II Fórum Temático sobre Câncer de Pulmão

No dia 27 de novembro, aconteceu em São Paulo, o II Fórum Temático Oncoguia sobre Câncer de Pulmão. 

Na primeira parte, o evento teve como foco um workshop especial para jornalistas com quatro pacientes de câncer de pulmão com diferentes perfis. 

Na segunda parte, especialistas debateram os principais desafios enfrentados no Brasil e na América Latina para a prevenção, diagnóstico e tratamento da doença que afeta mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo, além dos desafios enfrentados pelo SUS e pela rede de saúde privada quando o assunto é câncer de pulmão.

Abaixo você acompanha os principais destaques do Fórum, confere o conteúdo de cada palestra e ainda pode assistir ao evento na íntegra.

Abertura institucional - Luciana Holtz, fundadora e presidente - Instituto Oncoguia

Luciana Holtz abriu o evento com uma apresentação sobre o cenário do câncer de pulmão no Brasil, doença com mais de 31 mil novos casos no país, e no mundo. Luciana ainda abordou alguns aspectos da pesquisa realizada pelo Oncoguia com pacientes com câncer de pulmão.

  • Cenário do câncer de pulmão na América Latina

Infraestrutura de qualidade, acesso de pacientes à especialistas, treinamento de profissionais da saúde e informação da população. Estes sãos os principais desafios da América Latina na realização do diagnóstico precoce do câncer de pulmão. O levantamento foi apresentados pelo diretor do Economist Intelligence Unit (EIU) para o Brasil, Márcio Zanetti, com base no estudo realizado pelo EIU em 2017. A pesquisa avaliou os sistemas de saúde para atender e tratar pacientes com câncer em 12 países da América Latina, região que apresenta uma média de 70 mil mortes por câncer de pulmão. Outro desafio destacado por Zanetti é a falta de ações para a prevenção do câncer de pulmão com foco em pessoas não-tabagistas. O estudo apontou ainda que entre os principais avanços apresentados por estes países no que se refere ao câncer de pulmão, está o controle do tabagismo.

  • Combate ao tabagismo no Brasil: Desafios e avanços

Com foco no trabalho de promoção de políticas públicas para o combate ao tabagismo, Mônica Andreis, diretora executiva da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT Promoção da Saúde), destacou a importância de medidas preventivas, educativas legislativas e regulatórias conjuntamente para um melhor combate ao tabagismo. Segundo Mônica, o consumo do tabaco gera um custo de 57 bilhões por ano ao País entre gastos diretos e indiretos. Embora o Brasil apresente boas conquistas no combate ao tabagismo, ainda são desafios importantes para o País o aumento na quantidade de produtos com aditivos de aromas e sabores, a exibição dos cigarros em pontos de vendas e a criação de embalagens padronizadas que reduzam a atratividade e o apelo do cigarro.

  • Cenário do Câncer de Pulmão no Brasil

No Brasil, apenas 8,8% dos pacientes com câncer de pulmão recebem o diagnóstico precoce da doença. Isso se deve em parte à baixa quantidade de tomografias computadorizadas disponíveis principalmente no sistema público de saúde: 4,9 máquinas para cada 1 milhão de habitantes. No setor privado, esse número é de 30,8 equipamentos para cada milhão de pessoas. Os dados foram apresentados pela oncologista e diretora da América Latina na Association for Study on Lung Cancer (IASL), Clarissa Mathias, que também destacou como preocupante a baixa taxa de realização de testes moleculares em pacientes com a doença no País: cerca de 60% dos pacientes testados na saúde privada e cerca de 30% no SUS. Apesar de o Brasil ter uma das melhores políticas antitabagistas do mundo, reduzindo em 50% as mortes relacionadas ao cigarro, ainda há muito que se discutir sobre outros fatores de risco para o câncer de pulmão e uma das preocupações apresentada pela especialista é o retorno do hábito de fumar principalmente entre jovens, que são muito atraídos por cigarros com sabor e cigarros eletrônicos.

  • Diagnóstico Precoce do Câncer de pulmão - A realidade no Brasil com mediação de Alfredo Scaff, Consultor médico da Fundação Ary Frauzino para Pesquisa e Controle do Câncer (Fundação do Câncer)

O cenário brasileiro apresenta uma triste realidade para o diagnóstico do câncer de pulmão. Mais de 90% dos diagnósticos são feitos com a doença já em estágio avançado. Isso significa que menos de 3 mil pacientes são passíveis de cirurgia, que ainda é o tratamento com maior chance de cura para a doença. Com a tomografia de baixa dose sendo a melhor forma de detecção precoce, reduzindo a taxa de mortalidade de pacientes com câncer de pulmão, a baixa quantidade de tomógrafos no Brasil contribui para que os diagnósticos sejam tardios, conforme destacou em sua palestra Ricardo Santos, professor da Pós-Graduação Multidisciplinar e pesquisador no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa (IIEP)

Mauro Musa Zamboni, do comitê científico da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), apontou em sua palestra a importância do rastreamento do câncer de pulmão como importante estratégia para reduzir a mortalidade e identificar a doença em fase inicial e assintomática. O especialista apresentou dois estudos que reforçam o papel do rastreamento no diagnóstico precoce e também destacou qual o perfil de pessoas que se beneficiariam deste rastreamento, que inclui pacientes com alto risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão. Dentre os desafios enfrentados pelo Brasil para a realização deste rastreamento, constam a falta de equipamentos adequados, o treinamento de especialistas para a realização dos exames e a insuficiência na quantidade de grupos multidisciplinares para o acompanhamento dos pacientes. 
 
