Possíveis efeitos colaterais da radioterapia

Os efeitos colaterais da radioterapia estão diretamente relacionados com a área do corpo irradiada, a dose administrada, o tipo de radiação e a capacidade das células saudáveis em reparar o dano.

Como esses efeitos são cumulativos, as reações podem iniciar ao redor da terceira semana de tratamento. Nesta fase começa a se instalar um processo inflamatório e, dependendo da estrutura envolvida, podem ocorrer alguns efeitos colaterais específicos.

Para alguns pacientes os efeitos colaterais são leves, enquanto outros experimentam os efeitos mais graves. A radioterapia externa tende a provocar mais efeitos colaterais do que a radioterapia interna. É importante lembrar que a maioria dos pacientes terá apenas um ou mais dentre os efeitos mencionados aqui. Com as técnicas de tratamento atuais, os efeitos colaterais severos são raros.

A maioria dos efeitos colaterais causados pela radioterapia dura apenas alguns dias ou semanas após o término do tratamento. Entretanto, alguns como os sintomas de fadiga ou perda de cabelo (em casos onde a região da cabeça recebe a radiação), podem durar alguns meses.

A radioterapia afeta os pacientes de formas diferentes e é difícil saber exatamente como cada um vai reagir.

Antes de iniciar o tratamento , você deve discutir os possíveis efeitos colaterais com seu médico.

Possíveis efeitos colaterais da radioterapia

Os efeitos colaterais mais frequentes do tratamento com radioterapia são:

  • Fadiga. Um dos efeitos colaterais mais comuns. Geralmente ocorre algumas semanas após o início da radioterapia, podendo se intensificar no decorrer do tratamento. A fadiga ocorre como resultado da reparação do corpo aos danos causados às células saudáveis, mas geralmente desaparece gradualmente após o término do tratamento.
  • Reações cutâneas. A pele na área irradiada pode ficar avermelhada ou mais escura, tornando-se dolorida, seca, escamosa ou coçando, algumas semanas após o início da radioterapia. Geralmente essas reações cutâneas desaparecem algumas semanas após o término do tratamento, mas há alterações na pele, como escurecimento ou cicatrizes, que podem ser permanentes. Há ainda pacientes que não apresentam quaisquer reações cutâneas.
  • Perda de cabelo. Esse efeito é comum em pacientes que fazem radioterapia na região da cabeça e pescoço começando, geralmente, de 2 a 3 semanas após o início do tratamento. Doses menores de radiação geralmente resultam em uma queda temporária de cabelo, já a queda permanente é mais comum em pacientes que recebem doses mais altas. Quando o cabelo volta a crescer, geralmente cerca de 3 a 6 meses após o término do tratamento, a cor ou a textura podem ser diferentes do que era antes.
  • Alterações nas taxas sanguíneas. A diminuição das taxas ocorre devido ao efeito da radiação nas células sanguíneas produzidas pela medula óssea. São mais frequentes se a quimioterapia for administrada simultaneamente ao tratamento radioterápico ou se a área de tratamento incluir os ossos pélvicos.
  • Náuseas e vômitos. Podem ser efeitos colaterais da radioterapia externa, especialmente se a área de tratamento incluir a região do estômago e do abdômen. Também pode ocorrer como um efeito colateral geral, independentemente da área tratada. O enjoo geralmente desaparece algumas semanas após o término da radioterapia.
  • Perda de apetite. Pode ocorrer nas primeiras semanas de radioterapia e continuar após o término do tratamento. A perda de apetite pode ser uma consequência de outros efeitos colaterais, como feridas na boca, boca seca, problemas de deglutição, náuseas e vômitos. A radioterapia na região da cabeça e do pescoço pode provocar alterações temporárias no paladar ou no olfato, tornando os alimentos menos apetitosos.

