[CÂNCER DE MAMA] Eliane Patricio

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?
 
Eliane Patricio - Meu nome é Eliane, tenho 39 anos, moro em Santos/SP, sou enfermeira , esposa e mãe de 2 meninos, de 8 e 3 anos.

Instituto Oncoguia - Como você descobriu que estava com câncer?

Eliane Patricio - Em novembro de 2010 senti um nódulo no mamilo, surgiu de repente e era dolorido. Fui ao médico que diagnosticou como um cisto, receitou antinflamatório e solicitou ultrassom das mamas. Eu havia feito os exames anuais em agosto (mamografia e US das mamas) e esse mesmo médico havia visto e me dito que estava tudo bem.
 
Fiz o novo US e quando fui levar ao médico o mesmo estava de férias, levei então a outro médico, eu tinha essa facilidade trabalhando em um hospital. De acordo com o US era Bi-Rads 3, nódulo de gordura. Foi dito a mim para aguardar e refazer o US em 2 meses.
 
Quando o primeiro médico voltou de férias levei a ele o resultado do exame, que me disse que seria necessário retirar o nódulo, mas que não era nada de grave. Não me pediu core biopsy, nem mamotomia. Fui operada em 27 de janeiro de 2011, segundo ele o nódulo era benigno. Após aproximadamente 15 dias veio o resultado do anatomo patológico: carcinoma ductal invasivo Grau I, com margem cirúrgica comprometida.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?

Eliane Patricio - Fiquei em choque, pois como acreditava que não seria câncer, eu mesma abri o resultado do exame. Parecia que havia recebido ali uma sentença de morte.

Instituto Oncoguia - Qual foi sua maior preocupação no momento em que te deram a notícia?

Eliane Patricio - Foi horrível, só chorava e pensava que iria morrer e que meu filho pequeno nem se lembraria de quem havia sido sua mãe. Só pensava em quem criaria meus filhos, portanto eu não podia morrer. E aí foi surgindo uma força dentro de mim.

Instituto Oncoguia - Quais foram os passos tomados após o recebimento do diagnóstico?

Eliane Patricio - No mesmo dia, com o apoio do meu marido, comecei a correr atrás do prejuízo. Fui ao médico, que queria me reoperar, fui a um oncologista que me disse que talvez eu nem precisasse de quimioterapia e a um cirurgião plástico, que foi o único que me passou confiança. E então Deus colocou "anjos” no meu caminho: minha amiga Suzete me colocou em contato com sua irmã Sonia Cecatti, que fez contato com o Dr. Waldemir Rezende que aceitou prontamente meu caso. Fui então fazer meu tratamento em São Paulo.

Instituto Oncoguia - Em que momento do tratamento você se encontra agora? Quais tratamentos você já realizou?

Eliane Patricio - Fiz primeiro a quimioterapia. Em setembro de 2011 fiz a mastectomia radical à direita com esvaziamento axilar e adenomastectomia à esquerda com colocação de expansor bilateral. Em novembro fiz a radioterapia. Desde dezembro estou em acompanhamento, com uso de Tamoxifeno 20 mg/dia. Como diz meu oncologista Dr Marcelo, "o tratamento acabou!” ( como adorei ouvir isso...)

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual foi o tratamento mais difícil? Porquê?

Eliane Patricio - Cada fase teve suas dificuldades. Sem dúvidas o pior da quimioterapia para mim foi a queda dos cabelos e das sombrancelhas. Não tive muitas reações ruins, não tive vômitos, não perdi o apetite. Foi ruim ter que tomar Granulokine quando a imunidade diminuía, pois sentia muitas dores após esse medicamento.
 
Tive neuropatia periférica, isso também foi ruim, pois não sentia os dedos dos pés. A cirurgia foi muito dolorida, pior ainda quando coloquei os expansores, sentia tanta dor que mal podia respirar, dormi sentada no sofá por mais de um mês. Já a radioterapia foi cansativa. A pele ficou ardida, mas não queimada. Tive muita dor na garganta, não conseguia engolir nem saliva, isso foi o pior para mim.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais?

Eliane Patricio - Como disse anteriormente tive alguns efeitos colaterais, mas acho que nada grave. A gente fica meio que esperando os efeitos colaterais aparecerem e se surpreende quando vê que não sente todos eles. E quando o tratamento termina é que percebemos como engordamos, ou inchamos, sei lá.

Instituto Oncoguia - Como é a sua relação com o seu médico?

Eliane Patricio - Graças a Deus fui abençoada com médicos muito humanos, preocupados com seus pacientes, que me deram sempre muito apoio. Todos eles, o mastologista, Dr Waldemir, o oncologista, Dr Marcelo, o plástico, Dr Alexandre, e o radioterapeuta, Dr Guilherme, confio muito e agradeço a Deus por tê-los colocado em meu caminho.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento com equipe multiprofissional?

Eliane Patricio - Não fiz, pois não senti necessidade.

