[Câncer de Mama] Virginia Maria F. Passos

Aprendendo com Você
  • Instituto Oncoguia - Quem é você? (idade, profissão, tem filhos, casada, cidade e estado?) Virginia - Mulher\Mãe, 58 anos. Médica, casada, 02 filhos e de Aracaju, Sergipe.
  • Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Virginia - Em um dia de Outubro 2014, após meu aniversário, acordei e estava em um sonho confuso com meu Pai chorando muito (o mesmo havia falecido alguns anos atrás), de repente levantei e fui fazer uma mamografia com a sensação de que estava com câncer. O mesmo ainda era impalpável. Dois dias depois veio o resultado com nódulo de 0,1mm benigno. Sabia que não era. Parti pra Cirurgia imediata devido o conhecimento e a facilidade com médicos amigos e a Biopsia de Congelação deu o diagnóstico. Meus filhos e meu marido momentaneamente moram em outros estados. A preocupação única foi em como falar pra eles sem que causasse grande sofrimento. Pra mim foi muito rápido, não deu tempo de absorver ou sofrer. Cirurgias, exames e imediatamente a Radioterapia. Foram três meses de férias ruins já que há muito tempo não tinha férias.
  • Instituto Oncoguia - Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? Virginia - Nenhum, sempre fiz exames periódicos, amamentei meus dois filhos, nunca pensei que iria acontecer comigo. Como estava em uma fase bastante inicial não senti ou percebi qualquer alteração.
  • Instituto Oncoguia - Quais dificuldades você enfrentou para fechar o seu diagnóstico? Virginia - Os primeiros exames mostravam um nódulo inofensivamente normal. O diagnóstico foi feito na mesma semana em que descobri, durante a Cirurgia. Talvez por ser médica e ter grandes amigos médicos e muito bem preparados do diagnóstico a cirurgia correu tudo muito rápido.
  • Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? No que pensou? Virginia - Ao receber a mamografia com o nódulo "benigno", senti lógico um pouco de tristeza mais queria me vê livre dele de imediato não tive muito tempo pra pensar,três dias depois estava no centro cirúrgico, lembro que falei arranca toda a mama e lembra dos exames Imunohistoquímica, tinha certeza que era câncer e queria realizar todos os exames possíveis para encaminhar o tratamento. Nunca pensei "por que eu", apenas queria me ver livre dele.
  • Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? Virginia - Minha maior preocupação era fazer o estadiamento do câncer, ver quais seriam os tratamentos e o que viria em seguida. A maior preocupação era como contar pra família, marido, filhos e irmãos, pois sei que seria muito difícil para eles. Um ano antes tínhamos perdido meu cunhado com câncer de pâncreas e acompanhamos seu sofrimento de muito perto, ainda estava tudo muito recente.
  • Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? Virginia - Sim, fiz Cirurgia quadrantectomia da mama com catagem ganglionar. Seguida de Radioterapia (IMRT). No momento estou com tratamento anti neoplásico oral que deve durar cinco anos. A Cirurgia foi muito tranquila bem como o restabelecimento. Encaminhei alguns exames para o EUA para análise das células. Em seguida iniciei a Radioterapia, que resolvi fazer na cidade em que meus filhos moram pois estaria perto deles, essa fase foi um pouco difícil pois como o tratamento sempre era interrompido por falha do aparelho comecei a ficar ansiosa, pois aí tinha muito tempo para pensar, nos filhos, no futuro. A Radioterapia em si não trás grandes sofrimentos físicos apenas emocional pela convivência de perto com pessoas que estão com câncer em diversas fases e que precisam de palavras de carinho e o ambiente nem sempre te dá isso. Porém você convive com pessoas de diferentes lugares com ideias e pensamentos totalmente diferente dos seus e com uma coragem que você não sabe de onde vem. Uma imensa vontade de viver.
  • Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê? Virginia - O Tratamento mais difícil é o emocional. Quem tem câncer suporta qualquer tratamento qualquer sofrimento desde que te digam, vai passar, você continua a viver. "SER FORTE É A ÚNICA ESCOLHA QUE NÓS RESTA".
  • Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral diante ao tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? Virginia - SIM, principalmente com a radioterapia, queima, racha a mama em algumas pessoas, mas se você tiver bastante cuidado com a hidratação local (cremes, sabonetes adequados), cuidados com a alimentação e hidratação. O que me ajudou mais foi o carinho do marido e dos filhos que estavam ao meu lado o tempo inteiro.
  • Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? Virginia - Como sou médica, e trabalhei na área de Oncologia pericial por muito tempo, tinha relacionamento pessoal com meu Oncologista (Dr. William Panfiglio) e uma confiança acima de tudo pois sabia da sua capacidade e competência, o mesmo aconteceu com meu Cirurgião Oncologista (Dr. Aécio Cavalcanti) que considero dois anjos em minha vida. Ambos em Aracaju.
  • Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê? Virginia - Sim, minha médica Radioterapeuta (Dra. Joyce) em Campinas que me acompanha até hoje, de três em três meses vou a consulta e qualquer dúvida recorro a mesma. Uma pessoa extremamente competente, dedicada e muito humana.
  • Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida. Virginia - Não fiz, porém indico a qualquer pessoa pois é uma fase que você tem que estar mais forte do que sempre pra lidar com suas emoções e a dos outros que te amam.
  • Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Virginia - Voltei de Campinas assim que acabou a Radioterapia e no dia seguinte retornei de imediato ao trabalho. Pois foi o que substituiu a terapia. No momento faço exames de três em três meses essa é a parte chata pois qualquer pequeno problema que passaria desapercebido agora passa a ser olhado com maior cuidado, principalmente por estar sendo acompanhada por muitos médicos amigos.
  • Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? Virginia - Continuo trabalhando mais ainda. Pois não tenho tempo pra pensar no que seria somente daqui pra frente. Parei de trabalhar apenas durante a cirurgia e radioterapia. E aconselho a qualquer pessoa com câncer não pare sua vida toque pra frente.
  • Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais? Virginia - Sim, isenção de Imposto de renda que pra mim não foi bom pois como continuo a trabalhar no final do ano fui isenta de recolher imposto de renda acima do limite que a receita federal permite ai você junta com o atual emprego e passa a pagar mais imposto. Ainda estou em fase de aquisição de um carro com as isenções mai o processo é bastante burocrático e demorado.
  • Instituto Oncoguia - Quais são seus projetos para o futuro? Virginia - VIVER MUITO, trabalhar muito e continuar o tratamento pois ainda tenho cinco anos pela frente. Realizar a mastectomia radical com implante de mama, pois você passa por alguns stress, cada dia aparece um novo nódulo na outra mama, outro no pulmão e você fragiliza. Então vamos fazer tudo que tem que ser feito assim que for possível.
  • Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? Virginia - Chore, você não precisa ser forte o tempo inteiro. Levante a cabeça e enfrente porque câncer tem cura.
  • Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Virginia - Redes sociais.
  • Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar? Virginia - Sim, colocar alguns médicos pra falar sobre os diferentes tipos de câncer, diagnóstico e tratamento. Bem como a equipe multidisciplinar que irá te acompanhar.
  • Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! Virginia - Acesso a todo tipo de diagnóstico e tratamento no Sistema Único de Saúde a todos os pacientes com câncer, em uma medicina humanizada. Sem que falte qualquer tipo de medicamento e que tenha máquinas de Radioterapia moderna em todos os estados do país.
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