[CÂNCER DE MAMA] Ludmilla Almeida

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Ludmilla Almeida - Ludmilla Almeida, 36 anos, Goiânia, Goiás. Gosto de estar com pessoas, familiares, namorado, amigos, de um bom papo. Gosto de praticar atividade física, de ouvir música, (principalmente em shows), de dirigir, de sentir o vento no rosto e de ser útil, para amenizar o sofrimento humano.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Ludmilla Almeida - Em 2005 tive um pequeno acidente de carro, no qual o cinto de segurança me travou e machucou meu seio esquerdo. Tive que ir ao mastologista e a partir daí fiquei em acompanhamento. O hematoma sumiu, mas depois deu uma área de espessamento que em 2008 foi diagnosticada como câncer.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?

Ludmilla Almeida - Quando eu recebi o diagnóstico custei a acreditar. Um torpor percorreu todo o meu corpo e ao ouvir sobre a mastectomia que teria que fazer, me levantei e saí do consultório. Meu pai me chamou de volta e ficamos ali ouvindo tudo o que precisaríamos fazer dali em diante.

Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?

Ludmilla Almeida - Não consegui chorar, só pensava na minha filha e em tudo que eu queria viver com ela ainda.

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Ludmilla Almeida - Entrei no turbilhão. Chamo essa fase assim, pois tudo na sua vida muda em questão de horas. Muitos exames, consultas, dúvidas, inseguranças, dor, fé, coragem, determinação e aqui estamos para contar a história.

Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento?

Ludmilla Almeida - Já terminei, na verdade. Fiz meu primeiro tratamento em 2008 e o segundo em 2010/2011 em virtude de uma recidiva.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?

Ludmilla Almeida - Cada um tem seu grau de dificuldade. A cirurgia dói, te limita, modifica seu corpo e tudo isso tem que ser processado pelo emocional. Então, com o tempo vamos aceitando melhor as perdas e os ganhos dessa fase. A quimioterapia é o momento águia, quando vamos para o cume da montanha arrancar as penas. A quimio bate pra valer, náuseas, mal estar, fadiga, insegurança, dor, falta do cabelo, dos cílios, da sobrancelha. Mas não tem que depilar e isso é ótimo! E como volta tudo, a sensação é de renovação. Nova chance de viver com mais plenitude, pois os conceitos sobre a vida também são renovados. A Radioterapia parece ser o mais brando, mas não é. Ela bate sem mostrar a mão. E ai vem as queimaduras, fadiga, risco de linfedema, no meu caso, mas passa também.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? Qual o pior?

Ludmilla Almeida - O pior efeito colateral para mim é o mal estar advindo da quimioterapia.

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Ludmilla Almeida - Meu médico é hoje meu melhor amigo. É o cara que determina para onde eu devo ir!

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Ludmilla Almeida - Com vários. Psicólogas, Fisioterapeutas, Nutricionista, Físicos, Enfermeiras.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Ludmilla Almeida – Sim.

Instituto Oncoguia - E com nutricionista?

Ludmilla Almeida – Sim.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Ludmilla Almeida - Já finalizei.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Ludmilla Almeida - Está ótima. Mudei muitas coisas, inclusive o nível de estresse. Mas existe uma dificuldade muito grande de retornar para o mercado de trabalho e para a sociedade de uma maneira em geral. Tem que ter paciência e perseverança.

Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Ludmilla Almeida - Sou Analista Internacional e já trabalhava com projetos sociais. Fui convidada pelo meu médico para ajudar na gestão de projetos na associação que ele criou aqui em Goiás, se chama GOIÁS CONTRA O CÂNCER e claro que eu aceitei. Coincidência? Destino? Não sei. O que sei é que eu queria retribuir para a vida tudo que ela me proporcionou para que hoje eu estivesse bem e podendo ver o crescimento da minha filha.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Ludmilla Almeida - Não saia do consultório! Tenha calma, busque informação, principalmente com relação à equipe que irá te acompanhar. Tenha fé em Deus e acredite que você é capaz de vencer, pois o câncer é uma parte da sua vida, apenas. E vai passar!

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Ludmilla Almeida - É ela que permite que você tenha acesso aos melhores tratamentos e, consequentemente, à cura, ou então a uma qualidade de vida com o controle da doença.

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar?De que maneira?

Ludmilla Almeida - Sim. Internet, livros, profissinais, etc.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?

Ludmilla Almeida - Pesquisando na internet sobre câncer.

Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?

Ludmilla Almeida - Tenho. Precisamos começar a falar sobre reinserção social dos pacientes com câncer.

Instituto Oncoguia - Você sabia que possuímos um trabalho focado na melhoria da situação do Câncer no Brasil? Estamos sempre em contato com políticos e gestores que podem ajudar a melhorar as políticas públicas brasileiras relacionadas ao câncer. Se você fosse mandar um recado para um político, o que você gostaria que mudasse ou melhorasse considerando tudo o que você passou?

Ludmilla Almeida - Que a vontade política pudesse dar acesso a tratamentos dignos e humanizados para quem tem que enfrentar o câncer, que por si só já é uma boa batalha.