[Câncer de Mama] Lilia Oliveira

Aprendendo com Você
  • Instituto Oncoguia - Quem é você? (idade, profissão, tem filhos, casada, cidade e estado?) Lilia - Médica, 50 anos, casada, duas filhas, de Fortaleza, Ceará.
  • Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Lilia - Autoexame. Fazia mamografia e ultrassonografia mamária anualmente desde os 40 anos, tendo feito uma mamografia padrão aos 35 anos. Sem antecedentes familiares de câncer de mama, porém com obesidade tipo 1 e stress intenso na época do diagnóstico.
  • Instituto Oncoguia - Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? Lilia - Sim. Palpei um tumor de aproximadamente 2 cm em quadrante súpero-externo em mama esquerda, de consistência endurecida e contornos irregulares. Não havia secreção mamilar, ou tumoração em axila.
  • Instituto Oncoguia - Quais dificuldades você enfrentou para fechar o seu diagnóstico? Lilia - Nenhuma. Fiz ultrassonografia mamária que confirmou e mediu a lesão. A mamografia não demonstrou lesão. Fui encaminhada para a ressonância magnética da mama, que demonstrou outra lesão e gânglios mamários. Fiz em seguida uma core-biopsy, e o anátomo-patológico confirmou a neoplasia maligna da mama. Fiz ainda um PET scan para rastrear doença à distância, mas que foi normal.
  • Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? No que pensou? Lilia - Arrasada desde a palpação, pois sendo ginecologista já suspeitava no auto-exame que se tratava de doença maligna. Além de me sentir caindo em um buraco, sabia que minha vida pessoal e profissional iria virar de cabeça para baixo. Também senti que poderia morrer, pois estava com uma doença grave que ameaçava minha vida.
  • Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? Lilia - Com a possibilidade de morrer e deixar meu marido e filhas.
  • Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? Lilia - Estou completando o esquema da terapia-alvo e em hormonioterapia. Me submeti em três semanas após o diagnóstico à mastectomia radical e esvazimento adilar à esquerda, mastectomia subcutânea profilática à direita, e reconstrução imediata das mamas. Com exceção da drenagem fechada das mamas por 21 dias, me recuperei bem, e fiz fisioterapia para recuperação dos movimentos do membro superior esquerdo. Logo que retirei o dreno, iniciei a quimioterapia, com série vermelha a cada 3 semanas no total de 4 doses, e com a série branca semanal com anticorpo monoclonal a cada 3 semanas. A quimioterapia foi uma experiência traumática, pois sofri com a perda dos cabelos, cílios e sobrancelhas, além de ter apresentado diarreia intensa, fadiga oncológica, edema em membros inferiores e em face por conta do corticoide. Usei peruca quando saía e touca de banho em casa, pois detestei minha aparência sem cabelos e não queria que minha família lembrasse de mim com aquela aparência de doente. Outro efeito colateral terrível foi a alteração no sabor de alguns alimentos, que levava à intolerância. A radioterapia foi muito tranquila, tendo feito 28 sessões. Protegi a pele com água termal e pomada protetora após a aplicação.
  • Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê? Lilia - Sem dúvida alguma a quimioterapia é terrível, pelos efeitos colaterais já mencionados e pela perda dos cabelos, que detestei. Para mim foi um tratamento incapacitante, pois tive a fadiga oncológica que me levou à depressão por conta do tratamento.
  • Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral diante ao tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? Lilia - Sim. Perda dos cabelos, cílios e sobrancelhas, tendo feito maquiagem para disfarçar e uso de peruca, pois detestei ficar careca e nem gosto de lenços ou turbantes. Tive diarreia que tentava evitar com dieta constipante indicada pela nutricionista da clínica, alteração do sono, com uso de indutor do sono, náuseas com uso de antieméticos. Alteração do apetite só passou com o término da série branca.
  • Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? Lilia - Só tenho que agradecer a todos os meus médicos assistentes. Ainda bem que estou em tratamento em um serviço oncológico que trata com dignidade e paciência os paciente.
  • Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê? Lilia - Sim. O meu médico oncologista clínico me encaminhou para a nutricionista do serviço para orientação dietética por conta dos efeitos colaterais advindos com a quimioterapia. Também me consultei algum as vezes com o psicólogo da clínica, que me ajudou a aceitar o pesadelo que estava passando.
  • Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida. Lilia - Apresentei episódio de depressão grave com pensamentos negativos no final da série vermelha, tendo procurado o psicólogo da clínica nesse período. Com o fim da série vermelha, os sintomas melhoraram. No momento estou em seguimento com um psiquiatra e com uma psicóloga, pois apesar das pessoas me considerarem uma pessoa forte, tive uma tristeza profunda após ter me submetido à nova cirurgia para reposicionar a prótese à direita. A psicóloga disse que é normal você ser forte durante o tratamento, e no final se permitir sofrer, o que pode levar à tristeza profunda.
  • Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Lilia - Estou bem, em uso de medicação antidepressiva, hormonioterapia e em uso de terapia-alvo a cada três semanas. Com o apoio do psiquiatra e coma psicoterapia os pensamentos estão mais voltados para o futuro, e com a expectativa de voltar ao meu trabalho.
  • Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? Lilia - Depois do diagnóstico não consegui mais trabalhar, pois canalizei toda a minha energia para o tratamento e para salvar minha vida. Fui operada menos de três semanas após ter palpado o tumor, o que já foi excelente para a cura da doença. Por conta disso, tive que distribuir pacientes que acompanhava e saí de licença de meus empregos públicos, afinal estava com câncer e não com gripe.
  • Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais? Lilia - Sim. Tirei licença de meus empregos públicos e busquei o auxílio-doença no INSS.
  • Instituto Oncoguia - Quais são seus projetos para o futuro? Lilia - Emagrecer mais (perdi 10 kg na quimioterapia, e quero perder mais cinco), realizar atividade física 2 a 3 vezes por semana, reduzir o stress em minhas atividades profissionais e voltar ao meu trabalho.
  • Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? Lilia - Busque forças internas e apoio externo de amigos e familiares, pois o tratamento é penoso. Faça o que lhe faça se sentir bem. Se afaste de pessoas negativas. Confie na equipe assistente, e se não atenderem a suas expectativas, mude.
  • Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Lilia - Internet.
  • Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar? Lilia - Continuem a fazer esse trabalho maravilhoso. Muitas dicas da página me ajudaram a encarar essa doença.
  • Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! Lilia - Que se reduza o roubo e que aumentem os investimentos no SUS.
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