Christina Shiang, Médica Patologista do Laboratório de Anatomia Patológica do Hospital Albert Einstein abordou a patologia dos carcinomas de pulmão e a correlação com os exames de imagem. A patologia determina os tipos histológicos do tumor apresentado na biópsia, o que contribui para a determinação do diagnóstico e do melhor procedimento que será adotado para cada paciente.

Alfredo Scaff, Consultor médico da Fundação Ary Frauzino para Pesquisa e Controle do Câncer (Fundação do Câncer), que mediou o debate, ainda destacou que, o tabagismo, principal fator de risco para o câncer de pulmão, não é uma questão simples. Há diferentes fatores que levaram diferentes gerações a fumar e é preciso combater o tabagismo como uma doença, um vício e não apenas como um hábito.

  • Novidades e desafios no tratamento de câncer de pulmão

A imunoterapia é uma forma de tratamento que auxilia na qualidade de vida dos pacientes com câncer de pulmão, além de ajudar no controle da doença por mais tempo. No entanto, o alto custo aos imunoterápicos e a dificuldade de acesso aos pacientes ainda são desafios para os pacientes brasileiros, como destacou a diretora de Integração Oncológica Oncologia D'Or e membro da diretoria do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT) e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Clarissa Baldoto. Clarissa ainda apontou dados importantes sobre a eficácia da imunoterapia no tratamento do câncer de pulmão.

Marcelo Cruz, Oncologista do Programa de Desenvolvimento Terapêutico de Hematologia/Oncologia, apontou a importância das terapias alvos para o tratamento de pacientes com câncer de pulmão. Segundo ele, a medicina de precisão garante maior sobrevida de pacientes com a doença livre de progressão, no entanto para que este tratamento ocorra, um dos fatores fundamentais é o maior conhecimento da doença, principalmente com base na identificação de mutações genéticas, o que ainda é um grande desafio no sistema de saúde brasileiro, mesmo que já existam locais que realizem estes testes genéticos por valores relativamente baixos, que variam entre mil e três mil reais.

  • Prioridades e desafios dos gestores para combater e tratar o câncer de pulmão

- Desafios do Hospital de Barretos

O tratamento personalizado de pacientes com câncer de pulmão é uma realidade já colocada em prática no Hospital de Barretos. Segundo Pedro De Marchi, coordenador do departamento de oncologia clínica do hospital, a experiência local tem comprovado a melhoria nos resultados dos tratamentos com base nessa personalização do paciente que é cuidado por um grupo multidisciplinar composto por especialistas de diferentes áreas e que busca, conjuntamente, por melhores práticas para cada caso. O oncologista contou em sua palestra como que o Hospital de Barretos conseguiu ser o primeiro a oferecer imunoterapia para pacientes com câncer pelo SUS e ainda contou a experiência do hospital com estudos clínicos. Acompanhe a palestra no vídeo da transmissão online e saiba mais sobre a experiência do hospital.

- Desafios do gestor privado

Manoel Carlos Libano dos Santos, Diretor Técnico do Núcleo de Perícias e médico-legais de São José do Rio Preto e gestor da Unimed São José do Rio Preto apontou que o diagnóstico precoce e a disponibilização de tratamentos para pacientes com câncer de pulmão também é um desafio no sistema de saúde privado. Um dos exemplos citados pelo palestrante é a regência da ANS que é atualizada a cada dois anos, o que acaba atrasando a disponibilização de novidades terapêuticas para pacientes. Outro desafio apontado por Manoel, é como acabar com o desperdício em procedimentos que poderiam ser evitáveis facilitando a sustentabilidade dos planos de saúde.

- O custo das novas tecnologias

Felipe Roitberg, Titular do Centro de Oncologia Hospital Sírio Libanês e Médico Assistente do ICESP/FMUSP abordou os principais custos das novas tecnologias para o diagnóstico e o tratamento do câncer. Entre 2010 e 2017, os gastos do SUS com serviços oncológicos praticamente dobrou, basicamente destinados a cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Felipe fez uma importante análise sobre o custo efetivo da inserção de novas tecnologias, considerando diferentes fatores em diversas etapas da jornada dos pacientes, e sobre o uso inteligente das verbas.

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