Essa entrevista foi preenchida em 11/03/2023

• Instituto Oncoguia - Conte-nos um pouco sobre você. (idade, onde mora, o que faz, o que mais quiser) Andréa -
  Tenho 40 anos, sou professora, temos 2 filhos; um de 17 e uma de 3 anos. 
  Moramos em Irará - BA. Três anos atrás realizamos o sonho do meu marido e nos mudamos para um sítio.
• Instituto Oncoguia - Quem em sua família tem/teve câncer? Andréa - Meu esposo, primeiro e único amor, meu primeiro namorado. Namoramos 6 anos e em abril deste ano, completamos 20 anos de casados.
• Instituto Oncoguia - Sabemos que o diagnóstico de um câncer também tem um impacto grande na família, como você tem lidado e ou lidou com esse momento? Andréa -

  Um choque. Mudança total, literalmente da noite para o dia.

  
  

  Dia 29 de setembro ele me ligou se queixando de uma dor de cabeça insuportável, levei a emergência e alegaram pressão alta, no dia seguinte a mesma coisa. No dia 01 de outubro levei-o para um hospital em Feira de Santana e ele ficou internado, dia 02 veio o diagnóstico tumor no cérebro, dia 03 operou, 30 dias depois a pior notícia, glioblastoma estágio 4.

  
  

   20 dias depois histoquímico idh selvagem. Enquanto isso estou correndo para fazer o planejamento de radioterapia e quimioterapia. Cirurgia realizada com sucesso, mas, a cada dia que passava percebia um novo sintoma que agrava, até que dia 22 de janeiro tudo novamente, cefaleia insuportável levei novamente para o hospital e ficou internado, no dia seguinte o médico me informou que tinha um novo tumor e que estava em estágio terminal. 

  
  

  Fiquei com ele 11 dias no hospital até conseguir um cuidado em casa, passamos 16 dias em casa e em 19 fevereiro, após 5 meses de sofrimento ele partiu.

  
  
• Instituto Oncoguia - Quais foram os principais desafios enfrentados pelo paciente? Andréa -

  Por ser extremamente ativo, o principal desafio foi perder a independência e a capacidade de ir e vir quando desse vontade. No entanto ainda passeamos durante o período pós cirurgia e ele voltou da cirurgia totalmente espiritualizado, relatando ter tido uma experiência na qual Deus dizia que ele estava curado, no entanto não especificava se da carne ou da alma, mas dizia para ele não ter medo. 

  
  

  Mário dizia a todos que se cada um de nós estivéssemos bem ele também estaria. Homem maravilhoso, a doença lhe tirou muita coisa, mas fortaleceu a sua fé. É uma doença horrível, ele foi perdendo os movimentos, confusão com as palavras, passou a usar fralda na segunda internação, os órgãos foram parando aos poucos, é tão terrível que é difícil descrever.

  
  
• Instituto Oncoguia - De que forma você ajudou seu familiar? Andréa - Me afastei do trabalho e me dediquei 24 horas durante os 5 meses de sobrevida. Tentei demonstrar com palavras e atitudes práticas que se eu já o amava, estava a amá-lo mais ainda.
• Instituto Oncoguia - Você buscou se informar sobre a doença? Isso lhe ajudou? Andréa - Busquei sim, me desesperava com cada informação obtida.
• Instituto Oncoguia - Quais foram as principais dificuldades que você enfrentou como familiar cuidador? Andréa - Foi a de saber que apesar de todos os meus esforços nada que eu fizesse o curaria. A pouca ajuda de outros familiares também é complicado.
• Instituto Oncoguia - Você buscou formas de se cuidar melhor? Se sim, quais? Andréa - Não. Só conseguia pensar nele.
• Instituto Oncoguia - Você buscou apoio psicológico? Se sim, de que forma isso lhe ajudou? Andréa - Não. Sei que preciso, mas o apoio que consegui foi espiritual. O padre e o pessoal da igreja sempre nos visitavam e nos davam conforto espiritual.
• Instituto Oncoguia - Que conselho ou dica você daria para um familiar que está enfrentando o câncer em casa? Andréa - Procure um apoio psicológico e espiritual.
• Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Andréa - Nas buscas por mais informações sobre o tipo de câncer do meu marido.
• Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar? Andréa - Vocês são ótimos, me apoiei muito nos depoimentos.