[Câncer de Mama Avançado] Rayssa Santos Da Cunha Medeiros

Aprendendo com Você
Rayssa Santos da Cunha Medeiros
  • Instituto Oncoguia - Quem é você? (idade, profissão, tem filhos, casada, cidade e estado?) Rayssa - Meu nome é Rayssa. Fiz faculdade de administração, mas estou aposentada desde os 33 anos. Tenho 35 hoje, sou casada e tenho um filho de 7 anos. Moro em Goiânia/GO.
  • Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Rayssa - Descobri o CA de mama em 2009, grávida de 7 meses. Fiz quimio grávida. Senti um caroço no seio e achei que fosse algo relacionado ao leite, já que estava grávida. Que nada!! Era um câncer positivo pra Her 2, e que cresceu muuuuito. Eu podia jurar que não era câncer, afinal tinha apenas 27 anos e sem nenhum caso na família. O que a mídia transmite na minha opinião não condiz com a realidade.
  • Instituto Oncoguia - Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? Rayssa - O único sinal foi eu sentir o nódulo no autoexame. Aí está a importância do mesmo. Não tinha sintoma nenhum. Os sintomas que senti eram da quimioterapia e não da doença em si.
  • Instituto Oncoguia - Quais dificuldades você enfrentou para fechar o seu diagnóstico? Rayssa - O primeiro ultrassom que fiz deu borda 3 e na mamografia não acusou nada. Mas eu sentia ele crescer rápido. Foi quando exigi a biópsia, que confirmou.
  • Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? No que pensou? Rayssa - Quando a médica me falou, foi como estivesse entrando num buraco. O chão parecia abrir e eu pensava no meu filho, tinha certeza que morreria logo. Quanto engano... As pessoas ainda relacionam o câncer a morte. Esse é um rótulo que foi imposto pela sociedade, muito leiga.
  • Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? Rayssa - A maior preocupação era com a gravidez. O que podia ser feito naquele momento? Tirar ou esperar?? Foi muito, muito difícil. Eu tinha que salvar a minha vida e a do meu filho. Eu já não conseguia mais pensar... Chorava e chorava. Meu parto foi marcado pro dia 5 de novembro, quando minha imunidade já estaria boa. No dia 1° de novembro, minha bolsa estourou. Quando eu senti aquele tanto de água, esqueci que estava grávida e pensei que estava morrendo. A ficha demorou a cair. Meu anjo Gabriel nasceu com muita saúde, graças a Deus. Meu primeiro milagre. Ele veio pra ser minha força. É por ele toda a luta. Tudo, tudo, tudo por ele.
  • Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? Rayssa - Finalizei o tratamento em 2010 com 30 sessões de radioterapia. Antes, fiz mastectomia total com retirada dos linfonodos. O tratamento foi mais tranquilo do que pensei. Não tive muitas reações com a quimio. Mas eu nunca deixei a doença falar mais alto. Continuei minha vida normal. Saía, me divertia, tomava uma cervejinha de vez em quando. Nossa mente comanda tudo. Pensamento positivo sempre.
  • Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê? Rayssa - A quimioterapia é sem dúvida a parte mais difícil. Quando o cabelo começa a cair sua ficha caí também. Mas graças a Deus, tudo passa. E passou bem rápido. Em 2014 surgiu a metástase. Foi bem pior receber essa notícia. Eu tinha certeza que dessa vez morreria. Ainda estou aqui. E vou estar por muito tempo ainda.
  • Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral diante ao tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? Rayssa - Sempre fui muito grata por ter a oportunidade de me tratar. Tive momentos que eu era praticamente carregada, devido à fraqueza. Mas não reclamava. O importante é fazer tudo direitinho e confiar no tratamento. Sempre estava lendo e pesquisando sobre a doença. Isso é muito importante. Saber os nomes de medicamentos que está usando e questionar sempre seu médico caso tenha alguma dúvida. O trabalho é dele, mas o corpo e a vida são nossos. Você que é paciente oncológico, procure tirar todas as informações do seu médico. Discuta com ele sobre o melhor tratamento pro seu caso.
  • Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? Rayssa - No começo era uma relação fria. Hoje somos mais amigas do que paciente e médica. Eu defino meu tratamento. Ela me ajuda. Sei quais são minhas opções. Estou sempre trocando "figurinhas" com amigas que estão nesse mesmo barco. O Oncoguia foi fundamental nesse processo. As meninas te amparam. Só falta colocar no colo. Cada encontro nosso é uma felicidade gigante. Volto renovada de cada encontro. Desabafamos, choramos e, mais que tudo, a gente ri pra caramba.
  • Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê? Rayssa - Me relacionei com um monte de profissionais. Perco até as contas. Enfermeiros, fisioterapeutas, cardiologistas, cirurgiões e muitos outros. Sou grata a todos eles. Amo todos. Agradeço sempre a Deus por ter um plano de saúde e assim ter a oportunidade de um tratamento mais digno e rápido. Sonho com o dia em que o tratamento seja igual para todas. Estamos na luta para que isso possa se tornar realidade. Estamos todas juntas nessa corrente.
  • Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida. Rayssa - Estou fazendo agora pq vi que realmente é necessário. Tomo remédio pra ansiedade pq desenvolvi a síndrome do pânico. Acho fundamental procurarmos ajuda de psicólogos e psiquiatras, faz muita diferença. Precisamos sim.
  • Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Rayssa - Hoje continuo o tratamento para tratar as metástases, sabendo que não há mais cura e sim controle. Meu desafio hoje é ter uma vida mais saudável, com uma alimentação mais equilibrada. Tenho uma vida" normal". Levo e busco filho na escola, cuido de casa, cachorro, marido, do resto da família toda. Tento preencher meus dias. Isso é importante.
  • Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? Rayssa - Parei pq o INSS me aposentou sem eu pedir. Fui pra renovar meu auxílio doença e voltei com a carta de aposentadoria. Chorei. Não queria aposentar. Mas depois fui acostumando com a ideia. Hoje tenho tempo pra cuidar mais de mim. E sou feliz com essa minha nada doce vida. Agradecendo sempre a Deus por tudo.
  • Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais? Rayssa - Tive problemas com o plano de saúde que não queria autorizar alguns exames e eu tive que pagar. Entrei com processo e ganhei a causa. Mas é muito estressante tudo. Você com uma doença grave ainda ter que se desgastar mais ainda com esse tipo de situação. Revoltante.
  • Instituto Oncoguia - Quais são seus projetos para o futuro? Rayssa - Quero ainda fazer outra faculdade. Fazer cursos. Viajar muito e curtir muito minha família.
  • Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? Rayssa - Quero dizer pra não desesperar. Isso vai passar. É uma fase chata mais passa. Tenha sempre pensamentos otimistas. Tente curtir ao máximo a vida, com responsabilidade. Ame e sejam gratas a tudo e a todos. Tente ver algo positivo em tudo. Peçam ajuda. Comam bem... cantem, dancem, achem a felicidade nas mínimas coisas. É assim que levo a vida. Não deixem o câncer ser prioridade na vida de vocês. Não vivenciem o câncer 24 horas. Quando der, tente esquecer que está em tratamento. Acredite, tudo que está acontecendo é pra sua melhoria. Então agradeça a Deus pela doença. Confesso que demorei a chegar nesse ponto de agradecer a doença. Mas é agradecendo que ganhamos mais presentes divinos.
  • Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Rayssa - Conheci o Oncoguia através de uma amiga do grupo que participo. Ela me convidou para o encontro que o Oncoguia promove todo ano. É para mulheres com câncer já avançado, ou seja, câncer metastático. Somos recebidas com muito carinho e atenção. Sou muito grata a toda equipe Oncoguia. Foi um presente de Deus na minha vida.
  • Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar? Rayssa - Deviam haver mais encontros. Rsrsrs. 1 ano é tempo demais. Brincadeira meninas. Tenho certeza que vocês ainda estão se recuperando do último. kkkkk
  • Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! Rayssa - Essa é uma situação que muito me revolta. Pode xingar, equipe Oncoguia?? Eu queria que houvesse empatia por parte dos políticos, que eles tentassem se colocar no lugar de alguém que precisa viver e depende do SUS, que depende de verba que é em forma de dinheiro. E cadê o dinheiro???? Cadê? Adivinhem... Está na Suíça na conta de vários desses monstros assassinos. Que Deus toque o coração deles e os faça enxergar que essa realidade pode ser mudada através deles mesmos. Que possam ter mais amor ao próximo. Vamos crer que a mudança vai acontecer.
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