[] [CÂNCER DE INTESTINO] Maria Do Rosário Orlandeli

Aprendendo com Você
  • Instituto Oncoguia - Você poderia se apresentar?
     
    Maria do Rosário - Meu nome é Maria do Rosário, tenho 49 anos, sou casada e tenho duas filhas. Trabalho com transporte escolar e universitário. Meu hobby é passear com a minha cachorra e fazer arte em papel. 

    Instituto Oncoguia - Como você descobriu que estava com câncer?
     
    Maria do Rosário - Em dezembro de 2005 tive uma hemorragia, fui ao Pronto Socorro e fiquei internada já de imediato. Fiz minha primeira cirurgia e retirei parte do intestino. Depois veio a notícia, coisas que a gente não assimila no ato. É câncer e tem metástase, procure um oncologista. 

    Instituto Oncoguia - Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?
     
    Maria do Rosário - Eu estava entrando em um mundo que eu não queria. Foi como se alguém tivesse me colocado em uma caixa de concreto com tampa. Senti medo, culpa, pena de mim, chorei muito, procurei vários culpados e nunca perguntei "porque comigo”? 

    Instituto Oncoguia - Qual era a sua maior preocupação neste momento?
     
    Maria do Rosário - Que iria morrer e não queria. 

    Instituto Oncoguia - O que aconteceu depois disso? Você já começou o tratamento?

    Maria do Rosário - Depois da notícia parecia que nós, minha família, estávamos em uma guerra. Tivemos que tomar decisões, quem assumiria meu trabalho? Quem faria as atividades básicas como ir ao supermercado, ao banco, sacolão? Quem tomaria conta de mim? Contratamos uma empregada, e aí começaram as visitas a oncologistas até encontrarmos uma médica abençoada. Na ocasião fiz uma pesquisa no google e conheci o Oncoguia, que nos ajudou muito a entender as coisas. Funcionou como uma cartilha pois não sabíamos como tratar uma pessoa com câncer. 

    Instituto Oncoguia - Qual foi a fase mais difícil do tratamento? Por quê?

    Maria do Rosário - A primeira fase do tratamento foi muito difícil, entrei em depressão, negava a doença, não queria estar no meu lugar, tive fobia social, não queria mais ver ninguém. Estou ainda em tratamento. Depois da primeira fase, precisei retirar os ovários devido à metástase. Hoje faço a segunda fase do tratamento pois ainda tenho tumores nos dois pulmões. Até agora fiz 12 sessões de quimioterapia em 2006 e mais 12 agora em 2007. Nesta segunda fase fiz tudo diferente, voltei a conviver com meus amigos, e me aproximei de Deus com todas as minhas forças, pedindo a Ele mais uma chance. É muito importante nessa fase a ajuda de um psicólogo e de grupos de apoio a pacientes e familiares. A quimio é difícil porque nos deixa semi-viva, com muitos efeitos colaterais. 

    Instituto Oncoguia - Fale-nos a respeito dos efeitos colaterais? 
     
    Maria do Rosário - Tive muita náusea, diarréia, mucosite, queda de cabelo (nem me fez falta), e uns quilos a mais. Até agora engordei 11kg. No entanto a seqüela mais difícil que me tira um pouco a liberdade é a neuropatia nos pés e nas mãos ( a neuropatia causa uma falta de sensibilidade). 

    Instituto Oncoguia - Como é a relação com o seu médico?
     
    Maria do Rosário - A relação com a minha médica é de puro carinho e é claro, profissional. Ela é clara nas informações, objetiva, firme quando é necessário (tocar em algum assunto de medicamento ou cirurgia). 

    Instituto Oncoguia - Você contou com algum outro profissional? 
     
    Maria do Rosário - Contei e ainda conto com a ajuda de uma psicóloga especialista na doença, que me ajudou a entender que eu não tinha culpa de nada, me orientava a respeitar minha dor, meu medo... Me fez entender que posso ser frágil, posso chorar, mas sem nunca perder a esperança. 

    Instituto Oncoguia - Como você está agora?
     
    Maria do Rosário - O câncer ainda não passou, mas me sinto fortalecida, para continuar lutando. Consigo ver minha vida sem câncer. Acredito no Deus do Impossível. 

    Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje?
     
    Maria do Rosário - Ainda não voltou ao normal, mas levo uma vida com alegria, faço programas que meus limites permitem. O que me faz muito bem é pensar o que posso fazer para que cada dia seja especial. Criando pequenos programas, como sentar ao sol, ler um livro bacana, assistir um bom filme, ir à casa de uma amiga, tomar café, ligar para alguém do bem que possa te deixar alegre mesmo estando distante, almoçar com uma amiga...

    Instituto Oncoguia - Teve alguma coisa que você fez durante o tratamento que fez a diferença? O que é fundamental?

    Maria do Rosário - Sabe, quando a gente recebe o diagnóstico do câncer primeiro a gente briga com Deus e depois fica de bem. Eu sempre rezei muito e tive fé. Procurei muito na internet me informar sobre a doença e foi assim que acabei conhecendo o Oncoguia. Procurei na internet também algum curso, alguma coisa que eu pudesse fazer para me ocupar o meu tempo e a minha cabeça. Foi então que eu descobri a Arte de papel. Comecei a ter aula e a me dedicar.No começo foi difícil, mesmo porque eu não sinto as mãos e os pés (efeito da quimio).Tive que aprender a usar a boca para fazer as dobraduras. É uma terapia além de estimular muito a minha criatividade.

    Antes de saber do diagnóstico do câncer, eu já realizada as atividades de meditação, reiki, acupuntura e hoje, continuo fazendo ainda mais. Tenho cuidados específicos com a minha alimentação. Através do grupo de apoio me dei conta de que eu poderia mudar o meu dia, poderia deixar o meu dia da forma como eu queria. As pessoas acham que o câncer muda a sua vida literalmente. Eu acredito que muda pelo fato de lhe fazer enxergar coisas simples, coisas pequenas e começar a dar valor às atitudes que realmente fazem a diferença.

    Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?
     
    Maria do Rosário - Que temos chance de ficar curados, muita chance! A união da família, depois que todos possam assimilar o que está acontecendo. Ajuda de um psicólogo especialista para a compreensão da nova vida. Procurar um grupo de apoio, você conhecerá pessoas incríveis! Se puder, não se afaste totalmente do seu trabalho, e se não tiver outro jeito procure uma arteterapia, musicoterapia, qualquer coisa que preencha seu tempo e possa te transmitir amor. Existem grupos de apoio com esses cursos e muitas atividades no parque Ibirapuera, tudo gratuito. É um carinho que fazemos a nos mesmas.

    Torne seu dia único! Nosso futuro é hoje. Acredite no seu médico, e no Deus do impossível.

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