[CÂNCER DE MAMA] Andréa Ferraz Mesquita

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?

Andréa Mesquita - Meu nome é Andréa Ferraz Mesquita, tenho 37 anos, sou solteira, jornalista. Adoro ler, escrever, navegar na internet, sair com os amigos, ir ao cinema, viajar. Acho que acima de tudo sou uma grande apaixonada pela vida, em todos os sentidos.

Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Quantos anos você tinha?

Andréa Mesquita - Da primeira vez eu descobri aos 31 anos. Estava vazando um líquido com sangue do meu seio direito e fiz uma citologia que acusou a presença de células cancerosas em microcristais. Por sorte um desses microcristais entrou em um ducto mamário, provocando o sangramento, que possibilitou a descoberta do câncer. A segunda vez foi ano passado, aos 36 anos, quando estava fazendo meus exames de controle.

Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico?

Andréa Mesquita - Da primeira vez fiquei muito triste, mas ao mesmo tempo tranquila porque o prognóstico era de 90% de cura. Da segunda vez fiquei com medo porque o prognóstico era de 60% de cura.

Instituto Oncoguia - O que sentiu?
 
Andréa Mesquita - Num primeiro momento, em ambas as vezes, fiquei revoltada. Por que eu? Por que de novo?, cheguei a pensar. Mas isso foi somente no dia em que descobri a doença. Depois vi que era comigo porque sou forte para enfrentar esses obstáculos. Aí resolvi criar meu blog Lutando contra o câncer para me ajudar a superar mais uma vez essa doença.
 
Instituto Oncoguia - Qual era a sua maior preocupação neste momento?
 
Andréa Mesquita - Minha maior preocupação era ficar curada, de preferência no menor tempo possível.
 
Instituto Oncoguia - Você tem ou teve alguém na família com câncer?
 
Andréa Mesquita - De mama sou a primeira, mas tive tios-avós que tiveram a doença e também um primo que morreu aos 13 anos.
 
Instituto Oncoguia - O que você sentiu quando lhe falaram que você estava com câncer de mama?
 
Andréa Mesquita - Da primeira vez, como só fiz a quadrantectomia, foi mais tranquilo. Mas da segunda vez a certeza da mastectomia me deixou muito triste. Sempre fui peituda e me orgulhava em ser original de fábrica. Fiquei abalada sim, mas sabia que faria a reconstrução imediata, então acabei me conformando bem rapidamente. O mais difícil foi aceitar a ideia de que ia ficar careca.
 
Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso? Você já começou o tratamento?
 
Andréa Mesquita - Em ambas as vezes optei por fazer as cirurgias o mais rapidamente possível. Entre o diagnóstico e as cirurgias não deixei passar mais de 20 dias. Em seguida também iniciei o tratamento assim que foi possível.

Instituto Oncoguia - Qual foi o tratamento mais difícil? Por quê?
 
Andréa Mesquita - Foi a quimioterapia, porque eu tive reações muito violentas à medicação. Cheguei a ficar sem escovar os dentes durante três dias porque parecia que havia agulhas enfiadas em cada um deles. As dores no corpo, o mal estar, enjoos e náuseas foram por demais estressantes.
 
Instituto Oncoguia - Como você lidou com as mudanças na aparência?
 
Andréa Mesquita - Não sei ainda dizer como lidei com isso, porque engordei 10 quilos e agora que estou me atentando à ideia de que preciso emagrecer urgente. Tirar o seio foi terrível, mas eu fiz a reconstrução com o melhor cirurgião plástico da minha cidade. Ainda não me acostumei ao seio novo, mas acredito que tudo é uma questão de tempo.
 
Instituto Oncoguia - O que mais te incomodou?
 
Andréa Mesquita - Ficar careca. Sofri muito até o dia em que raspei a cabeça. Mas quando isso aconteceu me senti aliviada. Além de tudo, fiquei uma careca linda, e tive apoio da minha família e dos meus amigos para passar por tudo isso. Usei peruca bastante tempo, mas chegou uma hora que meus cabelos começaram a crescer e ela me incomodava demais. Nesse momento passei a sair careca e pouco me lixava para quem me olhava na rua.
 
Instituto Oncoguia - Quais eram as suas principais preocupações neste momento?
 
Andréa Mesquita - Acho que minha preocupação principal sempre foi ficar curada. Sou vaidosa, as mudanças me incomodaram, mas não ao ponto de me deixarem deprimida ou algo do gênero.
 
Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais?
 
Andréa Mesquita - Tive efeitos colaterais muito fortes, conforme relatei acima. Um dia defini o que sentia da seguinte maneira: é como ficar uns oito ou dez dias, 24 horas por dia, com dor de estômago e vontade de vomitar.

Instituto Oncoguia - Você continuou trabalhando ou não? 

Andréa Mesquita - Fiquei um ano e três meses em licença médica.

Instituto Oncoguia - Por quê? 

Andréa Mesquita - O jornal onde trabalho me deu todo apoio para que eu pudesse fazer o tratamento sem me preocupar com prazo para voltar à redação. Durante esse período fiz oito cirurgias (sendo três biópsias), além de dez sessões de braquiterapia e quatro de quimioterapia.

Instituto Oncoguia - Como era a relação com o seu médico?
 
Andréa Mesquita - A minha relação com meu médico é excelente. Posso ligar quando quiser e ele sempre me dá uma atenção especial. Eu já o considero um grande amigo, um confidente. Só tenho elogios a ele.
 
Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?
 
Andréa Mesquita - Com minha fisioterapia, que me acompanha há um ano e meio, e com o cirurgião plástico, que também é uma pessoa fantástica.

Instituto Oncoguia - Como você está agora que tudo já passou?
 
Andréa Mesquita - Eu já era uma pessoa feliz, e hoje continuo sendo feliz. Sou mais tolerante, mas ao mesmo tempo passei a dar prioridade apenas a coisas que realmente tenham importância. Sinto que gastei muito tempo em minha vida com pessoas e situações que não deveriam ter merecido um segundo da minha atenção. 

Instituto Oncoguia - Você sente que tudo voltou ao normal? Como está a sua vida hoje?
 
Andréa Mesquita - Segunda-feira, dia 6 de julho, minha vida volta completamente ao normal porque reassumo meu cargo de repórter no jornal. Um ciclo se fecha, e sinto-me vitoriosa com isso. Minha vida hoje está muito bem. Vencer o câncer duas vezes não é para qualquer um. Sinto-me especial.

Instituto Oncoguia - Que sugestões você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Andréa Mesquita - Em primeiro lugar, nada de se esconder e ter vergonha da doença. Ninguém tem culpa por ter câncer. Em segundo lugar, sempre perguntar ao médico sobre tudo, jamais deixar que uma dúvida fique incomodando após a consulta. A honestidade é muito importante nesse momento. E, claro, ter fé, acreditar que a cura é possível para quem tem força e vontade de viver. Contar com o apoio da família e de amigos é muito importante, e deixar com que eles saibam realmente como você está se sentindo. Nada de querer bancar o herói e ficar bem o tempo todo, que isso é impossível. Para quem quiser, seguir a frase que criei quando estava doente: "Como não quero que o câncer me domine, deixo que minha felicidade o enfraqueça”.

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