[CÂNCER LINFÁTICO] Maria da Gloria

Maria da Gloria, diagnosticada com câncer linfático, nos enviou este depoimento a fim de dividir sua experiência e, quem sabe, ajudar outras pessoas que estejam passando pela mesma experiência.

Leia abaixo a história de Maria da Gloria.

Meu nome é Maria da Gloria dos Santos Gomes, tenho 54 anos, moro em Rio das Ostras/RJ, amo a vida e adoro escrever, sou professora e orientadora pedagógica e sou formada em Direito.

Sou comunicativa, alegre e adoro a natureza e tudo que faz parte dela. Sou casada, tenho 4 filhos homens e praticamente todos casados, tenho 4 netos, os quais são uma das razões da minha vida.

Minha família é muito chegada e harmoniosa, existe amor e muito respeito por tudo, especialmente por Deus.

Sou evangélica, missionária há 19 anos e adoro pregar a palavra de Deus e foi uma das razões da minha cura.

Em 2011 fui acometida de um nódulo na virilha e foi diagnosticado Câncer Linfático e que fui operada para retirada do nódulo e de algumas artérias da minha perna direita a qual o médico que me operou disse que eu poderia ficar mancando da perna, e isto não aconteceu, para seu espanto.

Me trato até hoje no HCE (Hospital do Exército) devido meu marido ser tenente e hoje está na reserva. Deus me deu de presente uma equipe de médicas que além de serem profissionais humanas são maravilhosas como pessoa e como profissional, em que me deram apoio na hora que eu mais precisava, devido o estágio que eu me encontrava no III já indo para o IV, que era o terminal. 

Quando eu fiz o PetScan, o exame de detecta o câncer em todos os órgãos, no meu caso já estava em 57 partes do meu corpo, e para muitos médicos, a minha chance era mínima, mas eles tinham a quimio que respondia bem a este câncer (linfoma não Hodgkin), mas no início fiquei muito decepcionada, sem estímulo, sem condições de pensar, só que não aceitava o que estava acontecendo comigo. Não entendia o porque, pois na minha família não teve nada semelhante. Foi uma experiência inesquecível e infeliz, não reagi bem, não queria fazer o tratamento da químio, eu chorava o tempo todo, parei de comer, de beber, não saia mais do quarto, fiquei com uma depressão que quase me levou a morte, se não fossem minhas médicas de me obrigarem a ir em uma consulta com a psicóloga, não foi fácil, foram momentos de muita dor. Não tinha medo de morrer, só não entendia o que estava acontecendo comigo, se eu tinha acabado de ajudar integralmente a minha vida a uma pessoa da família com câncer, filha do meu marido. Porque perguntava a Deus, queria que ele me respondesse se a experiência que eu tive com a minha enteada era para minha preparação, era a única coisa que vinha na minha mente.

A minha família não reagiu bem, todos se afastaram, até meu filho solteiro de 21 anos chegava do trabalho e só perguntava se estava tudo bem e entrava para seu quarto, o brilho da vida estava indo embora em todos os sentidos, os outros filhos só perguntavam como eu estava por telefone, como se não quisessem me ver. Foi horrível, minha casa era sempre cheia e naquela hora que eu mais precisava estava vazia...

Mas só hoje entendo o por que, eles me disseram que não queriam me ver sofrendo, foi uma fuga errada e eles sabem disso, até hoje eu não esqueço do acontecido.

O meu tratamento decorreu de 2011 até 2012 com sessões de quimioterapia, fiquei careca em todos os aspectos, sem me importar com isso, eu mesmo pedi para meu filho passar a máquina em mim. O que mais me deixava triste era a solidão interna, a dor que sentia constantemente, de gritar, não dormia, virei o dia pela noite e assim sucessivamente. Meu marido não saiu do meu lado, foi e é um companheiro abençoado por Deus, ele tem me ajudado nessa caminhada até hoje.

A quimio me deu efeitos colaterais horríveis, dores locais, vômito direto sem cessar, imunidade sempre muito baixa, quase tive que tomar sangue, as minhas médicas se preocupavam demais com isso, não podia sair por causa da imunidade. Para piorar tenho lupus, o qual piorou no meu caso, mesmo em tratamento com a reumatologista junto com as minhas médicas oncologistas, eram terríveis as dores nas articulações, quase não conseguia andar e descer da escada, ficava no quarto até completar 14 dias para fazer a sessão da quimio que foram de 14 em 14 dias, horrível, experiência que não posso ainda esquecer. Depois das 13 sessões o câncer teve remissão, faço tratamento todo mês no HCE, levo os exames de sangue constantemente para a avaliação e também de 6 em 6 meses faço o PetScan para poder ser analisada melhor.
 
Hoje vivo sempre em vigilância com o meu corpo, as médicas disseram que os primeiros anos são muito importantes para o meu caso, é necessário vigilância dobrada, portanto, sempre quando entro na máquina do Pet, oro e peço a Deus que esteja tudo bem, pois só de ficar 45 min. dentro da máquina me dá fobia.

