[CÂNCER DE MAMA] Claudia H. F. Rute

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Claudia Rute - Claudia Harres Fernandes Rute, 39 anos, casada, empresária, duas filhas (lindas) de 5 e 11 anos, adoro crochê e artesanato em geral, faço confeitaria. Sou muito positiva e feliz.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Qual é o seu diagnóstico?

Claudia Rute - Minha família teve inúmeros casos, várias tias do lado materno, duas irmãs, uma faleceu e uma sobrinha (filha da minha irmã falecida). Eu sabia do risco por isso fazia os exames regularmente e inclusive já estava discutindo com meu mastologista a possibilidade de retirar o tecido mamário e os ovários, isso não foi feito antes por conta da burocracia dos planos de saúde e também porque no fundo a gente sempre pensa que nunca vai acontecer com a gente.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? Qual era a sua maior preocupação neste momento?

Claudia Rute - Quando recebi o diagnóstico pensei que não suportaria, que iria morrer como minhas tias, minha irmã e minha sobrinha, que havia falecido com 30 anos apenas seis meses antes. Senti medo, muito medo... Um vazio enorme e uma vontade louca de fazer tudo o que ainda não havia feito. Minha maior preocupação eram minhas filhas de 9 e 3 anos na época, quem cuidaria delas? Meu marido suportaria uma mulher doente, uma vez que já havia cuidado da mãe dele que teve câncer de ovário e morreu ainda nova? Tive medo do futuro também, não gostaria de ficar enferma e ver minha família sofrer com isso.

Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso? Você já começou o tratamento?

Claudia Rute - Logo após o diagnóstico comecei uma longa jornada de exames, médicos, hospitais e batalhas com meu plano de saúde. O primeiro passo foi a biópsia e o exame de mapeamento genético que deu positivo para BRCA2, juntamente com a ressonância magnética que confirmou o diagnóstico.

Depois disso foi uma corrida contra o tempo, pois se tratava de um tumor de alto grau e muito agressivo. Em 24/09/2008 fui submetida à mastectomia radical bilateral com esvaziamento axilar, como não tinha sobra de pele tive que colocar os expansores para posteriormente colocar próteses de silicone. Em menos de 30 dias voltei ao centro cirúrgico para trocar um dos expansores que meu corpo rejeitou. Foram 6 meses de muita dor, sofri muito, meu marido vendeu uma de nossas empresas e fechou a outra para me acompanhar e cuidar, nossos pais já haviam falecido, estávamos completamente sós. Em janeiro/2009 resolvemos voltar a trabalhar, o mundo do doente de câncer é muito triste, no começo vira aquela balbúrdia da família, dos amigos e conhecidos, depois que passa a curiosidade das pessoas ficamos sós, e isso estava fazendo mal para nossas vidas, só pensava em morrer. O trabalho trouxe nova motivação e força.

Em março/09, sofri um acidente no qual mutilei minha mão direita em uma máquina, pois ainda achava que podia fazer tudo que fazia antes do câncer, quando me acidentei minha ficha caiu! Eu não era mais a mesma, tinha que lidar com minhas limitações físicas.

Em abril/09, fiz a troca dos expansores por próteses e de lá para cá tenho feito acompanhamento e lutado muito contra a rejeição do lado esquerdo, porém acho que terei que remover a prótese.

Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê?

Claudia Rute - Acho que não existe mais ou menos difícil, todos são traumáticos. Convivi muito com o câncer na minha família e sempre pensei que o que mais maltratou minhas irmãs e minha sobrinha foi a quimioterapia, então conversei com meu oncologista e pedi muito para não fazer químio, optei pela mastectomia radical bilateral e como não houve comprometimento dos gânglios não precisei fazer. Os expansores me maltrataram bastante também porque fiquei muito magrinha e a retirada foi profunda demais. O pós-cirúrgico também foi muito doloroso, tiveram momentos que pedi para morrer, tomei e ainda tomo morfina, tenho dores musculares muito fortes.

Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais? Qual o pior?

Claudia Rute - Quase não tive efeitos colaterais, tenho dores nas pernas, braços, dores de cabeça e alguns enjôos, mas são todos atribuídos ao tamoxifeno que faço uso.

Instituto Oncoguia - Como você se relacionou com a sua família e amigos durante o tratamento? E com suas filhas?

Claudia Rute - No começo foi difícil porque minha família estava traumatizada com as mortes prematuras de minha irmã e da filha dela, na cabeça de todos eu também não conseguiria, tive apoio incondicional do meu marido e da minha filha mais velha.

