E com nutricionista?
 
Marcelo Duarte - Sim, mas não continuei.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Marcelo Duarte - Estou me tratando do diabetes e da voz, no sistema privado e sendo acompanhado no Cepon .

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Nos conte sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Marcelo Duarte - Como não posso mais fazer cenários e lecionar por motivos de saúde, e uma aposentadoria ainda não é possível, vi nas artes gráficas uma saída. Porém atualmente tudo é digital. No passado eu tinha feito cursos ligados a desenho animado, mas tudo nas técnicas antigas de animação. Hoje estou fazendo a transição para tecnologia digital. Não apenas em animação 2D ou 3D mas também nos desenhos em quadrinhos, desenho conceitual (objetos e personagens) e desenho anatômico. O mercado exige o domínio dos programas de lapidação de imagem tais como: Photoshop, Illustrator, Flash, 3DS Studio Max e outros; tanto quanto a fluência em outro idioma (inglês). Ainda há espaço para ilustração tradicional, mas está cada vez mais restrita. Agora meu foco é o mercado de São Paulo e o exterior. Não há oportunidades nesta área em Florianópolis.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Marcelo Duarte - É muito difícil falar de forma generalizada. Assim como há Cânceres diferentes, há pessoas diferentes. Mas no primeiro dia, diria:

"Meu amigo (a) há tratamento e cura para muitos tipos de Câncer. Agora de início seu maior obstáculo é seu pensamento. Evite as generalizações absurdas ou ideias idiotas como castigo ou coisa parecida. Que podem surgir na sua mente. Ou partir da boca de pessoas no mínimo com uma sabedoria questionável. Procure o conhecimento e a companhia de pessoas que sabem realmente o que você está passando (pacientes, voluntários treinados, médicos e enfermeiros). As respostas realistas que você terá irão afastar essa tempestade mental e diminuir a dor no coração. Além de gradualmente te fortificar para enfrentar os desafios que vêm pela frente. Junto com a luta pela cura vêm a oportunidade de uma mudança de vida. A maioria das vezes para melhor. Porém o preço disso é uma mudança de paradigma. Mas não se preocupe, a coragem surgirá em breve.”

E mostraria a ele essas coisas que disse. Ver o caminho da solução neste momento é mais importante que apenas falar dele. E o resto do tempo ouviria o que ele tem a dizer.

Instituto Oncoguia - Mais alguma coisa que você gostaria de nos contar?

Marcelo Duarte - Sim, há. A partir do momento que se toma ciência do câncer, você mata um leão por dia no tratamento e um dragão por dia na sua mente. Mesmo parecendo algo piegas ou ridículo, aos olhos de muitas pessoas vou relacionar algumas indicações que tento seguir com muito custo, mas que fazem toda a diferença.

  • Não procure culpados porque certamente você encontrará em si, o sócio de suas desventuras ou desilusões, cairá na armadilha da auto piedade, do ódio e do rancor de si próprio, e ou de outros. Consequentemente sua dor e doença aumentarão. Abandone o orgulho e reveja sua posição diante do perdão.
  • Mantenha sempre o bom humor, com os outros e principalmente consigo mesmo. Aprenda a rir de si mesmo. É uma arma poderosa.
  • Não desperdice tempo, filosofando sobre os mistérios da vida ou esperando uma oportunidade ideal para viver uma experiência feliz. Reaprenda a viver o momento.
  • Mantenha-se aberto às mudanças da vida e aprenda com elas. Desapegue-se das coisas e de certos conceitos.
  • Aumente sua espiritualidade de forma lúcida, consciente e mantenha-se assim para sempre. Não abrace o fanatismo.
  • Se, e quando possível, faça exercícios físicos, isso será benéfico não apenas para o corpo, mas para mente também.
  • Busque ampliar o autoconhecimento, o Yôga o ajudará nisso.
  • Não se esqueça que somos o resultado direto do que pensamos, do que acreditamos, do que comemos, do que bebemos, do que sentimos e do que escolhemos.
  • Triste é não viver a vida. A morte é apenas uma passagem e não há nada de triste nela.

Essas indicações foram coisas que observei nas pessoas que conheci e que superaram não apenas suas doenças como outros problemas em suas vidas. Muitas delas fizeram isso de forma instintiva sem nenhum grande fundamento teórico por trás de seus atos. Emergindo para uma nova vida apenas por olhar em outra direção e optar com muita coragem, determinação e persistência por esse novo caminho.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Marcelo Duarte - Toda.

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar?

Marcelo Duarte - Sim.

Instituto Oncoguia - De que maneira?
 
Marcelo Duarte - Livros principalmente e internet.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?

Marcelo Duarte - O primeiro contato com o Oncoguia foi numa publicação que encontrei na recepção do Cepon, depois via internet.

Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?

Aumente a quantidade de fotos ou ilustrações na parte de sintomas, ou diagnóstico. O resto está ótimo.

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