[CÂNCER COLORRETAL] Maria Oliveira

Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar? 

Maria Oliveira - Meu nome é Maria Glória dos Santos Oliveira, tenho 50 anos, moro na cidade de São Paulo/SP, gosto muito de ler, de ir ao cinema, de viajar e de estar com a  minha família.
 
Instituto Oncoguia - Qual seu tipo de câncer ? 

Maria Oliveira - Tive câncer colorretal - adenocarcinoma grau ll invasivo.
 
Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer?

Maria Oliveira - Em 6 meses eu emagreci muito rápido, por volta de 10 quilos, de vez em quando tinha diarreia,  tinha uma fadiga, um cansaço, muita dor lombar, me sentia muito fraca, um dia evacuei sangue puro, marquei uma consulta com o gastro que me pediu com urgência uma colonoscopia, durante a realização do exame o médico chamou o meu marido para mostrar o tamanho do tumor (eu não vi estava medicada). O resultado do exame e da biópsia saiu no dia 29/07/2009.
 
Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? 

Maria Oliveira - O médico falava e eu não conseguia mais me concentrar nas suas palavras, meus pensamentos voltaram para a minha vida, meus filhos, eu ia morrer e deixar minha filha orfã com 7 anos, meu marido ia ficar viúvo novamente (meu marido era viúvo quando nos casamos), parecia que eu estava caindo num buraco sem fim. 
 
Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento?

Maria Oliveira - Minha filha ficar sem mãe.
 
Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso?

Maria Oliveira - Meu médico solicitou vários outros exames para verificar se não havia atingido outros orgãos, fiz ressonância, ultrassons, etc, cada exame que realizava era uma tortura. Graças a Deus só estava no reto. Após, fomos a procura de um oncologista e também um médico radioterapia. O tratamento indicado foi radioterapia juntamente com a quimioterapia e depois a cirurgia.
 
Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? 

Maria Oliveira - Foi feito todo o planejamento da radioterapia, seriam 25 sessões e 5 sessões de quimioterapia. Então, no final de agosto de 2009 iniciei as sessões de radioterapia de segunda a sexta-feira e a quimioterapia era um ciclo de 07 dias, também tomei o medicamento XELODA, eram dois comprimidos a cada 12 horas (tomei duas caixas e meia).
 
Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil?

Maria Oliveira - A radioterapia me trouxe muita fraqueza, queimação, mas, a quimioterapia foi bem pior. Nas duas primeiras sessões tive vontade de morrer. 
 
Instituto Oncoguia - Você teve efeitos colaterais?

Maria Oliveira - Sim, muito mal estar, enjoos, aftas, vômitos, choques, dormência e dores no braço onde era injetado o medicamento. Na terceira sessão todos estes sintomas diminuiram consideravelmente. O Xeloda me trouxe feridas nos pés e nas mãos, fiquei com a pele da mão e do pé muito fina. 
 
Instituto Oncoguia - Como foi a relação com o seu médico?

Maria Oliveira - O oncologista Dr. Carlos Alexandre Sydow Cerny, foi muito paciente, atencioso e sempre esclareceu as minhas dúvidas, me explicou passo a passo do tratamento. 
 
Instituto Oncoguia - Com que outro profissional você se relacionou?

Maria Oliveira - Com o gastro Dr. Nadim Farid Safatle que fez a cirurgia e com o Dr. João Francisco, médico que fez o planejamento e acompanhamento da radioterapia. Fui muito bem tratada por todos, com muita dedicação e humanismo.
 
Instituto Oncoguia - Você fez acompanhamento psicológico?

Maria Oliveira - Durante o tratamento não, somente depois.
 
Instituto Oncoguia - E com nutricionista?

Maria Oliveira - Sim.
 
Instituto Oncoguia - Você está em tratamento ou já finalizou?

Maria Oliveira - Depois que eu fiz as 25 sessões de radio e as cinco de quimio, aguardei um mês para que o tratamento agisse no meu corpo com o objetivo de diminuir o tumor. No dia 31/10/2009 fiz a cirurgia, que com a Graça de Deus foi um sucesso! Mesmo depois da cirurgia meu oncologista ainda me indicou mais 5 sessões de quimio e mais xeloda, mas na terceira sessão meu organismo rejeitou e tive uma alergia brava. Meu tratamento foi concluído em maio de 2010.
 
Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? 

Maria Oliveira - A cada 4 meses passo com o médico oncologista, levo os exames marcadores tumorais e hemograma, dali a quatro meses realizo ultrassom abdominal e R-X do tórax e volto no onco. Uma vez por ano passo em consulta com o gastro  e faço a colonoscopia. Graças a Deus estou muito bem, não há nenhum sinal da doença em meu corpo.  A vida segue normal, trabalhando, cuidando da família e da casa e vivendo muito melhor.
 
Instituto Oncoguia - Conte-nos sobre seu trabalho e planos para o futuro.

Maria Oliveira - Trabalho na fundação da Companhia do Metrô de São Paulo, na área da Saúde, isto é, fazemos a gestão do plano de saúde dos empregados do Metrô e seus dependentes. Em breve paro de trabalhar, vou cuidar com mais atenção da minha filha Mariana que está com 12 anos em plena adolescência e pretendo me dedicar um pouco mais ao trabalho voluntário com crianças orfãs.
 
Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?

Maria Oliveira - Em primeiro lugar muita calma, nada está perdido. Em segundo lugar você é maior que a doença, não deixe que ela tome conta de você.
O amor da família e dos amigos é essencial para quem está doente, mas o negócio é entre VOCÊ e a DOENÇA, então não desista, a PERSEVERANÇA, A FÉ E AS CONVERSAS COM DEUS é que nos salva.  
 
Instituto Oncoguia - Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?

Maria Oliveira - É importante que a gente saiba o que é o câncer, o que está acontecendo com o seu corpo, como é o tratamento e o que virá no decorrer de todo esse período, creio que são subsídios que nos auxiliam a enfrentar o que está por vir.
 
Instituto Oncoguia - Você buscou se informar? 

Maria Oliveira - Sim, com os médicos que cuidaram de mim e através da Internet.
 
Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia?

Maria Oliveira - Pela Internet.
 
Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar?

Maria Oliveira - É importante desmistificar a doença e vejo que vocês o fazem com muito louvor.
 
Instituto Oncoguia - Você sabia que possuímos um trabalho focado na melhoria da situação do Câncer no Brasil? Estamos sempre em contato com políticos e gestores que podem ajudar a melhorar as políticas públicas brasileiras relacionadas ao câncer. Se você fosse mandar um recado para um político, o que você gostaria que mudasse ou melhorasse considerando tudo o que você passou?  

Maria Oliveira - Sim, gostaria que os políticos fossem mais honestos deixando de se corromperem,  de se beneficiarem e realmente fazer o que devem, que é cuidar unicamente dos interesses do povo, dentre eles a saúde pública. O paciente de câncer não pode esperar que uma radioterapia/quimioterapia seja realizada meses depois, ele não pode perder a vida por conta de uma política  omissa e suja. 
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