[Câncer de Mama] Patrícia

Aprendendo com Você

• Essa entrevista foi preenchida em 26/01/2016

• Instituto Oncoguia - Quem é você? (idade, profissão, tem filhos, casada, cidade e estado?) Patrícia - Meu nome é Patrícia, sou casada e mãe da Agatha de três anos. Sou tecnóloga e pós graduada em gestão de pessoas, trabalho de forma independente com moda infantil, tenho um pequeno espaço em casa (MEI) e administro as tarefas da casa conciliando ao trabalho.
• Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Patrícia - Sempre senti um nódulo no seio direito após amamentação e ao averiguar com o obstetra na época, ela disse que se tratava de um cisto, apenas... O tempo passou e no autoexame percebi que o nódulo havia crescido. Busquei ajuda com exames particulares para constatar o carcinoma.
• Instituto Oncoguia - Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? Patrícia - Dores ao dormir de bruços. 
• Instituto Oncoguia - Quais dificuldades você enfrentou para fechar o seu diagnóstico? Patrícia - Mesmo em consultas particulares tive que insistir para conseguir requisição para fazer mamografia, pois não estava dentro do quadro de pesquisas e estatísticas, não tinha idade e nem ninguém na família com câncer.
• Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? No que pensou? Patrícia - Quando fiz a biopsia já sabia do resultado.. Os médicos só dão 100% de certeza depois que o resultado da biopsia sai... Mas eu já tinha aquele sentimento dentro de mim, aquela desconfiança a respeito do resultado. Me preparei psicologicamente para ser forte e estar forte para não chocar ou alterar rotina da minha pequena Agatha.
• Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? Patrícia - Minha maior preocupação sempre foi que a Agatha não sentisse nada em relação à esta minha experiência, minha luta, que ela não sentisse pena ou ficasse triste por mim, que ela fosse me rejeitar um pouco na hora em que ficasse sem os cabelos.
• Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? Patrícia - Fiz três ciclos das quimios vermelhas (as benditas)! Tenho mais uma para fazer e depois início às brancas (12) uma vez por semana. Não tem sido fácil psicologicamente e fisicamente... Toda a quimio me traz reações diversas, a pior delas está no sistema nervoso. No pânico que criei em comparecer à intermináveis consultas e permanecer no hospital por horas e mais horas.
• Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê? Patrícia - Quimioterapia. Mexe com a vaidade, mas principalmente altera toda a rotina, te deixa psicologicamente frágil, sensível.
• Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral diante ao tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? Patrícia - Tive vômito por três/quatro dias. Perdi peso, perdi gosto da comida (alteração do paladar), desmaio.. Tonturas, constipação, soluços (refluxo) dor no corpo inteiro.. Além da perda do cabelo. Antes que o cabelo caísse, fui cortando aos poucos... Fiz três cortes de cabelo para ir preparando as mudanças para minha filha e para ir me adaptando. Tirei fotos com minha filha do antes e depois. Comprei a lista toda de remédios que eu podia tomar para ajudar nos efeitos da quimio e lia muito sobre todos os efeitos possíveis para estar preparada.
• Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? Patrícia - Em algumas consultas estive triste e preocupada se a quimioterapia estava realmente fazendo o devido efeito, minha oncologista sempre me animou e fazia questão de dizer que estávamos junto nesta luta.
• Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida. Patrícia - Quando recebi a notícia da biopsia... Conheci a psicóloga do hospital e tive acesso a tratamento psicológico sempre que sentisse necessário.
• Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Patrícia - Estou escrevendo um diário. Nos momentos em que consigo escrever, me sinto assistindo a vida literalmente pela janela. Tenho dificuldades para fazer coisas diárias, como ver TV ou ler livros... Não há lugar confortável. A angústia se apodera as vezes da gente... Dormir tem sido minha fuga e responder inúmeros torpedos, mensagens e visitas de familiar e queridos amigos.
• Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? Patrícia - Por conta dos efeitos colaterais da quimio, me recupero após o quinto dia da sessão, meu ciclo está sendo feito de 14 em 14 dias... Aplico injeção todos os dias para que minha imunidade não baixe muito, pois precisamos apostar neste método para tentar a cura. Por conta desse período pequeno entre uma sessão e outra, não consigo trabalhar ou fazer as atividades diárias da casa. Conto com a ajuda da família para isso.
• Instituto Oncoguia - Quais são seus projetos para o futuro? Patrícia - Anseio pelo término das químios, anseio pelo dia que alguém irá me dizer "Patrícia, você venceu o câncer... Você já pode retomar tuas atividades". Anseio pela minha vida de volta, meu trabalho... Quero fazer Yoga, me dedicar mais ainda a minha filha... Curtir a infância dela como ela merece, com toda minha atenção e dedicação. Da vida, não quero muito. Meu único projeto é ser saudável.
• Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? Patrícia - Se informe. Leve seus familiares nas consultas para tranquilizá-los. Aceite ajuda. Converse com seu médico.
• Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Patrícia - Através de um amigo pelo Facebook.
• Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! Patrícia - Que todas as pessoas sejam levadas a sério, independente de idade ou se tenham pessoas na família com câncer. Que sejam tratadas da mesma forma e que tenham direito e acesso ao tratamento adequado.