[Câncer de Mama] Maria Christina Horta De Araujo E Rocha Ferreira

Aprendendo com Você
  • Instituto Oncoguia - Quem é você? (idade, profissão, tem filhos, casada, cidade e estado?) Maria - Sou muito bem casada desde 1986, mas não tivemos filhos. Formada em Física pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1977. Em 1984 uma amiga e eu montamos em sociedade uma empresa de decoração de interiores e trabalhamos muito e com sucesso. Em 2010, então com 58 anos, embora estivesse com todos os meus exames em dia, notei um nódulo na mama esquerda. Minha vida, desde então, ficou sendo o meu tratamento e só isso me importava. Meu dedicado marido, sempre ao meu lado, foi muito sacrificado em razão de não termos com quem dividir as tarefas e também as diversas dificuldades que caíram sobre nossas cabeças. Mas levei o tratamento numa boa, sem reclamar, com a absoluta certeza da cura. O apoio de amigos e até de pessoas que eu mal conhecia foi de suma importância. Fui super bem tratada no A. C. Camargo Câncer Center, pois felizmente eu tinha um bom plano de saúde. Caso contrário, hoje estaria contando outra história, ou até nem estaria por aqui. Só senti muito a falta de orientação para a compra de medicamentos e outras providências, passaram batido. Amanhã, dia 22 de junho de 2015, comemoro 5 anos de vitória contra a doença. Concluí um curso e hoje sou Corretora de Seguros. Meu marido, que tem larga experiência na área e eu pretendemos montar uma empresa e iniciar juntos essa caminhada na minha nova profissão.
  • Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Maria - Embora estivesse com meus exames em dia, descobri apalpando a mama e percebendo que estava diferente da outra. Foi no início do mês de abril de 2010 e meus últimos exames eram de junho de 2009, 10 meses apenas.
  • Instituto Oncoguia - Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? Maria - Não tive sintomas.
  • Instituto Oncoguia - Quais dificuldades você enfrentou para fechar o seu diagnóstico? Maria - Nenhuma, foi feita a biópsia Core e recebi diagnóstico confirmando em poucos dias.
  • Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? No que pensou? Maria - No momento em que li o diagnóstico estava no carro com meu marido saindo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz com o laudo do exame. Senti-me assustada, sensação de medo, sabendo muito bem o que significava esse resultado, afinal sou filha de médico e de pais que faleceram em razão dessa doença. Na mesma hora liguei para meu médico contando o fato e ele me acalmou. Era um sábado pela manhã, fomos direto para o clube. Lá encontrei alguns amigos, contei o ocorrido, chorei algumas vezes, abracei e fui abraçada, mas depois desse dia, nunca mais chorei. Foi surgindo uma força que eu nem imaginava ter. De mãos dadas com meu marido enfrentei com coragem e não esmoreci.
  • Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? Maria - Minha maior preocupação foi com meu marido. Sempre muitos unidos. E nós sempre fomos aqueles que acudiam os parentes, mas quem iria nos acudir??? Meu Rodrigo tinha que se dividir em vários, trabalhar, me acompanhar no hospital, que era distante da nossa casa e me ajudar com os afazeres diários, pois não temos quem os faça. Ele tinha que ficar bem, não se cansar, não adoecer, essa era minha preocupação maior, poupa-lo sempre que pudesse.
  • Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? Maria - A cirurgia foi tranquila, retirado o quadrante superior e 2 gânglios sentinelas que foram negativos, felizmente. Fiquei internada apenas por 20 horas. Cerca de 3 semanas após, colocaram o Port Catheter e uns 15 dias depois iniciou-se a quimioterapia com intervalos de 21 dias no total de 8. Meu Rodrigo e eu íamos como se fosse um novo programa, sorrindo, assistindo a TV e tomando um lanchinho. Quando terminava, geralmente umas 2 a 3 hs depois, lá íamos nós dois para o clube. Algumas vezes comemos pizza nesses dias. Passava bem, nem sentia nada. Só no final do 3º dia após a quimio é que me dava uma fadiga chata que durava 3 dias. Eu ficava uma porcaria nesse período, mas deixava almoço/jantar prontos dias antes e o Rodrigo só esquentava e servia. Terminei a quimio em 31dez10 e em 8jan11 apareceu uma febre que me levou a internação até a descoberta de um início de pneumonia. Em março/11 iniciei a radioterapia com 30 aplicações.
  • Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê? Maria - O tratamento em si é desagradável devido aos efeitos colaterais. Não tive outros efeitos além da fadiga do 3º ao 6º dia da quimio e da queda de cabelos/pelos. A radioterapia eu levei numa boa também, o mais difícil de tudo foi a marcação das aplicações, demorada requerendo imobilização, bem difícil.
  • Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral diante ao tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? Maria - No item 7 relatei esses efeitos. Fadiga do 3º ao 6º dia da quimio e a queda dos cabelos, isso me incomodou no início. Com uns 15 dias da 1ª quimio começou a queda, pedi ao meu marido para raspar minha cabeça, era insuportável aguentar cabelo caindo pra todo lado até na comida, na boca, no travesseiro... Uma amiga me emprestou uma peruca Chanel linda, cabelo parecido com o meu, mas não consegui usar mais do que 3 ou 4 vezes. Virei-me com echarpes. Comprei umas simples e deu certo.
  • Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? Maria - No hospital ACCamargo vc não tem 1 médico, tem vários. O hospital é muito procurado por pessoas de todo o Estado, do País e do Exterior, portanto muito cheio. Não está fácil marcar consulta pra logo, a médica que me operou já não está mais lá, porém a médica clínica ainda se encontra e me acompanha. Devido ao grande nº de pacientes as consultas acabam sendo curtas e o paciente, infelizmente, é apenas um nº, não existe relação muito próxima com os drs.
  • Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê? Maria - Com a oncogenética. Descobriram que eu sou portadora de uma síndrome, Li-Fraumeni. A dra. que me acompanhava clinicamente me encaminhou ao departamento após ouvir meu relato de que diversos familiares haviam sofrido a doença.
  • Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida. Maria - Não tive acompanhamento psicológico. Mas me comportei de forma muito otimista sempre, eu tinha certeza de que ficaria boa completamente. Nunca tive pensamento diferente. Sou católica e rezei muito, acho importante o apego à fé.
  • Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Maria - Estou bem de saúde, um pouco acima do peso que eu tinha antes da doença, mas nada de absurdo. E após a doença ainda estudei e me formei como Corretora de Seguros.
  • Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? Maria - Na ocasião do câncer eu não estava trabalhando, pois minha sócia e eu tínhamos decidido parar com as atividades por algum tempo. Pretendo trabalhar com meu marido em breve.
  • Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais? Maria - Não, nem sei que direitos eu tinha ou tenho, não tive quem me orientasse. Aos que perguntei me disseram que como eu estava aparentemente bem, não teria nenhum direito em razão da doença, não sei se procede.
  • Instituto Oncoguia - Quais são seus projetos para o futuro? Maria - Meu marido e eu estamos montando uma corretora de seguros, não é tão simples começar, mas é nossa pretensão.
  • Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? Maria - Que procure informar-se bem com seus médicos sobre todos os aspectos. Diria que hoje em dia o diagnóstico de câncer não é mais uma condenação a morte como foi outrora. A ciência evoluiu, há muito recursos. Mas que essa pessoa faça sim a sua parte sempre com otimismo, com coragem de quem vai à luta com a certeza da vitória. Diria a ela que nunca questione o mal que a acometeu, pois este servirá para fortalecê-la.
  • Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Maria - Pesquisando na internet logo que adoeci, "fuçando" sobre câncer de mama, quimioterapia, radioterapia etc.
  • Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar? Maria - Os hospitais, os médicos, não estão lá para orientar sobre os direitos da pessoa com câncer, mas até certo ponto, pode ser um local de orientação/informação nesse sentido. Orientar que existem medicamentos que podem ser gratuitos, que há direitos que podem facilitar seu bem estar e seu tratamento. Não me preocupei com isso, não pensei nisso, achei que eu não tivesse direito porque não havia sofrido mastectomia, não fiz nada e hoje percebo que fui muito prejudicada.
  • Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! Maria - PREVENÇÃO! PREVENÇÃO! E mais PREVENÇÃO! Prevenir pouparia gastos imensos com tratamentos prolongados e sofisticados a custos altíssimos. Daria qualidade melhor de vida a população. Com saúde há menos internações, menos tratamentos, menos exames complementares, menos gastos com medicamentos caros. E pouparia vidas.
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