[Câncer de Intestino Delgado] Júnia Marielle Ferreira
Aprendendo com Você
- Instituto Oncoguia - Quem é você? (idade, profissão, tem filhos, casada, cidade e estado?) Júnia - Meu nome é Júnia Marielle Ferreira, tenho 39 anos, sou professora de Educação Infantil e secretária na Escola Estadual São Judas Tadeu. Sou casada com Charles há 11 anos e temos dois filhos, Kesley Willian de 11 anos e Keila Marielle de 10 anos. Sou da cidade de Luislândia-MG, mas moro em Brasília de Minas-MG desde o ano de 2005.
- Instituto Oncoguia - Como foi que você descobriu que estava com câncer? Júnia - Descobri que estava com câncer em março de 2014. Comecei sentindo fortes dores na barriga que ficava bastante inchada. Um dia passei muito mal e meu esposo me levou ao hospital, foi feito um ultrassom que constatou "pedras" na vesícula. Parti, então, para o médico que faria a cirurgia para a retirada da vesícula, foram pedidos alguns exames para o risco cirúrgico. Passei no cardiologista Dr. George Dinardo Rodrigues Nery que pediu alguns exames, no dia do retorno falei com ele que estava sentindo um "bolo" estranho na minha barriga, ele disse que não podia ainda me liberar para a cirurgia de retirada da vesícula, pois precisava de mais exames. Então, o cardiologista pediu uma colonoscopia e nesse exame foi constatado o tumor no intestino (ceco-cólon direito). A partir desse exame e da biopsia fui encaminhada para Santa Casa de Montes Claros, onde fiz todo o meu tratamento.
- Instituto Oncoguia - Você apresentou sinais e sintomas do câncer? Quais? Júnia - O sintoma apresentado foi um "bolo" que aparecia na minha barriga e sumia. Eu sentia uma leve cólica e esse "bolo" aparecia de um lado e sumia rapidamente.
- Instituto Oncoguia - Quais dificuldades você enfrentou para fechar o seu diagnóstico? Júnia - O diagnóstico foi fechado rápido, pois os médicos que me atenderam antes viram a necessidade dessa rapidez e me ajudaram bastante.
- Instituto Oncoguia - Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu? No que pensou? Júnia - Quem me deu o diagnóstico foi minha irmã Maria de Lourdes que trabalhava no hospital e me acompanhou no exame de colonoscopia. Assim que chegou o resultado da biopsia, o médico passou toda a situação para ela. Ela chegou na minha casa de manhã, eu já estranhei pois era o horário dela estar trabalhando. Quando vi aqueles papéis em sua mão meu corpo estremeceu, mas até então não imaginei nada. Ela começou a falar comigo e expôs toda a situação. Naquele momento o mundo desabou para mim, ela falava e parecia que eu estava num abismo sem fim. Comecei a chorar e pensar que iria morrer. Só vinha a minha cabeça meus filhos, como eles ficariam, com quem eles ficariam, como seria a vida deles sem a minha presença... Neste momento passava tudo pela minha cabeça, menos a possibilidade da cura. Minha irmã, que foi tudo para mim durante todo o meu tratamento, me deu muita força naquele momento e disse que estaria comigo para o que der e vier. Depois que fiquei sozinho pensei que fosse enlouquecer, eu procurava pensar em alguma coisa boa e não conseguia.
- Instituto Oncoguia - Qual foi a sua maior preocupação neste momento? Júnia - A minha maior preocupação no momento foi meus filhos e depois como seria meu tratamento, como seria minha vida a partir dali.
- Instituto Oncoguia - Você já começou o tratamento? Em que parte do tratamento você se encontra nesse momento? Se já finalizou, conte-nos um pouco sobre como foi enfrentar todos os tratamentos? Júnia - Comecei meu tratamento em março de 2014 na Santa Casa de Montes Claros-MG, em maio fiz a cirurgia para retirada do tumor e comecei as sessões de quimioterapia em junho, fiz 18 sessões, uma por semana, e terminei em novembro/2014. Agora, graças a Deus, tenho só consultas na oncologia de 4 em 4 meses e sempre que passo com as médicas elas pedem alguns exames.
- Instituto Oncoguia - Em sua opinião, qual é o tratamento mais difícil? Por quê? Júnia - O cirurgia e o pós operatório formam bastante difíceis, mas o pior tratamento foram as sessões de quimioterapia. Eu passava muito mal com os medicamentos.