O lúpus estou tratando aproximadamente há 19 anos, tenho problemas sérios e tomo corticóides direto, que me faz ficar deprimida, também apareceu o hipotiroidismo e sigo em tratamento constante, é, não tem sido fácil para mim, estou sempre com alguma coisa, tenho muita depressão, mas uma coisa eu posso dizer, Deus está no controle da minha vida, é o que me da força para viver. 

Para mim o tratamento mais difícil é o da quimioterapia pelo que ela agride o organismo, sei que ela tem feito curas, e se não fosse esse tipo de tratamento, já teríamos morrido, mas é um mal necessário, mas para mim é o pior.

As minhas médicas são abençoadas e somos amigas, quando o câncer teve remissão, elas choraram comigo, foi uma cena de cinema, parece mentira, elas dão o seu melhor sempre, nunca vou esquecer o que elas fizeram e fazem por mim, abaixo de Deus são elas que me protege. Queria que todo profissional fosse dessa forma além de competente, fosse humano.

Eu preciso voltar com meu tratamento psicológico devido a depressão, a nutricionista também, porque estou engordando muito, mais já está marcado para eu recomeçar. A minha vida hoje gira em torno do meu trabalho com meus alunos, não consegui me aposentar ainda, mas estou tentando, na perícia ganhei 5 anos para ficar encostada, mas o INSS não me deu, esta ainda em processo.

Gosto do que faço, não posso dizer que sou a mesma, mas tento estar sempre bem perto das pessoas e passar para elas o lado positivo e não falar muito em doença e sim em saúde! Hoje estou escrevendo um livro sobre as adversidades do mundo em que vivemos, se Deus quiser até o final do ano será publicado. O meu futuro a Deus pertence, não sou de fazer muitos planos eu gosto mesmo de viver a vida hoje, o agora, e as minhas médicas mesmo disseram para eu viver com qualidade de vida, fazer o que sempre eu quis e não fiz, então tento fazer as coisas da melhor forma possível com amor para dar sempre, pois amo meu semelhante, mesmo internada, várias vezes após a quimio eu orava e visitava as pessoas doentes, que estavam sentindo dores. Sei bem como é isso, por isso, não vejo eu em primeiro lugar, sempre me coloco no lugar do outro.

Conheci o Oncoguia pelo site, pelas informações que me levaram a saber dos meus direitos e comecei a ler e vi como tem pessoas iguais a mim, ou piores, que estão de cabeça erguida e transmite a paz e tranquilidade no momento de dor e incerteza.

Tenho que dizer que o trabalho de vocês é maravilhoso, ajuda as pessoas a pensarem na sua vida da forma mais simples, que são os exemplos de vida das pessoas que sofrem com o câncer e outras doenças autoimunes que não tem cura. Acho interessante a publicação das entrevistas, dos relatos vivenciados pelas pessoas para que se torne exemplo e possa ajudar as pessoas se erguerem de alguma forma que se identifique. Acho fundamental as pessoas se preocuparem com a dor dos outros, se colocar no seu lugar e saber que nós precisamos a cada dia de pessoas como vocês. Eu falei como sofri quando me deparei com a minha realidade e fiquei praticamente sozinha com tanta gente ao meu redor e ao mesmo tempo sem ninguém nem para me ajudar, abraçar, mas Deus não me desamparou nunca. Continue sendo da maneira que vocês são, é muito bom saber que existem pessoas que se preocupam com a gente que está tão distante da vida. Cansei de pedir a Deus a minha vida de volta, a alegria e o amor que eu transmitia até no olhar, mas tudo bem, estou agradecida de hoje estar fazendo um tratamento que sei que estou curada, sei disso que não vai voltar em nome de Jesus.

Quero dizer que as pessoas que puderem ter mais acesso aos exames como o PetScan, que é tão caro e que o SUS não faz, eu pago R$ 3.500 no Centro Tecnológico da Guanabara, em Copacabana, é necessário para o meu tratamento. Outra coisa é que tanto o INCA quanto outros hospitais pudessem dar mais amor a essas pessoas que estão no estágio terminal, a maioria manda morrer em casa. Em relação ao auxílio doença, ainda não tive benefícios pela burocracia do INSS, paguei durante 15 anos e nunca dependi, agora que eu teria direito fui impossibilitada pelo fato de eles acharem que eu perdi a carência devido ter pago o carnê quando eu soube que estava com Câncer, o que não foi verdade. Sou autônoma, mas vinha pagando em dia meu carnê, por isso está ainda até hoje rodando nas mesas do INSS em sua burocracia, quem precisa nunca tem direito, vejo tanta gente aposentada sem ter motivo nenhum e eu que preciso não posso. Com o lúpus também nunca tive benefícios, queria que eles pudessem fazer alguma coisa em relação a esses casos. Acho uma injustiça comigo, sempre choro muito quando vou lá mancando, sem poder andar direito pelo sintoma do lúpus e da químio que me deu mais problema ainda nos ossos.
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