Efeitos colaterais específicos da radioterapia

        Sobre o cérebro

Pacientes com tumores cerebrais geralmente fazem radiocirurgia estereotáxica, que concentra uma alta dose de radiação em uma pequena área do cérebro. Os efeitos colaterais da irradiação dessa região dependem da área irradiada, embora as doses geralmente sejam mais baixas. Alguns efeitos colaterais podem aparecer rapidamente, mas outros podem não aparecer até 1 a 2 anos após o término do tratamento.
 
Os efeitos colaterais da radioterapia na região do cérebro podem incluir: problemas de pele, perda de cabelo, inchaço do cérebro (aumento da pressão intracraniana), convulsão, dor de ouvido, perda de audição, dor de cabeça, náuseas e vômitos, perda de apetite, problemas cognitivos (como de memória e fala), fadiga, alterações na pele e no couro cabeludo,  problemas neurológicos e problemas hormonais.

        Na região da cabeça e pescoço

A radioterapia pode irritar as membranas mucosas que revestem a boca, a garganta e a parte superior do esôfago. Também pode afetar outras estruturas na área de tratamento.
 
Os efeitos colaterais da radioterapia na região da cabeça e pescoço podem incluir: problemas de pele, perda de cabelo, aftas, boca seca, alterações no paladar, problemas de deglutição, dor de ouvido, alteração na voz, problemas na visão, olhos secos e perda de visão, mandíbula rígida (trismo), perda de apetite, problemas dentários, náuseas e vômitos, problemas hormonais, problemas neurológicos e osteorradionecrose.

        Na região torácica
 
A radioterapia para o tratamento de linfomas e câncer de pulmão, câncer de esôfago, câncer de mama e medula óssea é frequentemente direcionada a estruturas na região torácica, o que pode irritar garganta, esôfago, coração e pulmões.
 
Os efeitos colaterais da radioterapia no tórax podem incluir: problemas na pele, perda de pelos do corpo, dor de garganta, problemas de deglutição, azia, rouquidão, náuseas e vômitos, alteração no paladar, perda de apetite, tosse, pneumonite por radiação, falta de ar, dor ou inchaço da mama, fibrose pulmonar e problemas cardíacos.

        Na região do abdômen

A radioterapia para a região superior do abdômen pode irritar o esôfago e o estômago. A radiação na região inferior do abdômen tem maior probabilidade de irritar os intestinos delgado e grosso. Os pacientes têm maior probabilidade de apresentar efeitos colaterais se uma grande parte do abdômen for tratada.
 
Os efeitos colaterais da radioterapia na região do abdômen podem incluir: problemas na pele, perda de pelo do corpo, náuseas e vômitos, indigestão, gases, perda de apetite, diarreia ou constipação, úlceras estomacais, enterite por radioterapia e problemas renais.

        Na região pélvica

A radioterapia na região pélvica pode irritar os intestinos grosso e delgado e provocar problemas digestivos. Também pode irritar a bexiga e afetar os órgãos reprodutivos.
 
Os efeitos colaterais da radioterapia na região pélvica podem incluir: problemas de pele, perda de pelo do corpo, diarreia ou constipação, náuseas e vômitos, hemorragia retal, inflamação do reto ou ânus, dor ao evacuar, incontinência intestinal, enterite por radiação, cistite, dor ao urinar, sangue na urina, necessidade de urinar com frequência, incontinência urinária, infertilidade e problemas sexuais.

Radioterapia e fertilidade

Os pacientes que irão fazer radioterapia na região pélvica e pretendem ter filhos após o tratamento, devem conversar sobre a questão da fertilidade com um especialista antes de iniciar o tratamento.