- Instituto Oncoguia - Você sentiu algum efeito colateral diante ao tratamento? Como lidou com isso? O que te ajudou? Júnia - O efeito colateral dos medicamentos da quimio foram muito fortes. Fazia a quimioterapia na segunda-feira e não sentia nada, mas na quarta, quinta e sexta sentia uma fraqueza intensa, muito enjoo, sono e não conseguia me levantar da cama. Foram meses muito difíceis. O que me ajudou foi uma alimentação balanceada e mais saudável. Tomei também muito suco de graviola e chá da folha de graviola.
- Instituto Oncoguia - Como foi/é a sua relação com seu médico oncologista? Júnia - Durante todo o tratamento eu fui atendida por várias médicas, na hora da consulta o prontuário é colocado por ordem de chegada e a médica que pegar o meu prontuário é que vai me atender. A minha relação com elas foi bastante tranquila, elas me deixam muito a vontade e esclarecem todas as minhas dúvidas.
- Instituto Oncoguia - Você se relacionou com outros profissionais? Se sim, quais e por quê? Júnia - Sim. Procurei outros médicos da minha cidade no início do tratamento porque queria ouvir a opinião de outros médicos.
- Instituto Oncoguia - Você fez ou faz acompanhamento psicológico? Se sim, conte-nos um pouco sobre a importância desse profissional nessa fase da sua vida. Júnia - Não. Preferi me apegar a Deus e confiar Nele. Essa foi minha maior força. Procurei nas orações o motivo daquele sofrimento e Deus me mostrou o quanto eu sou forte, o quanto Ele pode fazer por nós e isso me deu força durante todo o meu tratamento. Minha família foi meu porto seguro. Meu marido é uma bênção na minha vida, esteve comigo em todos os momentos. Minha mãe e meus irmãos também estavam sempre presentes. Com todo esse apoio tive força para lutar e acreditar na minha cura.
- Instituto Oncoguia - Como está a sua vida hoje? Júnia - A minha vida está ótima, de acordo com os exames estou muito bem. Estou na luta ainda, mas com muita fé que já deu tudo muito certo.
- Instituto Oncoguia - Você continua trabalhando ou parou por causa do câncer? Júnia - Eu fiquei o ano de 2014 de licença, mas agora voltei a trabalhar. Gosto muito do meu trabalho e a companhia dos meus colegas de trabalho me faz bem, me faz esquecer um pouco tudo que passei.
- Instituto Oncoguia - Você buscou seus direitos? Se sim, quais? Júnia - Sim, busquei os meus direitos de ser atendida pelo SUS. A cirurgia, os medicamentos, os exames e as consultas foram todas pelo SUS.
- Instituto Oncoguia - Quais são seus projetos para o futuro? Júnia - O meu projeto hoje é VIVER BEM, viver cada dia como se fosse o ultimo. Hoje acredito que sou bem mais feliz, fico mais tempo na companhia dos meus filhos e do meu esposo, faço o que realmente gosto e me faz bem, procuro estar próxima de pessoas do bem, procuro estar mais próxima de Deus.
- Instituto Oncoguia - Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje? Júnia - A minha orientação é que a pessoa ponha Deus no controle da sua vida, não se desespere, procure estar bem informado sobre que parte do tratamento e passe por ele com tranquilidade. Acredite na sua cura, tenha fé que tudo dará certo no final e isso acontecerá.
- Instituto Oncoguia - Como você conheceu o Oncoguia? Júnia - Conheci o Oncoguia pelo facebook e gostei muito do trabalho e do apoio que vocês dão para nós nesse momento tão difícil.
- Instituto Oncoguia - Você tem alguma sugestão a nos dar? Júnia - Sugiro que vocês continuem ajudando e dando esse apoio maravilhoso que vocês dão as pessoas com câncer.
- Instituto Oncoguia - O que você acha que deveria ser feito para melhorar a situação do câncer no Brasil? Deixe um recado para os políticos brasileiros! Júnia - Para melhorar a situação do câncer no Brasil acredito que deveria ser investido mais em pesquisas sobre medicamentos que tratam a doença. O tratamento deveria ser conseguido com mais rapidez e mais fácil. As cirurgias deveriam ser prioridade.
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