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Audiência na Câmara debate projeto sobre direito dos pacientes
- Equipe Oncoguia
- - Data de cadastro: 11/05/2018 - Data de atualização: 11/05/2018
O que houve?
Aconteceu nesta quarta-feira (10), na Comissão de Seguridade Social e
Família da Câmara dos Deputados, audiência pública para debater o PL nº5569/2016 que trata dos direitos dos pacientes em
hospitais públicos e privados que operem com planos de assistência à saúde. O
projeto é de autoria do deputado Pepe Vargas (PT-RS), que também foi o
solicitante do debate, do deputado Chico D’Ângelo (PT-RJ) e do deputado
Henrique Fontana (PT-RS) e sugere uma norma que atribua titularidade de direito
aos pacientes. Na justificativa, os autores explicam que "embora haja leis estaduais
e normas infralegais sobre o direito dos usuários, não há nenhuma norma que
atribua titularidade de direitos aos pacientes”.
O primeiro convidado a contribuir com o debate foi o Dr. Rogério Amoretti,
médico psicanalista do Comitê de Bioética do Grupo Hospitalar Conceição (GHC)
no Rio Grande do Sul, e reforçou a necessidade de uma lei de alcance nacional
que dê direitos e deveres aos pacientes e que essa sugestão é diferente do
Código de Defesa do Consumidor, pois o paciente não está em condição de
consumo. Além disso, apresentou a Carta de Direito aos Pacientes do GHC, que
foi utilizada de exemplo para elaboração do projeto de lei, e conta com alguns
direitos como a participação das decisões sobre o seu tratamento, acesso ao
prontuário médico e direito à cópia dele sem ônus, direito de autodeterminação,
isto é, decisão sobre a aceitação ou não do tratamento, o direito de receber
cuidados paliativos, entre outros.
Aline Albuquerque de Oliveira, advogada da União, afirmou que o projeto de lei
também propõe auxílio na solução de conflitos de forma extrajudicial, tentando
evitar a judicialização. Em sua apresentação, trouxe seis outras leis no Brasil
que tratam do assunto além da informação de leis parecidas que já existem em
outros países, inclusive Argentina, Chile e Equador, sendo que, de acordo com a participante, é necessário que o Brasil preencha a lacuna existente na legislação sobre o assunto.
Dr. Etelvino de Souza Trindade, da Associação Médica Brasileira (AMB), por
outro lado, falou que o PL nº 5569/16 não é suficiente, já que alguns dos direitos
acabarão não se cumprindo por falta de recursos. "Já existem leis demais, é
preciso mais responsabilidades que leis”, afirmou Dr. Etelvino. Dr. Etelvino finalizou afirmando
que a AMB quer participar do processo como partners e não como players, isto é,
participar ativamente do processo.
Dra. Nathália Pinheiro Müller, especialista em oncologia cirúrgica, afirmou que a criação de novas leis
não garante a diminuição da judicialização e que é necessário ver o cumprimento
da legislação já vigente. "É uma lei redundante com vários conceitos muito
vagos porque esses direitos já são garantidos na Constituição Federal e em outros
dispositivos”, afirmou a Dra. Nathália. Além disso, consta no
projeto que haverá o tratamento no sexo que a pessoa deseja, o que, de acordo
com a médica, pode ser complicado já que existem variações biológicas entre os
sexos e isto poderia comprometer o tratamento em algum momento, ou gerar erros médicos.
Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia, participou do evento por
videoconferência e trouxe a perspectiva dos pacientes ao afirmar que a realidade é
diferente da teoria e a busca pelos direitos dos pacientes possui muitas
barreiras burocráticas. Segundo ela, a importância da lei é justamente explicitar o
direito e as responsabilidades. Luciana trouxe também duas colocações importantes:
primeiro, a necessidade de desburocratização do acesso ao prontuário Segundo, Luciana comentou que para haver a possibilidade do paciente opinar sobre o seu tratamento é preciso uma mudança na postura de
alguns médicos, pois ainda há uma barreira na relação médico paciente, no momento de ambas a partes compartilharem e
decidirem em conjunto o tratamento. Luciana aproveitou sua fala para sugerir a criação do Dia Nacional
dos Direitos dos Pacientes.
E agora?
O deputado Pepe Vargas (PT-RS) finalizou afirmando que o texto pode ser
melhorado, principalmente no que trata da resolução de conflitos entre médicos
e pacientes. A proposta está em análise na Comissão de Seguridade Social e
Família e já foi aprovada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias. O texto
tramita em caráter conclusivo e será examinado também pela Comissão de
Constituição e Justiça e de Cidadania.
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