  • Efeitos sobre as mulheres. A maioria dos tratamentos radioterápicos não tem influência sobre a capacidade da mulher de ter filhos, com algumas exceções. Se o tratamento é para câncer do colo do útero, útero, ovário, bexiga, reto ou ânus e a área irradiada inclui os ovários, é provável que haja infertilidade temporária ou permanente. Mas muitas mulheres que fizeram radioterapia deram à luz bebês saudáveis. O risco de ter um bebê com problemas de saúde não aumenta se a mulher já fez radioterapia no passado. Os radio-oncologistas geralmente recomendam que as mulheres esperem cerca de dois anos após o término da radioterapia para tentar engravidar, para dar ao corpo a chance de superar os efeitos da doença e do tratamento. 
  • Efeitos sobre os homens. Nos homens, a produção de esperma pode ser reduzida se os testículos estiverem na área a ser irradiada e isso pode levar à infertilidade temporária ou permanente. Felizmente, é possível evitar a realização de radioterapia nos testículos no tratamento do câncer em homens mais jovens. Entretanto, a radioterapia para câncer de próstata, de bexiga, colorretal ou anal pode provocar uma diminuição permanente da contagem de espermatozoides, o que pode reduzir a fertilidade.

Radioterapia e sexualidade

A radioterapia pode causar a perda temporária do interesse no sexo, especialmente se você teve outros efeitos colaterais decorrentes do tratamento, como cansaço, náuseas, ou se está preocupado com todo esse processo do câncer. O desinteresse pode, ainda, estar relacionado com a forma como você se sente sobre si mesmo sexualmente. Você e seu parceiro(a), podem precisar de um tempo para se ajustar.

Se você irradiou a região pélvica, provavelmente o radio-oncologista o aconselhará a esperar algumas semanas após o término da radioterapia antes de ter relações sexuais, para permitir que os efeitos de qualquer inflamação na região regridam totalmente.

Não é incomum sentir-se nervoso sobre fazer sexo pela primeira vez após a radioterapia na região pélvica, mas é perfeitamente seguro para você e seu parceiro(a). Tome seu tempo, certifique-se de que está relaxado, lembre-se que o uso de lubrificantes vaginais ou cremes irão ajudar a se sentir mais confortável.

Alguns homens podem sentir ardor no momento de ejacular. Isso ocorre porque a radioterapia pode irritar a uretra. Essa dor deve desaparecer algumas semanas após o término do tratamento. A disfunção erétil temporária e a perda de interesse em sexo são efeitos colaterais comuns transitórios da radioterapia pélvica.

Após a radioterapia pélvica, a quantidade de sêmen produzida se encontra reduzida, isso significa que, durante a ejaculação, sairá apenas uma pequena quantidade de líquido. Isto é conhecido como ejaculação seca. Embora ainda ocorra o orgasmo, alguns homens sentirão uma sensação diferente em relação a como era antes.

Entretanto, se você tiver dificuldades sexuais que não melhoram com o tempo, converse sobre isso com seu médico. Pode ser difícil falar sobre sua vida sexual e os problemas que você está enfrentando, mas os médicos estão acostumados a lidar com essas questões e, se necessário, o encaminhará para um terapeuta sexual.

Efeitos tardios da radioterapia
 
As técnicas atuais de radioterapia visam limitar o risco de efeitos colaterais tardios ou permanentes. Isso significa que o número de pacientes que desenvolvem problemas a longo prazo é cada vez menor. No entanto, quando a radioterapia é administrada simultaneamente com a quimioterapia, os efeitos a longo prazo podem aumentar.

Os efeitos colaterais tardios podem surgir muito tempo após o término do tratamento, podendo ser diferente dependendo da região irradiada. Alguns possíveis efeitos tardios da radioterapia são: infertilidade (se a região pélvica foi irradiada), problemas cardíacos ou pulmonares (se a região torácica foi irradiada), alterações na cor da pele, problemas cognitivos ou emocionais (se a região da cabeça, pescoço ou o cérebro foi irradiada), osteoporose e desenvolvimento de um segundo câncer.

Texto originalmente publicado nos sites American Cancer Society (10/12/2020) e Canadian Cancer Society, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.

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