[Câncer de Mama Avançado] Viviane Fernanda

Aprendendo com Você
Viviane Fernanda
  • Instituto Oncoguia - Quem é você? (idade, profissão, tem filhos, casada, cidade e estado?) Viviane - Sou Viviane de Piracicaba, interior de São Paulo. Tenho 29 anos sou divorciada há 5 anos, moro com meus pais e não tenho filhos, só uma cachorrinha, a Mel de 2 anos e que é o amor da minha vida.
  • Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Viviane - Meu nódulo na mama era palpável e um dia em um dos vários banhos que tomei devido a uma virose que peguei que me impossibilitou de trabalhar e fazer todas as atividades do meu agitado dia, pude sentir ao tocar a pele ensaboada.
  • Instituto Oncoguia - Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? Viviane - Além do nódulo bastante palpável, estava me sentindo bastante cansada e com uma reação alérgica na pele que não sarava, parecida com espinhas inflamadas (nas costas, rosto e colo).
  • Instituto Oncoguia - Quais dificuldades você enfrentou para fechar o seu diagnóstico? Viviane - A maior dificuldade que encontrei e ainda encontro até hoje é a parte burocrática, é muita papelada e tudo é extremamente demorado. Após a realização do primeiro exame (PetCt) e fechado o diagnóstico o medo queria correr, não tínhamos tempo a perder, mas nos víamos atados por falta de autorizações, horários disponíveis, enfim uma burocracia que só retarda e atrapalha todo o processo.
  • Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? No que pensou? Viviane - A primeira coisa que acredito que todo mundo faz é relacionar o câncer a morte. Comigo não foi diferente. Trabalho no mesmo hospital que faço o tratamento e já tinha pego minha biópsia e lido várias besteiras na internet. Mas depois de uma conversa esclarecedora com meu médico, procurei a psicóloga do centro de oncologia e dedico boa parte do sucesso e equilíbrio do meu tratamento a ela. Ouso dizer, foi fundamental. Desmistifiquei meus medos e toda essa carga que a doença carrega e na mesma semana aprendi que meu estado não tinha mudado, eu estava viva até o diagnóstico e assim permanecerei, só íamos iniciar novos caminhos. E assim o fiz.
  • Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? Viviane - Sentir dor, tinha pavor de sentir dor. Me preocupei bastante com minha família, em como iria ampara-los, como deveria me comportar para que doesse menos naqueles que amava.
  • Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? Viviane - Comecei o tratamento em setembro/ 2013, fiz a mastectomia bilateral em 2014, após as quimioterapias e radioterapias e recebi alta. Fiquei 10 meses livre, somente em acompanhando de rotina. Em outubro de 2015, após 2 meses de muita tosse descobrimos que a doença havia voltado na pleura, vários micro nódulos. Comecei novamente as quimioterapias, passei por uma pleurodese para retirada de 1,5l de água no pulmão. No momento estou no terceiro protocolo de quimio, embora me sinta bem e consiga levar uma vida normal os exames mostram que a doença não está respondendo a medicação, causando um crescimento nos tumores,um novo tumor no fígado e bastante tosse.
  • Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê? Viviane - Para mim a parte mais difícil é as quimioterapias, porque ela vai além de todas as reações físicas já esperadas. Ela altera coisas no corpo e psicológico que fica bastante pesado de lidar com tudo ao mesmo tempo, como aumento de peso, queda de cabelo, mudança na pele.
  • Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral diante ao tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? Viviane - Como fiz vários tipos de quimio e 28 sessões de radioterapia, senti diversos efeitos. Mas meu lema sempre foi me permitir, não exigia de mim mais do que poderia dar no momento. Por exemplo com a náusea, tomava a medicação e se tinha vontade de chupar sorvete ao invés de comer uma carne no almoço, era o que fazia. Se me mandasse tomar um chá e eu olhasse para ele e ficasse com nojo, jogava na hora. Se hoje não tinha vontade de almoçar, não almoçava, mas a hora que tivesse fome, ia lá e comia um pratão. Com o cansaço a mesma coisa, tinha dia que não saia da cama, me permitia. No outro, acordava cedo, arrumava o quarto e ia pra rua. Sentia que a sobrecarga já estava grande demais para ficar exigindo mais ainda de mim, do meu emocional e do meu corpo.
  • Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? Viviane - Sou apaixonada por ele e acho que isso é de extrema importância. Confio de olhos fechados na suas decisões, porém quero saber e participar de cada uma. Ele fala o que é melhor, porém me dá outras opções qdo possível e decidimos sempre em conjunto o que vai ser feito.
  • Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê? Viviane - Troquei 1x de mastologista no começo do tratamento pq o médico que eu gostaria de passar e o qual é meu médico até hoje não estava na cidade quando recebi o diagnóstico.
  • Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida. Viviane - Como já disse a cima eu acho de suma importância esse acompanhamento, realmente não sei como seria hoje minha relação com a doença e muito mais com o retorno dela, a parte que considero mais difícil. Minha psicóloga é sempre um bálsamo na caminhada, ela me faz enxergar que entre o 1 e 2 ainda tem infinitas possibilidades e desta forma aprendi a levar essa visão amplificada para todos os outros aspectos da minha vida, o que tem me ajudado bastante.
  • Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Viviane - Hoje permaneço em tratamento, afastada do serviço há 9 meses desde que soube da recidiva. Diferente da primeira vez onde levantei uma bandeira contra o câncer de mama,dessa vez falo o mínimo possível sobre o assunto. Hoje quero ter uma vida mais próxima do normal possível,não quero ser esponja,não quero ouvir as histórias, receitas,casos de família que as pessoas tem para contar. Não que esteja fugindo,jamais, converso e trato esse assunto numa boa,mas descobri que sou mto mais que o câncer que tenho muito mais coisas para falar e fazer e também quero que as pessoas descubram isso em mim. Quando não fali,não sabem e sem saber me tratam de forma tão natural que por diversas vezes eu tbm chego a acreditar que tenho uma vida como um jovem qualquer e isso me faz bem.
  • Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? Viviane - Parei porque trabalho em hospital e a quimioterapia provoca queda de imunidade.
  • Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais? Viviane - Sim, a restaurada do FGTS e a CNH especial.
  • Instituto Oncoguia - Quais são seus projetos para o futuro? Viviane - Assim que acertar uma quimioterapia e conhecer todos os seus efeitos quero voltar a estudar, cursar serviço social e retornar ao trabalho.
  • Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? Viviane - Viva um dia de cada vez. Não busque informações além das quais precisa no momento. Tire suas dúvidas somente com seu médico. Busque uma força espiritual que te traga paz e não deixe de procurar um psicólogo para encontrar equilíbrio.
  • Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Viviane - Através do Facebook.
  • Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar? Viviane - Não, sou apaixonada pelo trabalho de vocês.
  • Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! Viviane - Humanização essa é a palavra. As pessoas estão morrendo por falta de amor. Falta amor a profissão quando você se depara com um profissional desqualificado ou desinteressado no trabalho dele. Falta amor quando os papéis a serem preenchidos pela quantidade de exigências são mais importantes do que o próprio paciente que está ali na frente. Falta amor ao próximo qdo vc tem que ficar horas em filas de espera sentindo todo o peso de uma quimioterapia no corpo. É preciso lembrar que um paciente oncológico tem dor, tem cansaço, mas sobretudo tem pressa. Chega de papéis, estamos falando de pessoas sedentas de um bom atendimento, de boas medicações, de agendamentos oportunos, pessoas que não precisam provar nada porque não estão ali por opção.
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