Instituto Oncoguia - Na sua opinião, o que é mais difícil de enfrentar durante o tratamento e por quê?

Eliane Patricio - O mais difícil de enfrentar é o medo do desconhecido e também é difícil quando chegam pessoas contando que fulano que ela conhece morreu de câncer. Precisamos de injeção de coragem e não de balde de água fria.

Instituto Oncoguia - O que foi fundamental e lhe ajudou a enfrentar o câncer?

Eliane Patricio - Me apeguei a Deus e daí tirei minhas forças para enfrentar a batalha. E também tive muito apoio da minha família, não fiquei sozinha nem um dia sequer. Também juntamos um grupo de mulheres aqui de Santos que estávamos todas passando pelo tratamento ao mesmo tempo, nos encontramos sempre, nos falamos quase todos os dias, trocamos informações, nos apoiamos, e isso foi muito bom para todas nós.
 
Olhar para meus filhos e querer estar presente na criação deles, o carinho que eles sempre me deram achando que a mamãe estava linda mesmo careca, não tem como você não enfrentar uma batalha por um filho. Imagine então por dois...

Instituto Oncoguia - Como está asua vida hoje? Nos conte sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Eliane Patricio - Hoje estou ótima, Graças a Deus! Cuidando dos meus filhos, marido, da nossa vida. Estou de licença médica ainda, pois tenho que fazer a cirurgia para colocação das próteses de silicone. Talvez farei a cirurgia em julho, ainda não está certo. Mas estou vivendo cada dia, novamente com as rédeas da minha vida em minhas mãos. Planos para o futuro somente de ser feliz com minha família .

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Eliane Patricio - Eu diria que apesar de neste momento só se pensar em morte e sofrimento, tenha calma, chore muito, respire fundo e enfrente a batalha. Você verá que existe VIDA durante e após o câncer. Eu ouvi isso quando iniciei minha batalha e posso garantir que é verdade.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Eliane Patricio - Toda importância do mundo! Você tem que saber qual tratamento é indicado para você, porque, quais medicamentos está tomando, o que se espera desse tratamento. A vida que está sendo tratada é a sua, como não saber o que está sendo feito?
 
Sei de pessoas que dizem que não querem saber de nada, deixe que o médico é quem tem que saber, já vi mulher ficar sem tomar o Tamoxifeno porque sua médica esqueceu de prescrever e ela não sabia que deveria tomar, nem sabia o que havia dado no resultado do imunohistoquimico.
 
Já vi mulher que deixou passar o tempo para fazer a radioterapia porque achou que não existia prazo para isso. Perguntem tudo que puderem ao seu médico, tirem todas as dúvidas. Eu sempre fui à consulta com o oncologista com as perguntas escritas num papel, que era prá não esquecer nada.

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar? De que maneira?

Eliane Patricio - Sim. Sempre tirei todas as dúvidas com meu médico e através de pesquisas, palestras, reportagens e troca de informações com outras mulheres que passam pela mesmo problema.

Instituto Oncoguia - Como você acredita que o trabalho do Oncoguia ajuda os pacientes? Te ajudou/ajuda dealguma forma?

Eliane Patricio - Ajuda fornecendo as informações necessárias e corretas, sempre que precisei fiquei muito satisfeita com o conteúdo das informações.

Instituto Oncoguia - Mais alguma coisa que você gostaria de nos contar?

Eliane Patricio - Sim. Gostaria que todas as mulheres que estão em tratamento saibam que irão sentir-se bonitas novamente, a gente emagrece sim, o cabelo cresce e se não vier bonito faz uma progressiva (sim, você vai voltar a gastar com cabeleireira), as unhas ficarão fortes de novo, você vai ficar com ânimo novamente, vai fazer as sombrancelhas e vai ter cílios para passar rímel! Tenha calma, tudo passa e isso também vai passar. Comigo já passou, logo será sua vez...

Este conteúdo ajudou você?

Avaliação do Portal

1. O conteúdo que acaba de ler esclareceu suas dúvidas?
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
2. De 1 a 5, qual a sua nota para o portal?
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
3. Com a relação a nossa linguagem:
Péssimo O conteúdo ficou muito abaixo das minhas expectativas. Ruim Ainda fiquei com algumas dúvidas. Neutro Não fiquei satisfeito e nem insatisfeito. Bom O conteúdo esclareceu minhas dúvidas. Excelente O conteúdo superou todas as minhas expectativas.
4. Como você encontrou o nosso portal?
5. Ter o conteúdo da página com áudio ajudou você?
Esse site é protegido pelo reCAPTCHA e a política de privacidade e os termos de serviço do Google podem ser aplicados.
Multimídia

Acesse a galeria do TV Oncoguia e Biblioteca

Folhetos

Diferentes materiais educativos para download

Doações

Faça você também parte desta batalha

Cadastro

Mantenha-se conectado ao nosso trabalho