[CÂNCER DE MAMA] Eliana

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Eliana - Meu nome é Eliana, tenho 44 anos, moro na cidade de São Paulo. Sou solteira, tenho dois gatos, trabalho na área de informática, tenho uma mãe idosa que mora perto de mim e de quem eu cuido. Eu tenho bons amigos e gosto de sair para ir ao cinema, teatro e a um bom restaurante. Também gosto muito de ficar sozinha em casa com meus gatos, lendo ou vendo TV.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Eliana - Em maio deste ano durante um exame de rotina meu ginecologista identificou um caroço que não havia sido detectado na Mamografia e nem no ultrassom mamário. Meu médico achou estranho e pediu para eu refazer o exame. Refiz e identificaram vários nódulos. Entre um ultrassom e outro se passaram apenas dois meses, ou seja, muito provavelmente foi erro do laboratório/médico que fez o primeiro ultrassom. Meu ginecologista me encaminhou ao mastologista que pediu uma ressonância das mamas e foi identificado um nódulo categoria BI-RADS 5 na mama direita. Foi feita biópsia que definiu que era um carcinoma.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico?

Eliana - Eu fiquei arrasada, principalmente porque me apavorava ficar hospitalizada e não ter condições físicas de cuidar de minha mãe, da minha casa e trabalho. Eu sempre fui autossuficiente e esse foi o principal ponto que me pegou. Além disso, lógico que fiquei arrasada diante da possibilidade de morrer (logo agora que estava fazendo planos de mudar de carreira, iniciar novos estudos em outra área) e também fiquei impactada pela questão visual (me imaginei sem peito, careca) e lógico que vi todas as fotos sobre mastectomia que existem na internet.

Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?

Eliana - Não ter condições de cuidar da minha mãe, perder a minha autossuficiência e também achar que nunca mais iria namorar, que nenhum homem iria se interessar por mim uma vez que seria mutilada.

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Eliana - O mastologista e o oncologista decidiram que o melhor tratamento (uma vez que o tumor que tenho é de um tipo que não reage à quimioterapia para reduzir de tamanho) seria a mastectomia.

Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento?

Eliana - Já fiz a mastectomia com retirada do linfonodo axilar e na mesma cirurgia iniciei a reconstrução do seio utilizando pele e músculos do abdômen.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?

Eliana - Até o momento só fiz a mastectomia, ainda estou aguardando o resultado do anátomo patológico para definir os próximos passos do tratamento, mas acho que essa foi a pior parte, pois quando eu acordei da cirurgia eu realmente me senti mutilada. Eu sei que a reconstrução ainda não está finalizada, mas é uma experiência que nunca vou esquecer.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais?

Eliana - Por enquanto não.

Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Eliana - A relação dos médicos (ginecologista, mastologista, oncologista, plástico) foi de muita transparência e confiança.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Eliana - Até o momento nenhum outro.

Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Eliana - Eu já fazia terapia antes e continuo durante o tratamento.

Instituto Oncoguia - E com nutricionista?

Eliana - Até o momento só durante o período em que fiquei internada.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Eliana - Ainda estou em tratamento.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Eliana - Estou me recuperando da cirurgia, descansando bastante. Tenho momentos de muito otimismo, mas, às vezes, sou pega por uma tristeza.

Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Eliana - Eu devo retornar ao meu trabalho em setembro, sou gerente de um grupo de gerentes de projetos. Meu plano para o futuro é iniciar uma formação de dois anos na área de orientação de carreiras.

Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Eliana - Compartilhe suas inquietações com alguém, seja família ou algum amigo próximo. Alguém com quem você possa falar tudo que lhe passa à cabeça, é importante falar sobre isso, senão o medo vira um monstro que te domina.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Eliana – É essencial!

Instituto Oncoguia - Você buscou se informar?De que maneira?

Eliana - Sim, com o médico e também através da internet.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?

Eliana - Através da Internet.

Instituto Oncoguia - Você sabia que possuímos um trabalho focado na melhoria da situação do Câncer no Brasil? Estamos sempre em contato com políticos e gestores que podem ajudar a melhorar as políticas públicas brasileiras relacionadas ao câncer. Se você fosse mandar um recado para um político, o que você gostaria que mudasse ou melhorasse considerando tudo o que você passou?

Eliana - Eu posso considerar que sou uma pessoa privilegiada, pois entre o 1º diagnóstico e a mastectomia se passaram apenas dois meses. Isso porque tenho plano de saúde e condições financeiras de arcar com alguns exames que não eram cobertos pelo plano.