[Câncer de Ovário] Luisa Elisa Dos Santos

Aprendendo com Você
Luisa Elisa dos Santos
  • Instituto Oncoguia - Quem é você? (idade, profissão, tem filhos, casada, cidade e estado?) Luisa - Meu nome Luisa Elisa dos Santos, 53 anos, funcionária pública estadual, solteira, sem filhos, moro em Campinas e tenho curso superior incompleto.
  • Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Luisa - Levei um susto após consultar um clínico geral e dermatologista por queda intensa de cabelo e meu abdome estava muito grande. Sentia muita falta de ar, andei perdendo os sentidos, falei para médica "estou morrendo e não sei por que! Olha o estado de minha barriga!".
  • Instituto Oncoguia - Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? Luisa - Queda de cabelo muito acentuada, abdome volumoso, porém sem dores. Quando a médica mandou tomar hormônio para fazer tomografia de ovário, aí sim as dores foram violentas, impedindo de andar, respirar e muita tontura.
  • Instituto Oncoguia - Quais dificuldades você enfrentou para fechar o seu diagnóstico? Luisa - Achar um médico depois de passar por alguns e voltar até que um mandou fazer tomografia abdominal total e ir a São Paulo, pois aqui em Campinas não teria chance de conseguir diagnostico e no hospital do Servidor Publico Estadual, mesmo que fosse demorado, eu seria atendida e com diagnostico correto.
  • Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? No que pensou? Luisa - No primeiro momento seria morrer, embora eu já estivesse sem forças, sabia que algo estava errado, mas jamais imaginei câncer, vou morrer. No momento pensei: "o que fiz de errado?", "Faço meus exames preventivos todo ano e como ninguém viu isto?", "Em quem acreditar?". Falei para a médica do posto de saúde que minha menstruação estava irregular e que precisava fazer exame transvaginal e "sempre que marco fico menstruada, algo esta errado." Foi quando troquei de médica e falei do meu estado.
  • Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? Luisa - Vou morrer, o que fiz da minha vida? Não mereço esta doença!! Fiz tudo corretamente, não tenho vida desregrada e agora? A certeza do óbito estava clara, não tinha mais o que fazer. As dores são violentas, peço a morte sim, ninguém merece dor. Doutor deixe-me morrer sem dor pelo menos nestes últimos instantes de vida, não aguento mais.
  • Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? Luisa - Fiquei ainda uns 10 dias fazendo exames com urgência. Tirei água do abdomem duas vezes, aliviou um pouco, mas voltava muito rápido. Doutor me mate por favor não aguento mais. Estamos tentando e estudando o caso, mas eles não queriam abrir por que não ia surtir efeito favorável, mas operei e quando estava quase terminando a cirurgia teve problemas e fui para a UTI, não sei quanto tempo fiquei. Depois, fui para semi intensiva, fui melhorando perdi noção de tempo. Nossa estou viva, não tenho dor, milagre existe e este foi um dos maiores em minha vida. Estou no acompanhamento.
  • Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê? Luisa - Tudo é estranho quando não se tem informação e quando nunca passamos por isto em nossa família. O medo da quimioterapia, falam que dói. Isto fica na memoria sem mesmo passar o medo da dor. Tudo é difícil quando não se tem aceitação, temos que correr contra o tempo. A falta de conhecimento prejudica muito. No meu caso eu só fiz quimioterapia, seis sessões de 6 horas.
  • Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral diante ao tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? Luisa - Sim, o efeito colateral que ocorreu em mim foram as dores pós quimio no terceiro dia, dor no corpo inteiro, não conseguia levantar e perdi as forças físicas. O medo de cair por não sentir os pés, as mãos incham, e senti dores articulações. Não tive vômitos nem diarreia. O cabelo que caiu foi o de menos, o que não queria mesmo era sentir dor. É uma dor que não existe, demais, como pode? Não sei se existe dor pior do que esta... O apoio familiar é muito importante, colegas, amigos, serviços.
  • Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? Luisa - A oncologista é muito boa, precavida, pergunta tudo com detalhes. Sempre peço orientação do que necessito, sou muito bem atendida e não fico com dor. Tenho sequelas da quimio, nas articulações, esta difícil de sair. Tomando remédio passa. Tenho medo de cair, não tenho mais força física. Ex: 1 kg de açúcar é 5kg. Não consigo correr, mas tudo bem nas demais coisas. Estou fazendo hidroginástica e estou me sentindo bem, melhorou o meu caminhar, respiração e durmo melhor.
  • Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê? Luisa - Sim, nutricionista e psicólogo. Eles ajudam a ter uma visão melhor em seguir em frente.
  • Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida. Luisa - Fiz muito pouco. Quando chegamos no hospital em Campinas, deveríamos ter acompanhamento psicológico. Ficamos sem rumo sem chão, mesmo por que é deprimente ver os outros pacientes e ver que você esta indo na mesma direção. Tive muita sorte, renasci pela vida. Sou muito otimista, gosto de alegria, festa, tudo de bom, se eu me deixar cair, levantar é duro. E tudo depende de você e somente você pode fazer, mais ninguém.
  • Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Luisa - Hoje estou bem, nem parece que passei por tudo isto, faz dois anos que ocorreu (06.02.2013). Na família tudo mudou, nunca estaremos preparados para um grande trauma como este. Como fazer, agir, onde errou e a importância da união em todos os sentidos.
  • Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? Luisa - Sim, voltei a trabalhar após oito meses de licença saúde. Estou limitada algumas coisas que fazia.
  • Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais? Luisa - Sim, em São Paulo consegui o passe de ônibus especial, porém o intermunicipal não. Alegaram que quem mora fora da região não da direito (Ex: moro em Campinas e faço tratamento em São Paulo), mas quando procurei socorro aqui em Campinas, não tive e fui a São Paulo. O direito de redução no financiamento da casa própria não consegui, teria que ficar invalida.
  • Instituto Oncoguia - Quais são seus projetos para o futuro? Luisa - Pretendo fazer uma faculdade, aprender libras (sou deficiente auditiva parcial), viajar muito para locais onde tenham muitos jardins e árvores.
  • Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? Luisa - Procurar ajuda, trocar ideias com outras pessoas que já passaram pela mesma situação, ligar para o oncoguia que me ajudou muito e ao meu irmão também. Não perder a esperança enquanto tiver vida há esperança, tudo pode mudar. A vida é mesmo um espetáculo, vale a pena viver, a cada minuto. Abrace, não tenha vergonha de abraçar e dizer que ama alguém, amanhã você pode não estar mais aqui ou o outro também. E em hipótese alguma deixar o tratamento mesmo que você não tenho conseguido progresso paliativo com a medicação. Pode ser cansativo, mas não desista nunca e muita mas muita agua. Sucesso a todos os paciente e todos trabalhadores da oncologia.
  • Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Luisa - Conheci através do meu irmão que se encontrou perdido sem saber o que fazer. Ele fala para todos que necessitam "entre no site", ligue ajuda e muito.
  • Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar? Luisa - Que os médicos divulguem mais sobre o câncer de ovário, não deixem de pedir tomografia pelo menos a cada 3 meses. Campanha entre o Brasil inteiro (todos os hospitais, clinicas, faculdades universitárias). Intercambio entre cidades, campanhas, doações, mídia, senac, sesc, sesi, etc....
  • Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! Luisa - Prevenção é o melhor remédio. Apoio a pesquisa no Brasil, em todos os sentidos, sem saúde, não há desenvolvimento.
Multimídia

Acesse a galeria do TV Oncoguia e Biblioteca

Folhetos

Diferentes materiais educativos para download

Doações

Faça você também parte desta batalha

Cadastro

Mantenha-se conectado ao nosso trabalho