Com relação às minhas filhas nunca escondi nada delas, sentei e conversei muito, expliquei o que estava acontecendo, não prometi nada apenas expus a verdade de forma simples e clara, isso as amadureceu e fez com que ficássemos muito próximas. Converso muito com elas sobre vida e morte, explico o significado das duas coisas e que tudo são ciclos, ensino a não ter medo do futuro e a olhar a vida de frente.

Instituto Oncoguia - Como é sua relação com o seu médico?

Claudia Rute - Me relaciono muito bem com todos eles, falamos claramente, tudo que tem que ser será. Confio muito neles e sei que Deus guia nossos passos e cada decisão que tomamos é sempre visando o melhor para minha vida.

Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou? Você fez acompanhamento psicológico? E com nutricionista?

Claudia Rute - Faço acompanhamento com o oncologista, o cirurgião plástico, minha ginecologista e a mastologista.

Não fiz acompanhamento com nutricionista e também não fiz acompanhamento psicológico, fui a uma consulta com a psicóloga, mas não fui muito feliz, após me ouvir ela disse que o único trabalho que poderia fazer comigo era de aceitação da morte. Não aceito morrer de câncer, então não fui mais, busco força na fé e converso muito com meu marido.

Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Claudia Rute - Ainda estou em tratamento com tamoxifeno e remédios para dor. Faço exames trimestrais de acompanhamento.

Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?

Claudia Rute - Dentro do possível, normal. Trabalho, cuido da casa e das crianças. Aprendi a respeitar meus limites, antes trabalhava até 16 horas por dia, hoje vou até onde aguento, conheço minhas limitações físicas e aceito minha nova condição. Posso dizer que sou feliz!

Instituto Oncoguia - Que sugestão você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Claudia Rute - Câncer não é mais sentença de morte para ninguém, a medicina está muito avançada. Nunca desista de você, lute sempre, pensamento positivo e fale com quem está passando ou passou por isso, ajuda muito.

Instituto Oncoguia - Mais alguma coisa?

Claudia Rute - Gostaria de agradecer aos anjos da guarda que fizeram e fazem a diferença na minha vida e na vida da minha família. Muito obrigado! Tenho certeza que junto com vocês vou conseguir mudar o rumo da minha história, mesmo fazendo parte de uma família com mutação genética quero provar que é possível conviver bem estando ou não doente. Dra. Liliane M.P.B. Jonhsher (ginecologista), Dra. Maria Helena Louveira (mastologista), Dr. Danilo Andrade (Oncologista), Dr. Luciano Busato (Cir. Plástico) e Dr. Salmo Haskin (geneticista). Além do meu grande amor e minhas filhas maravilhosas.

Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer? Você buscou se informar? De que maneira?

Claudia Rute - Informação é tudo! Sempre fui muito bem instruída pelos meus médicos e quando chego ao consultório conversamos muito. No Oncoguia conheci a história de outras pessoas, leio matérias que me ajudam muito, li alguns livros também. Quando entrei no Oncoguia descobri pessoas vitoriosas e isso me deu força. Gosto muito de falar sobre minha luta, das vitórias e também das derrotas contra o câncer, nunca tinha conhecido pessoas que sobreviveram ao câncer, sempre ouvi falar e convivi com pessoas que perderam, gosto de falar eu sobrevivi!

Uma noite pedi muito a Deus que me mostrasse um caminho, eu precisava decidir rápido, os médicos me deram as opções, os prós e os contras de: cirurgia radical bilateral ou mastectomia parcial da mama direita, químio e radio. O que eu faria?

Não consegui dormir e fui navegar na Internet, encontrei o Oncoguia! Li tudo, devorei informações e me decidi: eu queria qualidade de vida e não somente arrancar o câncer do meu corpo, por outro lado tinha pressa e queria me livrar, limpar meu corpo e minha alma.

Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Você tem alguma sugestão a nos dar?

Claudia Rute - Navegando na internet. O site é perfeito e confiável não precisa mudar nada.

Instituto Oncoguia - Você gostaria de se envolver como voluntária no nosso trabalho, mesmo estando em Curitiba? Qual a sua disponibilidade?

Claudia Rute - Gostaria muito de me dedicar a algum serviço voluntário, tenho pouco tempo livre, mas posso colaborar sim, se tiver alguma forma de ajudar é só me contatar.